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    Arquivo: Edição de 15-03-2009

    SECÇÃO: Tecnologias


    Porto – nasceu o Hacklaviva

    Acabado de criar no Porto – no espaço da CasaViva – por intermédio de um grupo de entusiastas, este hacklab abriu literalmente as suas portas no passado dia 27 de Fevereiro, para uma sessão de conversa, workshop e experimentação, de que se destacou a apresentação por parte de Jorge 'Casainho' Pinto dos projectos Rockbox e Rockbox Player.

    Foto HACKLAVIVA
    Foto HACKLAVIVA
    Jorge Pinto apresentou o Rockbox (http://www.rockbox.org/), um firmware de software livre destinado a ser instalado em leitores MP3 (é compatível com muitos deles, como o IPod, por exemplo), podendo ser instalado paralelamente ao firmware proprietário. O interesse, além, por exemplo, de poder ser inteiramente configurado em Português, é que recusando uma lógica proprietária, o firmware não fica refém dos DRMs, que restringem o acesso a muitos conteúdos.

    Mas a ideia, entretanto foi mais longe. É que existindo a plataforma de software (desenvolvido por um grupo de gente de vários cantos do mundo), Jorge Pinto e um pequeno grupo de desenvolvedores quer agora estender o conceito ao hardware, estando em fase de protótipo um leitor de MP3 que, libertado, dos circuitos dedicados à filtragem de conteúdos proprietários, será com certeza mais simples, eficaz e acessível.

    O funcionamento deste protótipo foi mostrado pelos seus autores na CasaViva, no dia 27, estando nele já muitas das funcionalidades implementadas. Entretanto, decorrem démarches e negociações para a comercialização futura do Rockbox Player (http://code.google.com/p/rockboxplayer/).

    O hacklab

    Entretanto, no espaço da CasaViva, vários PC's corriam, além de um velho Mac quase relíquia, com o seu proprietário MacOS, distribuições livres como Ubuntu, Debian ou Dynebolic.

    O espaço físico após algum lifting de pintura e ornamentação, foi reconfigurado para ficar mais confortável e funcional.

    Mas melhor do que nós, a palavra aos geeks e nerds (1) de serviço:

    «Hacklab? – Perguntam-nos muito de que se trata – e volta e meia nós próprios também vamos ficando com dúvidas, por isso faz sempre bem perguntar o que raio é um hacklab. Os hacklabs são espaços independentes e autónomos que têm aparecido desde os anos 80 e 90 por todo o mundo; podem ter as mais variadas formas de funcionamento e organização, mas têm em comum uma vontade de agarrar a tecnologia pelo pescoço e descobrir as coisas novas e inesperadas que se podem fazer através dos meios analógicos e digitais à nossa volta. São espaços de auto-ajuda (e hetero-ajuda sempre que é preciso), auto-geridos e motivados pelo espírito transgressor e ingénuo [engenhoso] de pessoas que gostam de se surpreender com as coisas novas que, em conjunto, se consegue inventar a partir dos meios/media existentes».

    Para mais, há que conferir: http://hackerspaces.org ou http://hacklabs.org.

    Mas, melhor ainda é a definição que de si mesmo é feita pela gente do Hacklaviva. «Hacklaviva? O Hacklaviva quer juntar-se à festa e florescer pelo meio da vontade colectiva de se juntar e sujar as mãos sorrindo. Queremos sobretudo provar, aos outros e a nós próprios, que a tecnologia pode e deve empoderar-nos [dar-nos poder], e nunca subjugar-nos. Diremos sempre que “não” quando o nosso editor de texto nos decidir sugerir o que não queremos, e vamos abrir todos os capots que virmos à frente para, de cada vez, passar a compreender um bocadinho melhor o mundo. E não tem sentido brincar sozinho: temos as portas abertas (…) e damos as boas vindas a todo e qualquer espírito curioso que queira ver e mexer em tudo isto mais de perto.

    Contra o triste estereótipo do nerd que os media decidem colar a qualquer um/uma que demonstre um bocadinho de interesse por essas máquinas esquisitas que colonizaram o nosso intelecto colectivo, o Hacklaviva propõe um espaço alternativo onde, ao mesmo tempo que se molha a boca num café ou numa cerveja, falamos sem medo sobre o digital e o analógico, e onde vamos pouco a pouco aprendendo em conjunto sobre as formas de dar a volta às relações de poder que a cultura proprietária normalizante nos força a aceitar».

    Propósitos

    Como projecto, o hacklab pugna pelo hacktivismo, defendendo a criação de ferramentas livres, e opondo-se à pressão dos lobbies privados que pressionam a classe política a criar leis que proíbam os cidadãos de usar essas ferramentas. Patentes, impostos, proibição das redes peer-to-peer, privilégios do software proprietário na administração pública, extorsão no acesso à cultura são alguns dos assuntos que o hacklab retoma da ordem do dia.

    Como resposta o hacklab encara a realização de hackmeetings, encontros de utilizadores de GNU/Linux (ou outros sistemas operativos livres e abertos), criação colectiva de media independentes e auto-organizados, conversas sobre métodos e filosofias dedicados a repensar o (des)equilíbrio de forças existente; das campanhas feitas em Portugal, Espanha e arredores; e as formas mais ou menos ambiciosas, boas e menos boas de re-edificar estratégias de acção.

    Ainda no início, o hacklab não quer contudo «dar seca». E propõe, por exemplo: «Vamos (aprender a) fazer cabos de rede, trabalhar o conteúdo do website [do Hacklaviva], pensar e concretizar formas de divulgação (flyers, cartazes, banners & outros estratagemas), reunir o material que temos e pensar o que lhe vamos fazer, pensar áudios e vídeos introdutórios, e por aí em diante.

    E se pelo meio se decidir projectar um filme ou alguma outra ideia luminosa, assim faremos :)».

    A ideia é manter encontros regulares às sextas-feiras, constando no programa do hacklab actividades já ocorridas... como:

    6 de Março

    • Apresentação do website do Trocalporto;

    • Rendimento Universal de Cidadania;

    • Python.

    13 de Março

    • Audiovisual: video, audio, pure data, OSC, noise, improv, dj, vj;

    • Arquivo audiovisual sobre a cultura livre em Portugal;

    • Freestyle jam: traz o teu instrumento analógico ou digital e siga...

    ... Ou ainda

    a ocorrer

    20 de Março

    • Comunicação solidária: o código fonte das emoções;

    • Asterisk set-up: telefonia livre;

    • Can-tenna workshop (lata pringles + USB interface = super wifi).

    Quando se quiser

    • Concretização de ideias com o hacklab, quem quiser pode propor e dinamizar o que lhe apetecer!

    Contactos: [email protected] (mas é preferido o contacto off-line, por isso larga o teclado e vai à CasaViva – Praça Marquês de Pombal, 167, 4000 Porto, metro Marquês). O site é http://www.hacklaviva.net

    1) Segundo a wikipedia, espécie de insulto :) «que, na língua inglesa, define pessoas peculiares ou excêntricas obcecadas com tecnologia, electrónica, jogos electrónicos ou de tabuleiro, etc.». Por sua vez, “nerd” «é um termo que descreve, de forma estereotipada, muitas vezes com conotação depreciativa, uma pessoa que exerce intensas actividades intelectuais, que são consideradas inadequadas para a sua idade, em detrimento de outras actividades mais populares. Por essa razão, um nerd é muitas vezes excluído de actividades físicas e considerado um solitário pelos seus pares. Pode descrever uma pessoa que tenha dificuldades de integração social e seja atrapalhada, mas que nutre grande fascínio por conhecimento ou tecnologia».

    Por: LC

     

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