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    Arquivo: Edição de 15-03-2009

    SECÇÃO: Cultura


    Valongo promove as tradicionais Procissões dos Santos Passos

    Decorrem este fim-de-semana na cidade de Valongo, as tradicionais Procissões dos Santos Passos, que contam já com 299 anos de existência, realizadas pela Confraria do Senhor dos Passos.

    Foto CONFRARIA DO SENHOR DOS PASSOS
    Foto CONFRARIA DO SENHOR DOS PASSOS
    No sábado, dia 21 de Março, pelas 21h30, realiza-se a Procissão da Senhora da Soledade, que segue o itinerário dos Passos ou Calvários: Igreja Matriz, Rua de Sousa Paupério, Rua Dr. Nunes da Ponte, Rua de S. Mamede, Praça Machado dos Santos, Rua do Padrão, Passagem, Rua do Sol e, finalmente recolha na Capela de Nossa Senhora das Neves, na referida Praça Machado dos Santos.

    No domingo, dia 22 de Março, pelas 15h30, tem lugar a Procissão do Senhor dos Passos, que sairá também da Igreja Matriz, percorre a Rua de Sousa Paupério, Rua Dr. Nunes da Ponte, Rua de S. Mamede, Praça Machado dos Santos, Rua do Sol, Rua Alves Saldanha, Rua do Padrão, Praça Machado dos Santos, Rua de S. Mamede, Rua Dr. Nunes da Ponte, Rua Conde Ferreira e faz uma posterior viragem à esquerda, em direcção à Igreja Matriz, onde recolhe.

    Na Praça Machado dos Santos integra-se na Procissão o andor de Nossa Senhora da Soledade, que ali ficará na véspera, na Capela de Nossa Senhora das Neves.

    No Lugar do Padrão tem lugar o "Sermão do Encontro”, e no decurso deste, os ouvintes assistem ao comovente encontro de Jesus com sua Mãe Dolorosa, a Senhora das Dores ou Soledade.

    A Solene Procissão dos Passos oferece aos espectadores, em quadros alegóricos e encenação dramática, o mesmo que, na Missa de Ramos foi lido no Evangelho da Paixão. Nela desfilam as figuras que intervieram no julgamento, condenação e morte de Jesus: soldados, algozes e inimigos; mas também Cireneus e amigos, Madalenas arrependidas e piedosas mulheres. O próprio Jesus, o Senhor dos Passos, levando a cruz às costas, atravessa as ruas da Cidade, como outrora percorreu as de Jerusalém.

    REFERÊNCIA

    HISTÓRICA

    A Procissão do Senhor dos Passos foi instituída no ano de 1710. Foi seu instituidor João Vieira de Mesquita, homem abastado, natural de Fânzeres.

    Este, marido extremamente ciumento, duvidava da fidelidade de sua mulher, e um dia, em que o seu doentio ciúme atingiu o auge, apoderou-se dela e levou-a para uma propriedade que possui a no lugar do Moínho do Ouro, em Valongo.

    A viagem foi dramática e penosa, pois o marido desvairado fez sua desditosa mulher, senhora de condição, percorrer a longa distância entre Fânzeres e Valongo, através de montes e vales, descalça e sob os mais humilhantes enxovalhos.

    Rodaram os anos, e a verdade desnudou-se: o marido ciumento veio a certificar-se de que havia cometido uma tremenda injustiça, pois sua mulher sempre havia sido esposa exemplar.

    Então, torturado pelo remorso, o marido arrependido decidiu, para desagravo do seu erro, instituir uma confraria que recordasse à posteridade os passos dolorosos da sua desventurada mulher.

    E assim nasceu a Confraria do Senhor dos Passos, também conhecida pela designação de Confraria dos Santos Passos.

    Esta Confraria tem capela privativa, que fica situada ao lado da Igreja Matriz de Valongo. Nessa capela está sepultado o seu instituidor. Uma pedra, com uma inscrição, cobre a sua sepultura, aberta no meio do pavimento.

    Esta capela tem um altar com três santuários com as imagens da Senhora da Soledade, Senhor dos Passos e Senhor "Ecce Homo", respectivamente à esquerda, ao centro e à direita.

    Os três santuários são encimados por um "Calvário" que outrora era composto por sete figuras em tamanho natural. Presentemente nele estão colocadas outras imagens provenientes de "passos", que tendo sido edificados pela piedade dos homens foram depois demolidos pelo camartelo do... progresso.

    Graças ao bairrismo do povo de Valongo e à generosidade de algumas famílias ilustres da cidade, entre as quais é dever destacar a família Alves Saldanha, a Confraria do Senhor dos Passos foi sucessivamente enriquecida com valiosas alfaias, que pela sua riqueza e valor artístico podem, sem qualquer exagero de bairrismo, considerar-se como das melhores, no género, do País.

    Entre essas alfaias destacam-se: a túnica do Senhor dos Passos, que é de veludo roxo, bordado a ouro; o vestido e o manto da Senhora da Soledade, que são de finíssima seda, também bordados a ouro; o pálio, feito de gorgorão roxo belamente bordado a ouro e prata.

    Este último é uma peça de valor inestimável que, só por si, constitui legítimo orgulho para a cidade de Valongo. Foi ofertado à Confraria, em 1905, pelo falecido e ilustre valonguense João Alves Saldanha.

    Por: J. Miguel Galaghar

     

     

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