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    Arquivo: Edição de 30-09-2008

    SECÇÃO: Editorial


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    Ser solidário hoje

    Já lá vai o tempo em que alguns acreditavam que oferecendo umas migalhas do que lhes sobrava compravam um lugar no Céu…

    Porém o Céu nunca esteve à venda e a necessidade da existência dos “pobrezinhos” não faz cá falta nenhuma.

    No entanto os pobres existem e são cada vez em maior número. A desigualdade na distribuição da riqueza a nível mundial é cada vez maior, criando um fosso cada vez mais profundo entre os ricos e os pobres.

    No início deste ano a Comunicação Social chamou a atenção para o aumento da pobreza e como ela se reflectia nas faixas etárias mais desprotegidas, as crianças e os idosos.

    Estudos recentes mostram que aumentou o número de idosos mal alimentados.

    Qualquer ser humano não pode ficar indiferente a estas situações.

    Socorrer, ajudar, contribuir de todas as formas para minimizar situações de risco continua a ser preciso e urgente, mas não chega. É preciso erradicar a pobreza, combatê-la, com a mesma determinação com que se combate uma praga, uma peste.

    Os diagnósticos estão feitos, será que queremos mesmo combater a pobreza?

    A pobreza é muitas vezes identificada pelo seu lado mais visível: a ausência de bens materiais mais elementares para a sobrevivência do ser humano. No entanto a pobreza não se resume apenas à ausência de bens materiais, mas a toda uma «situação existencial, para a qual concorrem não só as necessidades materiais, mas também elementos de ordem psicológica, social, cultural, espiritual, etc., que, em conjunto, geram uma condição existencial que afecta os mais diversos aspectos da vida e da personalidade, bem como a relação do pobre com outros e com a sociedade em geral». (1)

    A situação de pobreza é a negação dum direito universalmente reconhecido, o direito à liberdade.

    E lutar pelos direitos humanos é uma questão de cidadania e de solidariedade.

    Mas a solidariedade não se limita a esta luta fundamental, ela terá que se afirmar em todo o nosso quotidiano.

    Nunca como hoje a ausência de solidariedade, nos empregos, na família, nos amigos, nos vizinhos, é tão notada e pertinente.

    Nos objectivos elaborados pela Unesco para a educação no século XXI saliento o seguinte: “Aprender a viver juntos”.

    Todos nós necessitamos dos outros e os outros necessitam de nós, e é nesta partilha que acredito na construção de um mundo melhor.

    Passou por Ermesinde a Chama da Solidariedade, um acto significativo, que dá visibilidade às associações de solidariedade social e ao trabalho por elas desenvolvido. É importante mas é pouco, penso que não olhamos para estas instituições com a solidariedade que elas merecem.

    Mas há ainda outro tipo de solidariedade, mais profunda, que nos mantém vivos e com força para enfrentar a vida no dia a dia, cantada por José Mário Branco:

    Ser Solidário assim pr’além da vida

    Por dentro da distância percorrida

    Fazer de cada perda uma raiz

    E improvavelmente ser feliz

    (...)

    Ser solidário assim tão longe e perto

    No coração de mim por mim aberto

    Amando a inquietação que permanece

    Pr além da inquietação que me apetece

    (...)

    (1) Um Olhar sobre a Pobreza”, Alfredo Bruto da Costa (coord.) e outros, Gradiva, 2008

    Por: Fernanda Lage

     

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