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    Arquivo: Edição de 15-03-2008

    SECÇÃO: Cultura


    Papel da mulher na sociedade em debate 

    Fotos URSULA ZANGGER
    Fotos URSULA ZANGGER
    Dedicado ao Dia Internacional da Mulher, decorreu no passado dia 10 de Março, na Sala Polivalente da Biblioteca Municipal de Valongo, um debate subjacente ao tema: “A Mulher – o papel da mulher na sociedade e a sua evolução histórica – uma abordagem significativa”. Rosa Madeira, docente na Universidade Nova de Aveiro e investigadora na área do papel das mulheres na sociedade foi convidada a promover a discussão.

    A investigadora começou por chamar a atenção para a «existência de vários papéis atribuídos à mulher na sociedade actual e não apenas de um, todos eles com igual relevância e hierarquia. Papéis estes que foram atribuídos à mulher ao longo do tempo, e são exemplos disso a criação e educação dos filhos, a gestão da vida doméstica e a gestão das relações pais/filhos, o que, consequentemente, levou a que estas fossem remetidas para o espaço privado.

    Hoje em dia, as mulheres têm já um papel no espaço público, no entanto este mantém-se invisível. O problema é que o Estado deu à mulher um papel subalterno, negando-lhes o reconhecimento e a voz», refere Rosa Madeira.

    Foi assim lançado o mote para organizar os tipos de espaços em que a mulher se move: o espaço doméstico, o espaço do mercado e o espaço mundo.

    Relativamente ao espaço doméstico, a investigadora revela que estudos recentes apontam para uma enorme disparidade para o tempo reservado ao descanso, entre homens e mulheres.

    «HOMENS FICAM

    COM AS TAREFAS

    SOCIAIS»

    «Apesar de a Constituição da República afirmar que somos todos iguais, a mulher continua a trabalhar muito mais, isto porque a distribuição das tarefas é ainda bastante desigual. As mulheres é que ficam com a tarefa de alimentar os filhos, de lhes dar banho e levar ao médico, enquanto os homens ficam com as tarefas sociais, encarregues de brincar com os filhos, de os levar ao parque e de os levar à escola, por exemplo».

    Aos homens está associado o facto de sustentarem a família, uma vez que auferem salários mais elevados, mas não podemos esquecer que a mulher, ao realizar as tarefas domésticas, está também a ganhar dinheiro. A conferencista acrescenta ainda que, apesar de terem a seu cargo todas as tarefas domésticas, «na realidade as mulheres mostram predisposição para trabalharem mais horas no emprego e, na maioria das vezes, não são pagas».

    Relativamente ao espaço do mercado, a convidada realça o papel da publicidade na construção de estereótipos. «A publicidade humilha as mulheres porque as relega para o espaço doméstico. Por exemplo, quando há anúncios a detergentes, as mulheres são as protagonistas». Por fim, lança ao público o desafio de observar criticamente a posição das mulheres na imprensa e os papéis que lhes são atribuídos.

    «A GLOBALIZAÇÃO

    TROUXE NOVAS

    REALIDADES»

    foto
    No que diz respeito à mulher no espaço mundo, a docente mostra-se mais optimista. «O facto de termos consciência das desigualdades entre géneros dá--nos a possibilidade de reinventar tudo, e é nos tempos de crise que surgem as grandes possibilidades de mudança. A globalização trouxe novas realidades. Talvez daqui a uns tempos possamos falar da problemática da mulher e do homem como se a humanidade fosse uma só, porque ainda não o é», acrescenta a conferencista.

    Foram também convidadas a participar neste debate duas turmas do Ensino Secundário: uma pertencente à Escola Secundária de Ermesinde, a outra oriunda da Escola Secundária de Valongo. Esta iniciativa, promovida pela Biblioteca Municipal e pela Câmara de Valongo, visou «sensibilizar o público juvenil para o papel que a mulher tem actualmente na sociedade e para as novas formas de pensar e actuar», referiu Isaura Martinho, responsável pela Biblioteca de Valongo.

    Ao jornal “A Voz de Ermesinde”, Rosa Madeira deixa um apelo para todas a mulheres que lutam por uma sociedade paritária: «Interessem-se pela esfera pública, sejam mais participativas e mais capazes de acompanhar os homens na vida activa, lutando ao seu lado!».

    Por: Teresa Afonso

     

     

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