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    Arquivo: Edição de 15-03-2008

    SECÇÃO: Desporto


    Augusto Mouta fala do passado, presente e futuro do CPN

    Voltou à liderança do CPN a 1 de Junho passado, após um interregno de seis anos, impedindo desta forma que o clube caminhasse para um vazio directivo, cenário que na altura ganhava contornos cada vez mais evidentes na sequência da saída de Raul Santos da presidência e da ausência de qualquer lista para formar uma nova Direcção.

    É frontal, disciplinador, e ambicioso em fazer com que o CPN seja cada vez maior. Mas para já é tempo de continuar a “limpar” a casa, como faz questão de afirmar, pois quando aqui chegou ela estava um caos! E neste aspecto não poupa críticas ao desempenho do seu antecessor, Raul Santos, na sua voz o principal responsável pela desorientação em que o clube andou nos últimos seis anos.

    A Voz de Ermesinde pôde constatar tudo isto na conversa que manteve recentemente com Augusto Mouta, que amavelmente nos abriu as portas da sede do CPN, local onde se desenrolou esta entrevista.

    Fotos MANUEL VALDREZ
    Fotos MANUEL VALDREZ
    «O meu regresso ao CPN deve-se essencialmente a dois factores: em primeiro lugar este clube é como um filho para mim, modéstia à parte fui eu que lhe dei o ser, pois estive aqui 12 anos consecutivos como presidente (de 1989 a 2001), em segundo lugar verifiquei que tinha de voltar porque infelizmente ninguém queria tomar conta disto, e enquanto eu viver o CPN nunca será dirigido por comissões administrativas como parecia que iria acontecer». É desta forma simples e prática que Augusto Mouta explica as razões do seu regresso a um clube ao qual dedicou muitos anos da sua vida, a uma casa que ajudou a construir, como toda a gente sabe, sendo o actual complexo desportivo o exemplo mais relevante do que acabámos de dizer, pois foi construído durante a sua gestão.

    E neste seu regresso ao CPN Mouta pretende deixar novamente a sua marca, mas para já é tempo de continuar a arrumar a casa, uma tarefa árdua, mas que tem vindo a ser cumprida desde que em Junho último voltou a assumir os destinos do clube. E assim tem sido porque, segundo o nosso entrevistado, o CPN estava um verdadeiro caos quando ele tomou posse. E é aqui que Augusto Mouta começa a fazer duras críticas à gestão do seu antecessor na presidência cepeenista, Raul Santos. Lembra antes do mais que na altura em que deixou a presidência do CPN, por motivos de cansaço, consequência de 12 longos e intensos anos de trabalho, convenceu o então seu vice-presidente, Raul Santos, a suceder-lhe no cargo máximo de dirigente do clube. Mouta recorda que na época prometeu a Santos – que aceitou o desafio de assumir os destinos do emblema ermesindense – total apoio naquilo que este precisasse, ficando desde logo assente que teriam um almoço mensal com o intuito de discutir assuntos relacionados com o CPN, como forma de Mouta dar o tal auxílio prometido a Santos. «Só que de um momento para o outro comecei a notar um certo tipo de atitude da parte do Raul Santos, ou seja, o CPN para mim não tinha segredos e de repente passou a ter. Comecei a notar que ele estava a distanciar-se. O “copo de água” entornou quando comecei a ver que ele deixou de ser aquilo que era em relação à minha pessoa, mais precisamente na altura em que foram lançados os azulejos (autografados por diversos amigos do CPN) na piscina, tendo eu pedido que ele me reservasse doze para mim e para a minha família. Qual o meu espanto quando vi que esses azulejos foram atribuídos a outras pessoas e não a mim. Fiquei triste com esta atitude, senti-me apunhalado pelas costas por um homem em que eu confiei. É bom que se diga que esse homem foi o meu braço direito durante 10 anos», relembra com mágoa.

    E para Mouta o principal lesado destes seis anos de presidência de Raul Santos foi o próprio clube, que no seu entender andou num devaneio completo.

    CINCO

    CLUBES DENTRO

    DO MESMO CLUBE

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    «Quando falo em devaneio quero dizer com isso que pensei que o Raul Santos iria ter uma dinâmica diferente à frente do clube, mas não foi isso o que vi quando cá cheguei. E o que vi eu? Vi cinco clubes cá dentro, pois convém referir que ele deu autonomia às secções. E isso aconteceu porque infelizmente ele não teve capacidade para gerir o clube. Ele só tem capacidade para ser um número dois e nunca um número um, como bem ficou demonstrado».

    Mouta explica, que na sequência desta autonomia, cada secção fazia o que bem lhe apetecia. E sustenta a sua palavra com números que constam no último relatório e contas do clube, que diz que a secção de basquetebol apresentou um passivo de 26 100 euros, enquanto que o passivo do andebol era de 2 828 euros.

    Isto a juntar a outras dívidas que o CPN contraiu ao longo destes anos, com o total do passivo a ultrapassar os 49 mil euros. «Se as secções eram autónomas deveriam assumir as suas responsabilidades, ou seja, se elas são autónomas não deveriam constar no relatório e contas», opinou Mouta.

    Relembra ainda que depois de ter tomado posse, resolveu fechar o clube no mês de Agosto para manutenção e o que viu então foi alarmante, com evidência para inúmeros aparelhos (essenciais para o funcionamento da psicina) danificados, entre os quais caldeiras que não funcionavam.

    REORGANIZAR

    O CLUBE

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    Com este cenário a Direcção comandada por Mouta arregaçou as mangas e tratou de começar a curar as feridas, digamos assim, que o clube apresentava. E neste campo o novo presidente, juntamente com a sua equipa directiva, fez uma autêntica revolução. «Tínhamos 19 monitores, hoje temos 9, não se justificava que existissem monitores que aqui vinham fazer apenas uma hora por dia, isso não se justificava em termos de despesa monetária. A nova Direcção reorganizou tudo, pois isto estava um caos, e hoje temos pessoas a fazer três, quatro, horas diárias, e com isso há uma rentabilidade maior. Fizemos redução de salários dos funcionários (redução em 470 euros mensais). Reorganizámos toda a parte da Secretaria, e hoje o clube funciona como uma empresa. Comprámos um computador. Comprámos uma manta para cobrir a piscina quando esta não está a ser utilizada, e com isso poupamos na conta do gás (houve uma redução de 20% na factura mensal), que é onde gastamos mais dinheiro ao fim do mês. Todo este envestimento rondou os 16 210 euros».

    Em contrapartida o clube conseguiu algumas receitas extraordinárias, mais concretamente com o aumento da quota dos praticantes de natação (pagam agora 10 euros por mês), de karaté (passam a pagar 5 euros mensais), e com o aluguer do ginásio (2 500 euros mensais) no interior das instalações do clube. Tudo junto dá uma receita aproximada de 3 000 euros, segundo o presidente cepeenista.

    «Além de reduzirmos aos custos aumentámos às receitas. Já pagámos a maior parte das dívidas, e dentro de dois ou três meses teremos as coisas a rolar e isto começará a dar lucro. Se não der lucro pelo menos não dará prejuízo como deu com a anterior Direcção».

    Gestão rigorosa é o que Augusto Mouta pretende continuar a implementar no CPN, pois na sua óptica só com a tal gestão rigorosa é que o clube pode cumprir com as suas obrigações ao fim do mês.

    O FUTURO

    DO CPN...

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    E depois de “limpar” a casa, o próximo passo de Mouta e seus pares será a construção do novo pavilhão do clube, que ficará, como se sabe, na zona de Sonhos. Um projecto que vem já do tempo de Augusto Mouta enquanto presidente do CPN e que, com Raul Santos, ficou, na voz do actual presidente, fechado na gaveta. «Lembro que na altura do lançamento da primeira pedra esteve cá o secretário de Estado do Desporto, o Miranda Calha. Depois, eu saí da presidência do clube e tudo ficou parado. Inclusive fez-se a limpeza do terreno há bem pouco tempo, pois aquilo estava uma vergonha. E desde já aproveito aqui para agradecer aos Bombeiros de Ermesinde, em particular ao seu presidente, Artur Carneiro, por nos terem ajudado nessa limpeza. Após ter limpo a casa queremos ver se ainda este ano avançamos para a construção do pavilhão. E para isso vamos, como é evidente, pedir a ajuda de todos, da cidade, da Câmara de Valongo, do Estado, e de amigos do CPN, pois sem essas ajudas não iremos conseguir construir uma obra dessas. Penso que o pavilhão vai ser uma realidade com a tal ajuda de todos, tal como o fizeram na construção da piscina».

    Depois do pavilhão pronto o clube pretende entregá--lo à autarquia e em troca receber o actual Pavilhão Gimnodesportivo de Ermesinde que, como é sabido, fica mesno ao lado do complexo desportivo do CPN. Vai ser digamos que troca por troca. E assim será porque o CPN quer ver agregado no mesmo espaço todo o seu complexo desportivo. «Muitos dirão que trocar um novo pavilhão por um velho não é uma boa ideia, mas enganam-se, pois o clube pode ficar a ganhar, já que com isso o actual complexo ficará maior, ficará tudo aqui agregado. Além disso ficaremos com mais tempo e espaço para as nossas modalidades de pavilhão treinarem, pois um dos problemas com que nos temos debatido é a falta de tempo e espaço para usar o pavilhão, pois como se sabe Ermesinde tem muitas colectividades a utilizá-lo».

    CONTINUAR

    A APOSTA

    NA FORMAÇÃO

    Em termos desportivos Augusto Mouta não tem dúvidas quanto ao caminho a seguir pelo CPN nos próximos anos, ou seja, continuar a apostar na formação de homens e mulheres.

    E quando falamos em formação não o dizemos apenas no plano desportivo mas também no plano cívico, como Mouta faz questão de sublinhar. «Queremos formar homens e mulheres, este foi e será sempre o lema do clube. Dar desporto a jovens desde tenra idade, fazer deles não só grandes atletas como principalmente homens e mulheres.

    Ajudá-los a seguir uma vida sadia e que saibam que terão sempre as instalações do CPN à sua disposição para cuidar do seu corpo.

    Os títulos desportivos vêm por acréscimo. É óbvio que eu quero sempre ganhar, mas esse não é o principal objectivo do clube», frisa o líder cepeenista.

    A terminar, Augusto Mouta sublinha mais uma vez a necessidade de o clube funcionar como um todo e não individualmente, ou seja, cada secção trabalhar isolada do resto do clube.

    «Se não houver uma cabeça, que comande o clube de cima para baixo, e que seja auxiliado por uma óptima Direcção, como a que eu tenho neste momento, nós não funcionamos.

    Quem quiser que assim seja é bem vindo a este clube, quem não quiser pode sair, como aliás, muitos elementos de secções do tempo do Raul Santos fizeram, não aceitaram estas condições e foram-se embora», avisa Augusto Mouta.

    Por: Miguel Barros

     

     

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