Júlio Machado Vaz no Fórum Cultural para conferência sobre orientação sexual
Os psicólogos Júlio Machado Vaz e Gabriela Moita estiveram, no passado dia 21 de Novembro, no Fórum Cultural de Ermesinde, para uma conferência, organizada pela Agência para a Vida Local, sobre “A Orientação Sexual e @s Jovens”, integrada nas comemorações do Ano Europeu da Igualdade de Oportunidade para Tod@s.
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Fotos URSULA ZANGGER |
Júlio Machado Vaz começou por afirmar que quando se fala em sexualidade, há uma tendência para ver o mundo a preto e branco. “Tem” que se ensinar as crianças a agir de acordo com a norma. Mas se as coisas fossem tão simples não haveria tantas leis na área da sexualidade, considerou o reputado sexólogo.
Júlio Machado Vaz chamou a atenção para a transitoriedade dos valores com que é seguida a sexualidade.
Por exemplo, em certas sociedades o que era “vergonhoso” era ser passivo, mesmo na referência a actos heterossexuais.
«A nossa gaveta é sempre a gaveta dos normais», tudo o resto sendo aberrações. Quando muito usamos a superioridade da tolerância.
E é preciso arrumar. Por isso se criaram designações específicas para as pessoas que sentem atracção pelos dois sexos, e “interessa” saber qual é a atracção dominante.
Depois há todo um edifício de construções forjadas. E deu como exemplo, a instituição castrense, que defende que os homossexuais são cobardes.
O «não sejas maricas!» ilustra bem este estereotipo.
O sexólogo falou depois da caminhada desde o “crime” à “doença”, este ferrete, apesar de tudo, já aceite por muitas pessoas homossexuais como um alívio.
Gabriela Moita falou dos valores que são supostos. «O seu filho já casou?» é o exemplo da pergunta sacramental, estando fora do que é expectável o encantamento por alguém do mesmo sexo.
Aquilo que hoje é “apenas” feio, já foi, contudo, pecado, doença e mesmo crime, na nossa sociedade. As pessoas são diferentes umas da outras, referiu a psicóloga, e podem sê-lo em tudo, até na sua sexualidade, mas o meio à sua volta, quando divergem da norma, é geralmente hostil e adverso.
Não admira pois que essas pessoas tendam a levantar mecanismos de defesa, que levam frequentemente ao isolamento e, por vezes, mesmo ao suicídio.
A patologia das pessoas homossexuais não tem nada a ver com a própria pessoa, mas com o que o olhar dos outros provoca.
João Paulo Soares Pereira, especialista de Psicologia e Psiquiatria Médica foi o moderador da Conferência, tendo iniciado as intervenções referindo, entre outras coisas, que Portugal é o país da Europa com maior número de novos casos de sida por ano. E avisou também, com base em vários estudos recentes sobre o assunto, que «os heterossexuais escondem mais o seu estado de seropositividade do que os homossexuais».
No final houve lugar a um breve período de perguntas da assistência.
Por:
LC
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