MOSTRA INTERNACIONAL DE TEATRO
O último dos últimos
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Foto URSULLA ZANGGER |
Farsa cheia de encanto, “O Contrabaixo” é um monólogo interessantíssimo do que revela dos meandros da mente de um músico de segunda classe.
Duas coisas há no texto de Patrick Suskind que são dignas de nota: Primeiro, a erudição em matéria musical, ou pelo menos a sua aparência. Segundo, o conhecimento igualmente notável da psicologia de uma personagem medíocre, interpretada nesta produção das Visões Úteis, de forma soberba.
Há momentos de humor muito refinado, surpresas que apanham o espectador desprevenido, como por exemplo quando o “talentoso” músico abre a caixa do contrabaixo onde se guardam, fresquinhas (?), dezenas de garrafas de cerveja, a verdadeira paixão, avassaladora e incontornável, do protagonista, claro está, além da que nutre por Sara, a soprano da Orquestra, que parece estar agora em ascensão e pela qual ele sente um não revelado amor que tenciona um dia, quem sabe, proclamar, num gesto heróico, interrompendo de rompante a orquestra e trazendo-lhe a fama e a glória que sempre parecem escapar-lhe em favor de outros.
Particularmente exuberante a expressividade do intérprete, o MIT fechou neste dia uma jornada de monólogos felizes em torno de personagens mais... ou menos neuróticas.
Ficha Técnica
Texto: Patrick Suskind
Dramaturgia e Direcção: Ana Vitorino, Carlos Costa, Catarina Martins e Pedro Carreira
Direcção Musical: João Martins
Interpretação: Pedro Carreira
Por:
LC
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