Subscrever RSS Subscrever RSS
Edição de 31-03-2024
  • Edição Actual
  • Jornal Online

    Arquivo: Edição de 30-10-2007

    SECÇÃO: Cultura


    AVE Jovem

    Exterior...

    No exterior o sol queima os poros da pele e faz fechar os olhos. O vento corre leve e mistura-se num leve sorriso sozinho. Ouve-se o chegar da Primavera e a cor esbate-se levemente na nossa memória.

    Lá fora, os passos perdem-se por entre as árvores e alguns sonhos quietos. Está calor. Tudo o que os outros fazem vem de encontro a nós. Tudo o que os outros são nós somos um bocado cá dentro. Captamos as suas essências, somos fracos e abertos ao universo em redor. Como se tivéssemos antenas em cima da nossa cabeça que recebem informação e a processam de forma rápida e eficaz. Somos o produto do meio e o meio é nós. Como linhas que se entrecruzam em muitos pontos do ser. A energia circula pelos corpos e deixa pedaços de influência em muitos recantos. E cria personalidades e molda pessoas àquilo que é. Lá fora, os sons misturam-se no ar e existem quilómetros que se perdem no horizonte.

    Por: Daniela Ramalho

    A vontade

    E é a mesma vontade, que me leva a encolher o sono e desfilar palavras em linhas inexistentes. É a mesma vontade. Depois de ver imagens, que os olhos não viram mas visionaram, as horas não continuam as mesmas. Há horas atrás, o tempo parecia perder-se numa magnitude desconhecida. Mas agora, há a vontade. A mesma vontade que me faz desfilar estas palavras sobre linhas inexistentes. Já o disse. Repito

    Repito como as pessoas voltam a repetir coisas que estão fora de mim. Não se questionam, não têm uma consciência capaz. Voltam a fazer os mesmos erros até ao limiar da loucura. Talvez da estupidez. Talvez não, é estupidez. Talvez seja um pouco loucura e estupidez misturados, que movem todos os centros dos corpos, puxando-os como a força gravítica, para baixo. Um baixo tão baixo, que chega a tocar a podridão das coisas apodrecidas e esquecidas pelo tempo. Cobertas por camadas e mais camadas. E essas mesmas camadas feitas de pedra e aço que deviam deixar solitária a podridão, são as mesmas camadas que são penetradas facilmente pelo bicho corrosivo, que somos nós.

    Eu tenho a vontade, mas não tenho a força de colocar mais camadas de aço por cima da podridão. E eu canso-me ao ver que outros que têm esta vontade, já o tentaram em vão. Há sempre pessoas que lhes sobem às costas e lhes cortam as pernas.

    Eu tenho a vontade, a mesma vontade que não só e faz desfilar as palavras, mas também me faz desfilar pensamentos bonitos, em que todos somos um só, e no ar existem melodias que nos fazem explodir de emoção e de amor ao próximo. Aquele sentimento que é sentido em situações muito extremas, em que quase somos capazes de abraçar este ou aquele.

    Chega a ser uma utopia mal amada e triste, que recolhe em mim com um tom desconcertante de impossibilidade. E as horas escorrem em mim, e em todos nós, porque tal como para mim as horas já passaram mais devagar, para todos nós, elas há muito que já não andam ao nosso passo. A nossa hora está a morrer vitima de incompreensão crónica, vitima de pessoas que teimam em penetrar na podridão, só para mostrarem ao mundo que conseguem transpor barreiras de aço.

    É a hora, como já dizia alguém, da vontade transpor o idílico…

    São palavras desfiladas com trajes de revolta, por entre lágrimas que me lavam por fora e me expõem por dentro.

    São palavras feitas da mesma vontade, a mesma vontade que devia ser universal.

    Por: Sofia Nunes

     

     

    este espaço pode ser seu Este espaço pode ser seu Este espaço pode ser seu
    © 2005 A Voz de Ermesinde - Produzido por ardina.com, um produto da Dom Digital.
    Comentários sobre o site: [email protected].