Elas fazem-no... a convite
Editada por Daniel Maia, a revista ou fanzine “AllGirlz” pretendia «divulgar o trabalho de autoras portuguesas de Banda Desenhada, sejam estas iniciadas na matéria, semi-profissionais ou profissionais, desta área ou de outras ligadas às artes».
Do primeiro número foram tirados 200 exemplares, e nele participaram (por ordem alfabética) Ana Biscaia, Ana Freitas, Andreia Rechena, Carla Pott, Cláudia Dias, Joana Lafuente, Joana Pereira, Joana Sobrinho, Rosa Baptista e Sara Mena Gomes.
Alain Corbel assinou o guião da obra desenhada por Carla Pott, e Ricardo Silva assinou a meias o guião da de Sara Mena Gomes.
Embora o projecto não tivesse sido de iniciativa feminina, a descoberta e divulgação de alguma produção feminina na área da Nona Arte pareceu interessante. O projecto pretendia afirmar-se fazendo editar três números por ano, mas Daniel Maia ficou um pouco aquém desse objectivo.
Disso mesmo fala o editor na sua página dedicada ao projecto http://danielmaia.com/allgirlz.htm.
Segundo o editor, a diversidade de propostas levou a separar bem o material entretanto recolhido, que deveria integrar um segundo número do fanzine mais dedicado a uma estética “indie” e um terceiro (e quarto) à manga e cartoons. Sendo demasiado diferentes para conviverem num único número, foram, por sua vez, incapazes de preencherem quer um quer outro dos projectados fanzines. Parece que, finalmente, o número 2 estará para breve, promete Daniel Maia, que não pretende, apesar do atraso, abandonar o projecto.
O n.º 1 da “All-Girlz” merece bem a atenção dos fãs da BD. Muito bem produzido, contempla, no seu final, uma breve e preciosa apresentação das (e dos) participantes (texto “Allgirlz de A a Z).
A qualidade dos trabalhos apresentados é um pouco díspare.
Graficamente destacam-se Carla Pott (obra com guião de Alian Corbel, “A Viagem de Guida”), que revela um notável sentido ilustrativo – a autora, nascida em Moçambique, teve formação em Ilustração e Gravura (em Praga), revelam as notas, que apenas confirmam um potencial óbvio.
“O Mensageiro”, de Andreia Rechena é também uma obra gráfica e conceptualmente mente madura. A autora estudou Tecelagem e Serigrafia e, mais tarde, Ilustração e Banda Desenhada.
Outra das propostas que nos agradou muito foi “Diário de um diletante”, de Cláudia Dias, que apresenta uma peça produzida com uma técnica litográfica que sublinha o contraste preto e branco. A autora, estudante de Design, tem também formação em Banda Desenhada.
E embora não se trate propriamente de Banda Desenhada, pois não há aqui nada de pelo menos obviamente sequencial, também se destaca o contributo de Ana Biscaia, “Rosa que Fuma”, que usa aqui uma técnica de raspagem sobre um fundo preto, à maneira da xilogravura.
Por:
LC
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