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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 30-03-2007

    SECÇÃO: Opinião


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    A polémica dos grandes investimentos

    E de repente, a política portuguesa parece ter animado. O Governo, com maior ou menor contestação, continua a promover as reformas de que o País carece e a Oposição à direita vive, internamente, momentos de agitação não tendo, ainda, encontrado a orientação certa de como fazer verdadeira oposição ao Governo Socialista.

    É certo que é difícil fazer oposição a um Governo que tem maioria absoluta na Assembleia da República, mas também é verdade que o Governo Socialista está a legislar em áreas que eram, tradicionalmente, caras aos Partidos mais conservadores.

    Os Partidos à esquerda do PS, não deixando de contestar algumas das políticas do Governo, no fundo, reconhecem que algumas das reformas em áreas do Estado Providência se tornam necessárias em nome da sobrevivência desse mesmo Estado.

    Tudo isto, é certo, com sacrifício dos trabalhadores que têm visto os seus salários diminuírem e algumas empresas a encerrarem. Mas se fizermos uma leitura fria dos números que as diversas sondagens vêm apresentando, verificaremos que o sacrifício e o esforço pedido pelo Governo está a ser compreendido pelos portugueses que lhe dão o benefício da dúvida em nome de um futuro melhor e de um País mais próspero. Outros países vivem, ou viveram, situações idênticas ou, porque não dizê-lo, bem piores. E se o mal dos outros não nos conforta é, no entanto, um paradigma a que os portugueses não são insensíveis.

    Os dados recentes divulgados apontam para uma redução do défice das contas públicas do País acima do previsto pelo próprio Governo. E o debate político está hoje centrado nas propostas daqueles que acham que o relançamento económico passa pela baixa dos impostos, e a posição do Governo que entende que é preciso não "estragar" o que foi conseguido e o lançamento de projectos que irão animar a economia do País, criar postos de trabalho para absorver uma parte dos desempregados, nomeadamente os quadros jovens licenciados que desesperam por encontrar o primeiro emprego. A propósito da redução do défice de 3,9 do ano passado, bem abaixo dos 4,6 previstos no Orçamento de Estado o Comissário Europeu para os assuntos económicos da Comissão Europeia, Joaquin Almunia, refere que "o esforço de contenção orçamental valeu a pena", mas lembra que deve continuar.

    Pese embora o relançamento económico passar muito pela vontade e condições oferecidas ao mundo empresarial para a criação de novas empresas, não deixa de ser importante o papel do Estado na animação da economia. E o Governo tem em carteira dois grandes projectos: o TGV e a construção de um novo aeroporto e … as verbas do novo Quadro Comunitário de Apoio (QREN).

    E as oposições sabem que o rumo do País com a redução do défice e o crescimento do PIB em consequência do crescimento da economia é meio caminho andado para uma nova vitória de Sócrates em próximas eleições legislativas.

    E um novo ciclo político se iniciará então onde, à estabilidade política, se deverão juntar, certamente, iniciativas como a regionalização, instalação de novas empresas e a criação de novos postos de trabalho, com requalificação profissional dos trabalhadores e maiores preocupações sociais, nomeadamente no combate à exclusão social.

    Daí a polémica que, recentemente, renasceu a propósito da localização do novo aeroporto na OTA. Trata-se de um investimento vultuoso e por isso os seus custos carecem de ser cuidadosamente avaliados bem como a sua localização, por forma a evitar derrapagens nos orçamentos e garantir capacidade de alargamento no futuro.

    A propósito não deixo de recordar a opinião de um antigo Primeiro-Ministro que, preocupado, então, com as questões sociais, reconhecia a necessidade de o País, periodicamente, ter uma grande "obra" que pudesse absorver a mão de obra não qualificada, no desemprego e localizada, em grande parte, nos grandes dormitórios e bairros sociais das Áreas Metropolitanas do Porto e de Lisboa, evitando-se, assim, o risco de explosões sociais. E a verdade é que esse risco existe.

    Não somos especialistas na matéria e daí não sabermos quem tem razão. Aquilo que apreendemos vem dos vários debates e informações que nos chegam através da comunicação social. E tudo aponta para a inquestionável certeza quanto à necessidade de um novo aeroporto. O problema parece residir na localização. Mas também aqui os vários Governos de diversas cores promoveram, em devido tempo, estudos, que custaram rios de dinheiro ao País, e que apontam para a sua localização na OTA. Há um tempo para estudar as propostas, um tempo para as discutir e, finalmente, decidir. É isso que agora se reclama do Governo.

    Por isso as diversas forças políticas deveriam entender-se quanto aos projectos que são verdadeiros "desígnios nacionais", nomeadamente os orientados para a modernização do País e o seu relançamento económico. É a credibilidade da classe política que está em causa.

    O CCB, a EXPO/98, o Alqueva, o Euro/2004, para falar só em alguns dos grandes projectos, são exemplos, pela negativa, da postura das várias forças políticas perante os grandes desafios colocados ao País. Porque será que todos os grandes projectos são envoltos em polémica?

    Deixo a resposta para o leitor.

    Por: Afonso Lobão

     

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