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Edição de 30-04-2024
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    Arquivo: Edição de 30-09-2006

    SECÇÃO: Local


    CARTAS AO DIRECTOR

    A revolta dos esquecidos

    A vida nem sempre é como queremos...

    Fui um jovem que, aos vinte anos, pensava que era a hora de aproveitá-la, gozá-la e porque não?, explorar ao máximo todo o júbilo da adolescência, e por incrível que pareça, vejo-me num teatro de guerra onde a minha sensibilidade de jovem só me dizia que estava metido num assunto que nada tinha a ver comigo.

    E porquê? Porque embora fôssemos obrigados, tinha na mente que o que eu ia fazer nada tinha a ver com processos que eram para proteger certos indivíduos que ainda pensavam – mal, mas pensavam – que ainda continuava a escravidão do século XIX.

    Mas enganaram-se. Por Deus, a escravatura já tinha acabado, mas enfim, embora com os acontecimentos da vida social do Mundo – mesmo com todos os conflitos – o ser humano soube dar a volta...

    Mas os nossos governantes não, e pelo visto os actuais governantes ainda não aprenderam a lição, ou seja, andam armados em senhores lutadores pelos direitos humanos... mas não é assim, e sabem porquê. Nós os veteranos, ou seja (os esquecidos) andámos a lutar por um ideal que nada nos dizia, ou seja, pelo ideal daqueles que tinham as roças em África, mas em que nós, crianças com vinte anos, adolescentes frustrados, éramos injectados para que nada saísse do seios dos “chefões”.

    Mas todo este processo, por incrível que pareça, ainda parece que não acabou, porque continuamos (nós os ex-combatentes) enganados e desprezados, porque quando, por acaso, aparece mais um companheiro de luta, mais um órfão a pedir ajuda, mais uma viúva a pedir com a mesma condição e – ainda pior – nos aparecem aqueles a quem os governantes desprezam e nem o dever de os tratar sentem, esses senhores andam para aí a dizer nos média que não fazem mais porque, para poder ajudar os veteranos de guerra (ex-combatentes), têm que vender o património. Mas que demagogia tão porca, meus senhores!

    Então não têm verbas para nos ajudar, mas têm verbas e altas verbas para aqueles que vão para o Kosovo, Angola, Iraque, Afeganistão, etc.? Meus senhores, lembrem-se que fomos obrigados, e agora estamos a ser desprezados. Meus senhores, tenham bom senso, porque ainda não é tarde, dignifiquem--nos, porque só assim é que a vossa dignidade de estadistas tem valor.

    Por: Luís Pinheiro (veterano de guerra)

     

     

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