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Edição de 31-05-2024
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    Arquivo: Edição de 30-06-2023

    SECÇÃO: Cultura


    ENTREVISTA COM O ENCENADOR DO GRUPO DE TEATRO “CASCA DE NÓS”, MÁRIO SÁ

    Mário Sá fala-nos do privilégio que tem sido fazer teatro ao longo de 15 anos e antevê o espetáculo (“Est1lhaço5”) que assinala esta data

    O Fórum Cultural de Ermesinde vai ser palco no próximo dia 27 de julho de um espetáculo de teatro muito especial. E assim irá ser porque desde logo assinala os 15 anos de carreira de um profissional que nos tem brindado (à comunidade ermesindense, e não só) com inúmeros “apontamentos” teatrais de grande qualidade ao leme do grupo de teatro “Casca de Nós”, uma das muitas valências da dinâmica Associação Académica e Cultural de Ermesinde (AACE). E especial também porque será o primeiro monólogo da carreira deste jovem e ao mesmo tempo experiente e talentoso encenador/ator. O seu nome é Mário Sá, e foi com ele que trocámos umas breves palavras, não só no sentido de fazer uma breve retrospetiva do que foram estes seus primeiros 15 anos de carreira, mas acima de tudo para desvendar um pouco do que irá ser “Est1lhaço5”, precisamente o espetáculo que celebra esta data tão particular para a sua pessoa enquanto profissional do Teatro.

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    A Voz de Ermesinde (AVE): Este espetáculo assinala os seus 15 anos de carreira e nesse sentido começamos por lhe pedir para fazer uma retrospetiva daquilo que foi este período enquanto profissional de teatro e já agora como é que está a viver esta celebração?

    Mário Sá (MS): A palavra de ordem destes meus 15 anos de carreira diria que é privilégio. Desde que terminei o meu curso de Interpretação na Academia Contemporânea do Espetáculo, no Porto em 2008, que tenho trabalhado sempre na área artística. Claro que há momentos de maior trabalho e outros momentos com menos, mas considero-me uma pessoa persistente, lutadora e com o meu objetivo bem focado naquilo que penso poder contribuir para a cultura em Portugal. Durante estes 15 anos, tive a honra de trabalhar em companhias de teatro conceituadas, entre elas o Teatro Experimental do Porto, o Centro Dramático de Viana, Plano 6, a Plateia D’ Emoções e outras. Na busca de me desafiar e procurar novas oportunidades, em 2013 decidi fazer provas para uma escola de Teatro em Londres na qual estudei dois anos, regressando a Portugal ainda com mais sentido de responsabilidade, disciplina e de fazer mais e melhor. A área da encenação surgiu ainda durante o meu curso de Interpretação, no qual comecei a dar formação a um grupo de Teatro Amador, Pé no Charco, na Maia, pelo qual me apaixonei pela dedicação e entrega que os amadores dão a cada projeto, sendo esta área uma constante no meu percurso.

    Um dos momentos marcantes foi a minha estreia como ator em cinema, em 2021, em “Sombra” de Bruno Gascon e que foi rodado em plena pandemia com uma equipa extraordinária, na qual retive muitos ensinamentos. A televisão e a rádio também são uma constante no meu percurso, com participações na ficção nacional e locuções para marcas nacionais.

    A AACE surge em 2017, quando me contactaram, através do Júnior Sampaio, do EntretantoTeatro. Estavam à procura de um encenador para a valência do teatro. A entrevista correu muito bem e desde então que sou o encenador do Grupo de Teatro “Casca de Nós”. Este ano, com o apoio da associação, decidimos celebrar esta data e elaborar um espetáculo comemorativo dos meus 15 anos de carreira.

    AVE: Estes 15 anos (ou parte deles) estão pois ligados à história do teatro da AACE. O Mário Sá faz parte dessa história. O que é que encontrou na AACE e o que é que esta associação lhe permitiu, ou tem permitido, fazer para dar azo à sua criatividade enquanto encenador?

    MS: Sendo uma associação de prestígio do Concelho de Valongo, é, desde já, uma honra fazer parte dela já há quase seis anos. Num grupo com tanta história e tradição, que comemora o seu 20.° Aniversário este ano, foi e é um desafio prazeroso, manter a sua essência, o seu lado associativo mas sempre trabalhando a qualidade artística e inspirando os intérpretes a fazerem mais e melhor.

    No que diz respeito à liberdade e criatividade enquanto encenador, a direção da AACE sempre confiou e apoiou as minhas propostas ao longo destes anos. O objetivo é sempre desafiar os elementos a fazer coisas diferentes, o que me levou a encenar várias estéticas e correntes teatrais, como o Teatro Shakesperiano, o Teatro do Absurdo, a Comédia e agora, em mãos, o Teatro Musical.

    AVE: Falando agora deste espétaculo comemorativo dos seus 15 anos de carreira. Quer levantar um pouco o véu e partilhar connosco ao que iremos assistir?

    MS: O espetáculo “Est1lhaço5” nasce de um desafio que eu lancei a um conjunto de pessoas que fazem parte da minha vida e que se foram cruzando na minha carreira enquanto profissional. A minha vontade de realizar um monólogo já assola o pensamento há uns anos e, ao celebrar os meus 15 anos de carreira, achei o momento certo para este ganhar vida. O texto base para o espetáculo é um original de Gonçalo Ferreira, “A solidão é o inferno dos vivos”, no qual a encenadora Ana Perfeito adaptou e “construiu a peça “Est1lhaço5”. Uma curiosidade sobre esta construção é que a Ana Perfeito pediu-me para recolher todas as páginas 15 de todos as peças da qual fiz parte e, incrivelmente, tudo ganhou ainda mais sentido. O Teatro aliado ao Vídeo, realizado por Marta Salazar e à cenografia de André Barros Pinto, “Est1lhaço5” é uma viagem de um personagem intensa, minuciosa e arrebatadora ao qual me entreguei de corpo e alma enquanto intérprete. Sendo um monólogo, a responsabilidade aumenta para não defraudar o público. Convido, desde já, toda a gente a juntar-se a esta minha, nossa viagem no dia 27 de julho, às 21h30, na sala de espetáculos do Fórum Cultural de Ermesinde. Os bilhetes estão disponíveis em bol.pt.

    Não posso deixar de referir o apoio incondicional neste espetáculo da AACE, à Câmara Municipal de Valongo e a todos os outros envolvidos que o tornaram possível.

    AVE: 15 anos já é um número de anos considerável quando se fala em carreira. No entanto, o Mário Sá ainda é um encenador jovem, e certamente, com sonhos, projetos...

    MS: Como diz o poeta, “o sonho é uma constante da vida”, e numa profissão como a minha, tem sido uma constante, uns já realizados, outros que estão em gaveta, mas o maior sonho deles todos é continuar a ter o privilégio de fazer o que mais amo, Teatro. Seja como ator ou encenador. Talvez aquele mais ambicioso seja abrir uma produtora própria de espetáculos, de forma a incentivar o público a dirigir-se às salas de espetáculo e tornar a ida ao Teatro uma constante na vida de qualquer cidadão. Muito obrigado à “A Voz de Ermesinde” pela oportunidade de falar da minha arte.

    Concluo com esta frase: “Não sabendo que era impossível, foi lá e fez.” Jean Cocteau que me tem a acompanhado nesta minha caminhada.

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