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Edição de 30-04-2024
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    Arquivo: Edição de 30-06-2023

    SECÇÃO: História


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    FACTOS DA NOSSA HISTÓRIA (6)

    Bugiada de Santo António dos Almocreves

    Desde há alguns anos a esta parte, a Câmara Municipal e a Junta de Freguesia de Valongo vêm promovendo a realização da Feira da Regueifa e do Biscoito & Mercado Oitocentista, em Valongo. E este ano assim voltou a acontecer com um rico programa, concretizado entre 31 de maio e 4 de junho. Houve desfiles, concertos, danças, teatro (o “Sabor a Teatro – Associação Cultural” fez teatro itinerante ao fim da tarde de 1 de junho teatralizando o tema: “Duas cavaleiras competem para conquistar o coração do príncipe) e recriações históricas (com Burros e Moleiros, em várias ruas; Casamento e Eleição do Juiz de Paz na Rua Sousa Paupério). Um dos pontos altos foi, no dia 3 de junho, a Cerimónia Capitular da Confraria do Pão, da Regueifa e do Biscoito de Valongo que teve lugar na Oficina da Regueifa e do Biscoito de Valongo e no Átrio da Câmara Municipal.

    Vem tudo isto a propósito, de uma Festa Popular que se fazia em Valongo, pelo Santo António, desde meados do séc. XVIII e que terá terminado no início do séc. XX. Nessa altura o período da Festa começava no dia de Santo António e só terminava mais de um mês depois. Era considerada uma das mais ricas festas populares fora da cidade do Porto. Curiosamente, desde fevereiro de 1911, por decisão da Comissão Municipal Republicana, ouvidas as freguesias, fixou-se o feriado municipal de Valongo, no dia da festa de S. João, 24 de junho.

    A Câmara de Valongo, por ocasião da Feira da Regueifa e do Biscoito, deste ano, editou, a 3.ª edição de “A Gazeta dos Padeiros” (ver imagem que ilustra o artigo). É daí que transcrevemos o texto que se segue e que diz respeito a uma “Correspondência” local para o “Jornal do Porto”, que este publicou na sua edição de 15 de junho de 1867, já lá vai mais de século e meio. É interessante notar a existência, neste contexto festivo, de grandes rituais de bugios ou mascarados (como acontece em Sobrado, pelo S. João), cavalgada, música, de refeições servidas a centenas de pessoas, de se proceder anualmente à escolha de juízes, no masculino e no feminino, “procissão de velas” com referência à regueifa e a adesão de multidões. É um texto muito revelador, que vale a pena ler na íntegra.

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    «CORRESPONDENCIAS / villa de Vallongo, 12 de junho / (DO NOSSO CORRESPONDENTE)

    A FESTA DE S. ANTONIO EM VALLONGO – É feita este anno, segundo nos assevera pessoa competente, com toda a pompa, riqueza e aceio, já por se não fazer ha dois annos, já porque o actual juiz, o snr. Antonio de Castro Neves, é um dos mais ricos proprietarios d’este concelho.

    No dia 13 do corrente tem de se fazer a primeira missa ao milagroso Santo, dando n’esse mesmo dia, o juiz, segundo o antiquissimo costume um rico e abundante jantar, muitas vezes a mais de 200 pessoas, sendo a principal festa a 14 de julho.

    Na vespera d’este dia, ha o costume de sahir uma rica encamisada de casa do juiz, a qual é composta de mais de 30 homens todos a cavallo, adornados de ricas fardas, e montados em guapos e bonitos ginetes, os melhores que por aqui se encontram, o que tudo se assemelha ao acompanhamento de S. Jorge, no dia de Corpus Christi n’essa cidade.

    Esta encamisada ou cavalhada, percorre até alta noite as principaes ruas da villa, acompanhando toda esta Fatiota, a musica regimental.

    No domingo 14 de julho, pela manhã cedo, logo ao despertar d’aurora, é nomeado o novo juiz, que tem de servir para o seguinte anno: aceitando é levado entre os Bugios (homens mascarados) e a musica, a casa do juiz velho, aonde lhe é servido, não só a elle como a todas as pessoas que o acompanham, que muitas vezes excede a 100, um lauto almoço, que de ante-mão já se acha preparado.

    Deve notar-se, que a nomeação do novo juiz, é feita por um dos taes Bugios, isto é, o mais velho d’entre elles, o qual se põe em pé, sobre uma meza que no quintal se acha preparada para o mesmo fim; então o Bugio com um copo de vinho em uma das mãos, e na outra uma regueifa, diz em alta voz: á saude de F. ... n’este momento immensos foguetes sobem ao ar, e logo os Bugios ou mascarados uns apos outros marcham para a porta do novo nomeado em procura d’elle, para o acompanharem a caza do juiz velho, (o juiz novo que algumas vezes já tem sido levado à força.)

    Não se deve extranhar o modo porque se faz tal nomeação, porque data de tempos immemoriaveis, e ainda hoje piamente se observa, porque se o contrario se fizesse, era nulla a eleição, segundo a crença popular.

    Depois do almoço, que costuma ser bom, tanto o velho juiz, como o novo nomeado, preparados dos seus melhores fatos, acompanhados de suas esposas, familia e convidados, dirigem-se á igreja para assistirem á funcção, que alli se faz, sendo o orador este anno, o reverendo padre José dos Santos Moura, de S. Pedro da Cova.

    Acabada a festividade, que costuma ser uma das mais ricas da villa, vão todos em acto continuo acompanhados pela musica a casa do juiz velho para assistirem ao jantar que tambem é dado pelo mesmo, sendo este um dos melhores que se faz.

    Á noute assistem ao fogo prezo, que costuma ser muito e bom, gastando-se no mesmo a quantia de cento e tantos mil reis.

    Na segunda feira e quarta de tarde, percorrem as ruas da villa immensas danças mascaradas.

    Á noute é o remate da funcção, é a entrega do Santo, a qual se faz com todo o apparato e riqueza, sendo este acto mais solemne e bonito de toda a festa.

    Além dos homens fardados, que agora a pé, acompanham o juiz, vão adiante 100 donzellas vestidas todas de branco ornadas de cordões, com castiçaes de prata na mão, com vellas acezas, levando a juiza o milagroso santo na mão.

    Acompanham tambem a entrega os Buggios, que vão adiante com archotes acezos, queimando alguns rodas de fogo.

    Logo que a juiza nova recebe das mãos da juíza velha o santo, é offerecido a

    (...)

    leia este artigo na íntegra na edição impressa.

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    Por: Manuel Augusto Dias

     

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