SECÇÃO: Património

Eletrificação da linha férrea (II)

Como demos conta no último artigo d’A Voz de Ermesinde, continuaremos esta edição a debruçar-nos sobre a eletrificação da linha férrea. Esperava-se na edição da AVE de agosto e setembro, n.º 105-106, dar-se novas informações sobre o evento a decorrer na cidade, no número seguinte.

Começaremos então, este nosso artigo, pelos dados que nos são comunicados na edição de outubro de 1966, no jornal n.º 107. Este artigo, que prometia acrescentar mais dados em relação ao anterior, indica, desde logo, que a inauguração iria decorrer no dia 3 de novembro, no troço entre Vila Nova de Gaia e Contumil. Não chegando, portanto, nesta data, a Ermesinde. Contudo, desta forma ficaria concluída a eletrificação entre as linhas de Lisboa e do Porto. A inauguração do dia 3 de novembro contaria com a presença do Presidente da República que chegaria a Campanhã ao meio dia, seguindo depois para Contumil no Comboio Presidencial, que seria rebocado por uma locomotiva elétrica, regressando a Lisboa às 16h.

A inauguração do troço eletrificado até Ermesinde decorreria no dia 6 de novembro, com a chegada do novo e moderno comboio, sem que fiquem mais notas sobre as ideias ou o que iria decorrer na vila neste dia. Este artigo aponta, apenas, algumas das vantagens que os ermesindenses teriam pela chegada das novas locomotivas: «Com a linha electrificada até à nossa terra, fácil se torna concluir que são muitas as vantagens a usufruir pelos Ermesindenses. Teremos mais comboios e aqui deixamos destacada a criação de alguns cuja necessidade se tem vindo a fazer sentir. Haverá um comboio, a partir de Ermesinde depois do meio dia, satisfazendo assim os estudantes que começam as suas aulas às 13:30 horas no Porto; estabelecer-se-á um outro, com saída de Campanhã antes das 16 horas, para descongestionar o comboio que às 16:20 horas parte do Porto para a Régua. Esta circulação tem uma segunda vantagem, a de permitir assim aos estudantes, que terminam as aulas às 15 horas, ao permanecerem mais de uma hora em Campanhã, a aguardar o já referido comboio das 16:20 horas, que já sai do Porto super-lotado. Outros mais comboios surgirão, encurtando, deste modo, os grandes intervalos agora existentes.» (AVE, 1966, n.º 107, p. 2).

A Voz de Ermesinde dava ainda conta do maior conforto que existiria com o estabelecimento de mais comboios e de que a chegada do novo comboio estava a ser preparada com uma “manifestação de boas vindas aos passageiros do primeiro comboio eléctrico a chegar a Ermesinde” (Idem). Comparativamente à edição anterior do jornal, denotamos algumas mudanças em relação à comitiva que chegaria a Ermesinde, mencionava-nos o número anterior da AVE, a possível vinda do Presidente da República, passando o número mais recente a enumerar: “Este comboio que conduzirá, por certo, o Ex.mo Senhor Director Geral, outros agentes superiores da C. P. e várias entidades civis convidadas, será recebido em Ermesinde, com as honras que lhes são devidas. Esperamos que os Ermesindenses correspondam ao convite que lhes será feito, abrilhantando com a sua presença, na Estação de Ermesinde, no próximo dia 6 de Novembro, pelas 15,30 horas, a manifestação de regosijo, de que estamos possuídos.” (Idem).

ERMESINDE RECEBEU FESTIVAMENTE O PRIMEIRO COMBOIO ELÉTRICO

Assim se intitula o artigo da edição n.º 108, de novembro de 1966, da AVE. A chegada do comboio elétrico, que se fez esperar durante cerca de 3 meses nas linhas do nosso jornal, tinha agora tomado forma na vila e seguindo o bairrismo e amor que são características nestas décadas, nos periódicos portugueses, este artigo não ficaria atrás.

Começa por nos enunciar que logo pela manhã, no dia 6 de novembro, já se notava alguma agitação junto da população ermesindense e que esta data se iria tornar memorável, uma vez que entre a azáfama se notava que a população lhe iria imprimir “todo o calor da sua alma, o sentir do seu coração, exprimindo, em suma, a seu modo, a franqueza do seu muito reconhecimento” (AVE, 1966, n.º 108).

Por volta do meio dia, estouraram foguetes pelos ares, sabia-se que a hora da chegada da locomotiva estava cada vez mais próxima. No Largo da Estação começou a intensificar-se a assistência, os donos das casas começaram a colocar colchas e toalhas nas suas janelas de modo a engalanar as ruas, e as comissões ou entidades convidadas ou aguardavam a chegada da locomotiva ou partiam em direção a Campanhã para chegar a Ermesinde a bordo de tão esperado equipamento.

É particularmente relevante a descrição que é feita sobre a chegada da locomotiva a Ermesinde, pelo que optamos pela respetiva transcrição do parágrafo que a enuncia: “Os foguetes estalaram nos ares e, como que em sonhos, a população viu chegar a dentro dos muros da sua Estação uma composição ferroviária que mais parecia dum conto de fadas, composta por locomotiva, carruagens e salão, do século XIX.” (Idem), seguido de:

(...)

leia este artigo na íntegra na edição impressa.

Nota: Desde há algum tempo que o jornal "A Voz de Ermesinde" permite aos seus leitores a opção pela edição digital do jornal. Trata-se de uma opção bastante mais acessível, 6,00 euros por ano, o que dá direito a receber, pontualmente, via e-mail a edição completa (igual à edição impressa, página a página, e diferente do jornal online) em formato PDF. Se esta for a sua escolha, efetue o pagamento (de acordo com as mesmas orientações existentes na assinatura do jornal impresso) e envie para o nosso endereço eletrónico ([email protected]) o nome, o NIF e o seu endereço eletrónico para lhe serem enviadas ao longo do ano, por e-mail, as 12 edições do jornal em PDF.

Mas se preferir a edição em papel receba comodamente o Jornal em sua casa pelo período de 1 ano (12 números) pela quantia de 12,00 euros.

Em ambos os casos o NIB para a transferência é o seguinte: 0036 0090 99100069476 62

Posteriormente deverá enviar para o nosso endereço eletrónico ([email protected]) o comprovativo de pagamento, o seu nome, a sua morada e o NIF.

Bibliografia:

- A Voz de Ermesinde, agosto e setembro de 1966, nº 105-106

- A Voz de Ermesinde, outubro de 1966, nº 107

- A Voz de Ermesinde, novembro de 1966, nº 108

Por: Mariana Filipa Lemos