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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 31-03-2022

    SECÇÃO: Crónicas


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    “Na crista da serra vislumbram-se paisagens arrebatadoras”

    Da vereda contrária da montanha, contemplo a aldeia de xisto. Teria o seu início, começado com uma simples tenda? Da tenda passaria para um acampamento e deste para um bairro de lata, mais tarde expropriado e transformado num bairro de luxo? Muitos bairros hoje tidos como de luxo tiveram assim o seu início. Os pobres e deslocados sempre tiveram bom gosto. Mas esta não. A sua primeira referência data de 1527, com dois habitantes. Seriam pastores, agricultores? Seriam quase de certeza um pouco de tudo. Ao contemplá-la, quase oiço o riso das crianças, descalças, com roupas rudes como esta serra. Os homens erguendo as pedras de xisto dando-lhes o formato de casas com marcas do seu sangue, das suas mãos desprotegidas. Casas quadradas, com uma pequena porta e janela e de um só cómodo. A um canto a lareira, no outro um pouco de palha para o seu leito. Esta evoluiu. Hoje há casas de dois andares, janelas e portas de um azul escuro a contrastar com o negro e amarelado da pedra xistosa. Os seus telhados de lajes negras de lousa. Ouve-se o cantar dos pássaros, o sussurrar do vento nas folhagens. Em som de fundo o constante borbulhar do correr das águas cristalinas pelo leito pedregoso do ribeiro. Do adro da igreja, pintada de branco, iniciam-se as estreitas ruas de escadarias, vereda acima. Aqui e ali nota-se a chegada da modernidade. Uma ou outra antena parabólica, um telhado já de telha ocre avermelhada. Uma ou outra casa já pintada também de branco. A modernidade e o conforto a substituir o que achamos belo. Em sentido contrário um complexo de luxo, embora e bem, com as suas paredes em xisto, para contemplação da aldeia. A mochila salta-me para as costas. Um pequeno movimento para esta ficar mais confortável.

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    Desço a estrada e encaminho-me para Piódão. O largo com uma árvore frondosa que protege do sol nascente as duas esplanadas dos cafés/restaurantes. Almoço umas sandes e outras vão para o abrigo da mochila. Os olhos não deixavam de focar uma indicação de um trilho “GR 22”. Quase hipnotizado percorro as ruas de xisto e abandono esta aldeia mágica. Não ouço risos de crianças, nem conversas animadas das suas gentes. Não os vi. Será que existem? Quando desperto estou no trilho para Foz de Égua. Duas pontes. Uma para cada ribeiro e estes de água cristalina transformam-se num só. Na outra margem, casas modernas e de xisto se misturam. Sigo pelo trilho. À direita e em frente a indicação do x (caminho errado). Ladeira acima pela esquerda, mas o tojo e mimosas diluíram o trajeto em nada. Volto para trás. Caminho pela estrada, até encontrar novamente a indicação do mesmo. Por vezes sou engolido pela vegetação, só tendo como ponto de referência umas copas de pinheiros. O trilho tanto sobe como de repente desce para se contemplar uma linha de água cristalina ou uma pequena ponte e voltar a subir, serpenteando a encosta. A água depressa desaparece do cantil. As costas encharcadas da transpiração. Água desce da careca e causa ardor ocular. A que propósito este sobe e desce? Na crista da serra vislumbram-se paisagens arrebatadoras. Poucos pinheiros. Por aqui em tempos as chamas consumiram tudo. Páro noutra aldeia. O café fechado. Os cães dão sinal de mim. Aparece outro cliente e grita pelo Paulo. Quem chega veste saias. Queixo-me da sinalização, ao outro cliente, do trilho e este diz-me. - Depois do fogo, as giestas têm sido uma praga. Por muito que se limpe no ano a seguir está pior. Está a ver ali aquela curva e aquela casa destruída? Ali ficou o meu cunhado, que ia socorrer uma velhinha e afinal os bombeiros já a tinham ido buscar. Foi um segundo. Mentalmente pedi-lhe perdão, pela minha chamada de atenção. Nada era.

    (...)

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    Por: Manuel Fernandes

     

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