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    Arquivo: Edição de 30-06-2019

    SECÇÃO: Editorial


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    Os Bombeiros

    O tempo quente de verão, em que entrámos há pouco, ajuda a que aumente o risco de incêndios. É então que os “soldados da paz” são chamados a proteger-nos das chamas, que levam, muito rapidamente, vidas e haveres. Num meio urbano como o nosso, a sua necessidade é permanente e até se justificava que houvesse um corpo profissional de bombeiros. Não o havendo, deveria o Governo fazer tudo para que um número considerado suficiente pela proteção civil fosse remunerado e permanecesse em serviço nos quartéis para poder acudir eficazmente a qualquer emergência.

    Vem isto a propósito da prestigiada Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Ermesinde que, fundada na sequência de uma reunião que se realizou na Travagem (no então Hotel Sobral), no dia 1 de junho de 1921, completou agora 98 anos de existência. Constituíram-se os seus primeiros Corpos Gerentes em 11 de setembro de 1921, cujos órgãos eram presididos por Manuel Pinto de Azevedo (Assembleia Geral), Amadeu Ferreira de Sousa Vilar (Direção) e António da Silva Brito (Conselho Fiscal).

    Os incêndios em habitações são tão antigos quanto a existência das próprias casas. Sempre que surgiam, e enquanto não houve bombeiros, eram combatidos pelos elementos humanos mais próximos: familiares, vizinhos e amigos. A onda de solidariedade era instantânea, a sua eficácia é que era, por vezes, mais difícil, como se compreende.

    Em Portugal, foi o 1.º rei da 2.ª dinastia, D. João I, quem, por meio da Carta Régia, datada de 23 de agosto de 1395, tomou a primeira iniciativa tendente à organização do 1.º Serviço de Incêndios de Lisboa, referindo a forma de o combater mais rapidamente e estabelecendo, «que os pregoeiros da cidade saíssem de noite pela ruas, a avisar, em voz alta, os moradores, de que deveriam tomar cuidado com o lume em suas casas». Na 2.ª maior cidade do país (Porto), os Serviços de Incêndio passaram a funcionar poucos anos depois, já no século XV. Medidas avulsas de prevenção iam sendo tomadas, um pouco por todo o país, sobretudo nos meios urbanos maiores, ao longo dos séculos seguintes.

    A título exemplificativo, recorde-se a decisão que tomou a Câmara do Porto, na sua reunião de 14 de julho de 1513: «eleger diversos cidadãos para fiscalizar se os restantes moradores da cidade apagavam o lume das cozinhas à hora indicada pelo sino da noite».

    Mas só com o 1.º rei da 4.ª dinastia, D. João IV (em meados do séc. XVII), é que podemos falar, propriamente, num serviço de incêndios organizado, quando se tentou introduzir o sistema já usado em Paris, deliberando o Senado Municipal de Lisboa adquirir o material e equipamentos necessários para o efeito.

    Em 1646, a Câmara propôs ao Rei a aquisição do seguinte material: «seis escadas ferradas no alto delas, duas de quinze degraus e outras de vinte e cinco; e outras duas de trinta, as quais se encostam na casa onde se pega o fogo, e seis varas de trinta palmos de comprido ferradas com seus bicheiros de ganchos e duzentos calões de couro cru que leve hum almude de água cada um, porque estes servem e não quebram, e se lançam do alto das casas à rua e para cima vão continuando cheios de água...» [texto adaptado].

    Quase 4 séculos depois, muitas das corporações de bombeiros dispersas pelo país ainda sofrem carências de vária ordem que, de alguma forma, impedem a prestação de um serviço mais rápido e eficaz às populações que servem. A Corporação de Ermesinde, servindo dezenas de milhares de pessoas das cidades de Ermesinde e Alfena, também sofre constrangimentos de vária ordem, de que o nosso jornal tem dado conta e, por isso, bem merece ser acarinhada por todos nós e devidamente apoiada pelo poder central e local.

    Por: Manuel Augusto Dias

     

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