SECÇÃO: Painel partidário

Declaração política de fim de mandato

Chega hoje ao fim o mandato de quatro anos para que fomos eleitos em 2009, numa lista de cidadãos independentes sob a designação de Coragem de Mudar. Foi a primeira vez que, na Câmara de Valongo, foram eleitos vereadores em lista independente. Em menos de um ano, o nosso projecto, apresentado a sufrágio, congregou os votos de mais de 10.000 eleitores, retirando um vereador e a maioria ao PSD, e um vereador ao PS.

Desde a primeira hora afirmámos que, livres de condicionamentos político-partidários, só o superior interesse do concelho e o respeito pelo compromisso programático nos moveria. E assim foi, até ao último dia. Estudámos bem todos os processos e votámos favoravelmente as propostas que não contendiam com o nosso programa de candidatura e que, a nosso ver, eram boas para o concelho; votámos contra todas as outras que entendemos não serem boas soluções, mesmo que essa posição pudesse vir a ser mal entendida, como às vezes foi. Mais: nunca recusámos colaborar no sentido de melhorar propostas e soluções, e apresentámos, de motu proprio, algumas propostas que acabaram por não ter vencimento. Atendemos todos os munícipes que se nos dirigiram e, sem hesitações, procurámos o esclarecimento e a resolução dos seus legítimos problemas. Denunciámos sempre o que, a nosso ver, estava mal. Não tememos tocar onde parecia ser impossível tocar, e muitos aspectos da vida quotidiana da Câmara mudaram. Hoje temos uma Câmara mais transparente do que quando cá chegámos.

Pena foi que o Executivo que governou esta Câmara, neste mandato que agora finda, não tivesse querido ou sabido respeitar o que as urnas ditaram em 2009, isto é, não tendo resultado uma maioria para governar sozinha, não tivesse tido o rasgo de, pelo menos, tentar formar um executivo pluralista, cuja composição respeitasse os resultados eleitorais. Foi pena, e quem perdeu, estamos certos, terá sido o concelho de Valongo.

Da nossa parte levamos boas recordações: desde logo todo o processo da candidatura independente, que mobilizou muitos cidadãos de diversos quadrantes que se dedicaram, livremente, à construção de uma alternativa com que nos apresentámos a sufrágio. Depois, o trabalho de uma oposição responsável, atenta e participativa, para o que contou, não apenas o trabalho e esforço dos dois vereadores eleitos, mas de muitos outros cidadãos que nos vêm acompanhando desde então, e que são credores da nossa gratidão. E esse esforço tem colhido o justo reconhecimento, passe a imodéstia, de muitos cidadãos do concelho, mesmo de quem, então, não votou em nós.

Menos bem, quanto a nós, nesta nossa experiência, foi a deficiente articulação com os deputados independentes eleitos para a Assembleia Municipal.

Este ano, embora houvesse espaço para uma candidatura independente, ela não se repetiu. E foi pena, porque entre votos brancos, nulos e abstenções, 58% dos eleitores do concelho, uma expressiva maioria, não se sentiu representada em nenhum dos partidos que concorreram às últimas eleições autárquicas.

Esperamos, por isso, que os partidos que estarão representados nos órgãos autárquicos, tirem daí as necessárias ilações.

Há muito ainda por fazer, há muito ainda para melhorar.

Civicamente, estaremos fora do executivo, mas não fora do dever de cidadãos. Os valonguenses, que merecem ser felizes, sabem que estaremos atentos.

A todos os membros do executivo que, de modo efectivo ou em suplência, nos acompanharam durante esta caminhada de quatro anos, desejamos as maiores venturas pessoais e familiares.

Valongo, 15 de Outubro de 2013

Os Vereadores da Coragem de Mudar:

Maria José Azevedo

Pedro Panzina