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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 30-11-2010

    SECÇÃO: Música


    As condições para a produção de gerações de (bons) músicos

    Infra-estruturas. Grandes obras ou pequenos investimentos?

    Educação, saúde ou vias de transporte? Centralidade ou de características mais municipais? Para já ou num futuro a médio-prazo?

    Assim se resumem as hipóteses, de maneira simples, por onde vai o debate sobre aquilo em que o Estado ou empresas privadas poderiam ou deveriam investir os seus parcos recursos.

    Se é verdade que em crise estamos (e já não é de agora), há possibilidades de rentabilizar projectos que, à primeira impressão, podem não ser vitais ou dirigidos para uma certa franja da população e não para todo o seu conjunto, mas que iriam criar novos paradigmas de produção de riqueza para o país.

    Serve isto para dizer que o facto de o Conservatório de Música do Porto não ter sido instalado nos terrenos das traseiras da Casa da Música (antiga central/remise dos eléctricos), na avenida da Boavista, mas sim num "anexo" da Escola Secundária Rodrigues de Freitas, foi uma mera medida de conveniência, pois era muito mais fácil transformar esta parte do antigo liceu D. Manuel II do que criar de raiz um estabelecimento de ensino completamente focalizado para a música e artes em geral.

    Um exemplo flagrante da falta de espírito empreendedor, que se deveu à "promessa" de facilitar a aprendizagem de música ao maior número de alunos possível, através do ensino articulado e integrado, cujo resultado foi a diminuição do nível dos educandos e também o correspondente aumento do número de professores desmotivados, com tamanha enormidade de alunos que só iam estudar música "porque ficava ali ao lado".

    A sua instalação contígua à Casa da Música, com a necessária conjugação de actividades entre essas "duas casas da música" levaria à facilitação da criação de uma verdadeira base de criação artística. E isto porques haveria, de certeza, espectáculos quase todos os dias, já que os artistas querem é espaços funcionais ao seu dispor para apresentarem o seu trabalho à cidade e aos cidadãos. Quanto mais não fosse, como forma de agradecimento pelos encargos que aquela mesma suporta para a prossecução dos seus sonhos de vida. Encargos que podem ser a "mera" paciência infinita com que os vizinhos aturam os muitos barulhos que nós produzimos no nosso estudo diário. A criação nesse espaço contíguo ou nas traseiras da estação de Metro da Casa da Música - dizia eu - levaria à facilitação da criação de uma verdadeira base de criação artística, com as orquestras a usufruírem de um espaço ímpar na cidade, com excelentes condições para os músicos, com excelentes acessibilidades para todos, central a todos os níveis.

    Revitalizava um espaço da cidade, os seus espaços comerciais, de serviços, de restauração. Criaria mais emprego directo e indirecto do que a mera construção de um estabelecimento bancário (sede do BPN, ainda por cima de um banco "tão na berra" por estes dias e pelas piores razões), levaria a uma melhor renovação do seu corpo docente e não docente e outras mudanças internas (coisas que não aconteceram na devida proporção com as novas instalações, pois a mudança foi feita contra a vontade da sua maior parte). É isto que acontece nas grandes capitais culturais, com os melhores resultados. Criaria riqueza porque levaria à valorização dos artistas nacionais, um "bem / activo" exportável, que valoriza no estrangeiro, ou seja, no resto da "aldeia global", o nome de Portugal, cidade do Porto, tornando os artistas internacionais.

    Esta tema, estando agora fora de questão a sua nova mudança, remete-nos para o caso da Escola Superior de Música e das Artes do Espectáculo, que está pelas costuras de tantos alunos e actividades, onde é muito difícil arranjar salas para estudar – com os devidos instrumentos e espaço para vários pianos ou orquestras, por exemplo (para não ter que chatear muito os vizinhos) – e onde até queriam pôr a funcionar uma parte de Dança, tal como existe em Lisboa.

    A incursão neste debate acontece por diversas vezes entre os músicos, principalmente entre aqueles que estudam ou já estudaram fora do País ou que têm essa intenção, e reflecte uma preocupação com o futuro desta classe trabalhadora e produtora de riqueza para o PIB (a única coisa que por ora preocupa os nossos governantes).

    Nós sabemos que para produzir é preciso muita vontade e espírito empreendedor e não lamúrias. Peguemos no lema do novo disco de Pedro Abrunhosa e "Vamos fazer o que ainda não foi feito". Fica aqui o meu desafio.

    Por: Filipe Cerqueira (*)

    (*) Estudante de Mestrado em Música

     

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