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    Arquivo: Edição de 15-03-2008

    SECÇÃO: Psicologia


    A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE MENTAL

    Pedofilia - Vidas perdidas algures no passado

    Este é um espaço de reflexão e diálogo sobre temas do domínio da Psicologia, que procurarei dinamizar com regularidade, trazendo para aqui os principais problemas do foro psicológico que afectam pessoas de todas as idades. Na qualidade de psicóloga estou disponível para os leitores de “A Voz de Ermesinde” me poderem colocar as questões que desejarem ver esclarecidas, através de carta para a redacção deste quinzenário ou para o seguinte “e-mail”: [email protected]

    A pedofilia é um tipo de violência sexual que ocorre entre duas pessoas, da qual faz parte um menor e um adulto que perpetua o acto.

    No abuso sexual de menores, o adulto utiliza a criança para sua gratificação sexual, sem haver consentimento da mesma. O perpetuador serve-se da sua posição de autoridade para praticar estes actos.

    Considera-se abuso sexual qualquer exposição, toque sexual, penetração oral ou vaginal. Este pode ainda ser físico (violento ou não violento) ou não físico.

    O abuso sexual físico não violento diz respeito a carícias nos órgãos genitais do menor, e ao acto sexual praticado com o consentimento da criança. Por sua vez, o abuso sexual violento caracteriza-se pela violação ou prática de qualquer acto de índole física, realizado sem o consentimento do menor.

    O abuso sexual não físico é referente a práticas de exibicionismo (mostrar filmes ou fotografias pornográficas, exibir os órgãos genitais ou fazer qualquer tipo de comentários obscenos), voyerismo (olhar e espreitar por entre portas e janelas, violando a privacidade) ou pornografia infantil (filmar ou fotografar crianças nuas).

    Sob o ponto de vista patológico, a pedofilia considera-se uma perversão sexual, isto é, uma estrutura psicopatológica caracterizada por desvios do objecto e finalidades sexuais. A pessoa sente-se atraída por aquilo que é pessoal ou socialmente proibido. Trata-se de uma parafilia (doença do foro sexual) em que há uma constância de fantasias e desejos sexuais específicos com crianças.

    A maioria dos pedófilos são homens e, ao contrário do que se possa pensar, a escolha da vítima não é pré-determinada. É movida por aspectos inconscientes e relaciona-se com a história de vida do agressor, como por exemplo, traumas e fantasias sexuais. Há também quem tenha passado por privações sociais e parentais na infância, ou mesmo sofrido abusos sexuais enquanto pequeno.

    Alguns autores consideram que no caso de investidas sexuais entre adolescentes, há que observar pelo menos cinco anos de diferença entre os dois agentes. Porém, é imprescindível uma avaliação específica de cada situação, não devendo, à partida, o adolescente mais velho ser caracterizado como detentor de um transtorno psicossexual.

    A maioria dos pedófilos procura relacionar-se pessoal e profissionalmente com as crianças, sendo uma larga percentagem (60-70%) constituída por familiares.

    O agressor aparece à criança como seu ‘salvador’, como alguém que a quer proteger, cativando-a com a sedução de quem a conhece bem. Começa em geral por partilhar um segredo, e assim traz a criança para a sua esfera privada. Depois chama-a a participar na sua perversão sexual, e nunca chega a admitir que a criança está a ser alvo de um crime.

    A recuperação da vítima é muito difícil e prolongada, sendo necessária a intervenção de um terapeuta especializado. É premente que se inicie a intervenção o mais precocemente possível, sob pena do desenvolvimento de perturbações irreversíveis.

    É inegável o bloqueio de uma vivência interpessoal satisfatória em qualquer que seja a idade em que a vítima é abusada. Não só a esfera individual é afectada, como todos os sistemas em relação com o sujeito. Por isso, o tratamento implica a associação de uma série de elementos, que vão desta à família, à inclusão e participação na sociedade.

    Por: Joana Dias

     

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