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Edição de 31-12-2024
Jornal Online

SECÇÃO: Editorial


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Sinais

Amanhã celebra-se o Dia Mundial da Paz. Este dia, o primeiro do ano, que pretende chamar a atenção de todos os seres humanos (independentemente de qualquer credo religioso ou convicção política) para a Paz, que devia reinar entre todos, todos os dias do ano, foi uma iniciativa do líder da Igreja Católica, o Papa Paulo VI, divulgada no dia 8 de dezembro de 1967 (dia de Nossa Senhora da Conceição), tendo-se comemorado pela primeira vez, com esta designação, no dia 1 de janeiro de 1968, há 57 anos.

Em Portugal, após a Implantação da República, o primeiro dia do ano era feriado e comemorado com a denominação de “Dia da Fraternidade Universal”, o que não andava longe dos mesmos desígnios pacifistas que o Papa propôs 57 anos depois.

Infelizmente, apesar de todos estes alertas, das chamadas de atenção das igrejas e das instituições supranacionais, como é o caso da ONU, a verdade é que a Guerra em vez de arrepiar caminho, tem-se expandido e, pelo que vimos, ouvimos e lemos, os tempos que aí vêm não nos permitem alimentar grandes esperanças de que a situação se altere significativamente.

O que aconteceu na Síria (precisamente no dia 8 de dezembro passado, 57 anos após a proposta de Paulo VI, acerca do Dia Mundial da Paz), e a situação ainda está muito próxima, para consentir qualquer comentário definitivo acerca da evolução dos próximos tempos, pode ser um “sinal” de que pelo menos naquele país a guerra pode ter efetivamente terminado. E foi uma guerra civil, demasiado longa, durou 13 anos e fez centenas de milhares de vítimas.

A Síria, no Mediterrâneo Oriental, tem quase o dobro da área de Portugal continental e mais do dobro da nossa população. Mas só se tornaria verdadeiramente independente já depois da 2.ª Guerra Mundial, em 17 de abril de 1946. Em resultado desta guerra civil (2011-2024) grande parte do seu território está destruído e as pessoas sofreram e sofrem os efeitos deste conflito, que também envolveu países estrangeiros.

A guerra terminou, mas não acabou a insegurança e o medo. Temem-se vinganças pessoais, ajustes de contas de ordem política, perseguições religiosas. Entre as religiões perseguidas está a religião cristã, que antes da guerra (em 2011) tinha mais de um milhão e meio de crentes, e no fim do conflito (2024) está reduzida a cerca de 250 mil.

As operações militares não pararam. Há problemas internos – têm exércitos o grupo Hayat Tahrir al-Shar (HTS), neste momento responsável pelo governo de transição; o Exército Nacional Sírio (ENS); e as Forças Democráticas da Síria (FDS) – há problemas históricos com os curdos, com os turcos e com Israel que, violando o direito internacional, tem bombardeado, ultimamente, alvos militares no país, declarando que o faz preventivamente, para impedir que as armas químicas e os mísseis de longo alcance cheguem às mãos de terroristas. Ou seja, se o dia 8 de dezembro de 2024, trouxe sinais de paz à Síria com o fim do sangrento regime de Assad, subsistem muitas nuvens no quadro político do país.

No entanto, e bem, António Guterres, na sua condição de secretário geral da ONU, enviou, dias depois da mudança de regime na Síria, o subsecretário geral para os Assuntos Humanitários, para reunir com o primeiro-ministro interino, Bashir, no sentido de ser franqueado o acesso humanitário em todas as passagens fronteiriças, e serem dadas autorizações e vistos rápidos aos trabalhadores humanitários, com o objetivo de proporcionar ao povo sírio a construção de um futuro melhor, que a comunidade internacional tem o dever de apoiar.

Que estes “Sinais” sejam replicados noutros países em guerra e permitam sonhar com a Paz, como sendo a palavra que caracterize as relações entre todos os seres humanos.

Por: Manuel Augusto Dias

 

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