A importância dos ecossistemas aquáticos
Neste mês de junho trazemos um texto, da Universidade de Coimbra, sobre o importante papel dos ecossistemas aquáticos na degradação da matéria orgânica. Este tipo de ecossistemas que inclui, por exemplo, lagos, rios e ribeiros, são componentes vitais do ambiente natural. Estes ecossistemas aquáticos desempenham papéis cruciais tanto na manutenção da biodiversidade quanto na regulação de processos ecológicos fundamentais, como a degradação da matéria orgânica.
Os ecossistemas aquáticos são, primeiramente, verdadeiros centros de biodiversidade. Lagos, rios e ribeiros abrigam uma vasta gama de espécies, desde micro-organismos até peixes, plantas aquáticas, aves e mamíferos. Esta diversidade biológica é essencial para o equilíbrio ecológico, pois cada espécie desempenha um papel específico no ecossistema, contribuindo para a sua estabilidade e resiliência. Por vezes, uma alteração nesta teia alimentar é o suficiente para desequilibrar um ecossistema.
Assim, a biodiversidade nestes ecossistemas aquáticos forma complexas redes alimentares, onde organismos de diferentes níveis tróficos interagem. Produtores primários, como algas e plantas aquáticas, convertem a energia solar em biomassa através da fotossíntese. Esta biomassa serve de alimento para herbívoros aquáticos, que por sua vez são presas para os carnívoros. A diversidade de espécies e interações tróficas assegura que os nutrientes e a energia circulem eficientemente através do ecossistema, mantendo a saúde e a produtividade dos habitats aquáticos.
Como poderão ler no artigo, os rios desempenham um papel fundamental na degradação da matéria orgânica. Este processo é vital para a reciclagem de nutrientes e a manutenção da qualidade da água. Neste ciclo de nutrientes, que ocorre no ecossistema aquático, deve-se destacar o nitrogénio (azoto) e o fósforo que são essenciais para o crescimento das plantas e outros organismos aquáticos. Em ecossistemas saudáveis, os ciclos de nutrientes são regulados de forma equilibrada, prevenindo problemas como a eutrofização, que ocorre quando há um excesso de nutrientes, levando à proliferação de algas e à subsequente diminuição dos níveis de oxigénio na água. Nos ecossistemas aquáticos, a matéria orgânica proveniente de plantas, animais e resíduos humanos é decomposta por micro-organismos, como bactérias e fungos. Estes decompositores quebram a matéria orgânica em componentes mais simples, como dióxido de carbono, água e nutrientes minerais. Este processo é fundamental para a reciclagem de nutrientes, tornando-os novamente disponíveis para os produtores primários. Este processo natural, devido à libertação de gases de efeito de estufa, pode contribuir para as alterações climáticas.
Os rios e lagos podem, ainda, atuar como reguladores climáticos locais. Eles têm a capacidade de absorver e armazenar calor, moderando as temperaturas ambientais. Durante o dia, a água aquece mais lentamente do que o solo, e à noite, arrefece mais lentamente, proporcionando um efeito de amortecimento das variações extremas de temperatura. Esta regulação térmica é essencial para o bem-estar de muitas espécies que habitam nas proximidades dos ecossistemas aquáticos.
A capacidade dos ecossistemas aquáticos de degradar matéria orgânica também contribui para a purificação natural da água. Os riachos e rios funcionam como filtros biológicos, onde a decomposição de matéria orgânica ajuda a remover poluentes e a reduzir a carga de substâncias tóxicas. Este serviço ecológico é crucial para a manutenção da qualidade da água, beneficiando tanto os ecossistemas quanto as comunidades humanas que dependem destas fontes de água para o consumo e atividades diversas.
Concluindo, a proteção destes ecossistemas deve ser uma prioridade para garantir a sustentabilidade ambiental e o bem-estar das gerações futuras. Através de esforços concertados de conservação e gestão sustentável, podemos preservar a integridade destes habitats vitais e assegurar que continuem a proporcionar benefícios ecológicos inestimáveis.
“Estudo da Science alerta para a necessidade de redução do impacto humano nos ecossistemas aquáticos
Um estudo publicado na Revista Science, em que participa a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), alerta para a necessidade de redução do impacto humano nos ecossistemas aquáticos.
Esta investigação contou com a participação de mais de 150 investigadores de 40 países, incluindo Portugal, representado por Cristina Canhoto, professora do Departamento de Ciências da Vida (DCV) e investigadora no Centro de Ecologia Funcional (CFE), Manuel Graça, professor do DCV e investigador do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE) e Verónica Ferreira, investigadora do DCV/MARE.
O estudo estima as taxas de decomposição de matéria orgânica em ecossistemas de água doce (uma fonte de emissões de carbono) a nível global. A decomposição de matéria orgânica produzida pela floresta que ladeia os cursos de água é um processo fundamental nos ribeiros florestados, estando na base das teias alimentares aquáticas.
O trabalho de campo decorreu em 550 rios de todo o mundo, onde os cientistas levaram a cabo um ensaio padronizado para avaliar a taxa de decomposição de pequenos pedaços de tecidos de algodão (constituído maioritariamente por celulose, um composto vegetal muito abundante na Terra). Com base nestes testes, foram, posteriormente, utilizados modelos preditivos e algoritmos de machine learning para estimar as taxas de decomposição de celulose e de folhas de várias espécies para várias áreas do globo.
A nível global, este trabalho lança um alerta para a necessidade de redução dos impactos humanos nos cursos de água, o que permitirá evitar a libertação de CO2 para a atmosfera e contribuir para o controlo das alterações climáticas. «Precisamos de minimizar os impactos humanos nas águas doces para gerir de forma mais eficaz o ciclo global de carbono», alertam os investigadores da FCTUC.
Os resultados deste trabalho mostraram maiores taxas de decomposição em áreas agrícolas densamente povoadas (Estados Unidos, Europa e Sudeste Asiático). O que resulta do escoamento agrícola e urbano é um dos principais contribuidores para o aumento das emissões de carbono responsáveis pelas alterações climáticas.
«Quando pensamos em emissões de gases de efeito estufa, tendemos a associar às
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Por:
Luís Dias
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