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    Arquivo: Edição de 28-02-2023

    SECÇÃO: Crónicas


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    «Alguém me atirou para dentro das traseiras da caixa aberta de um Land Rover»

    PELO CAMINHO FRANCÊS PARA SANTIAGO DE COMPOSTELA
    PELO CAMINHO FRANCÊS PARA SANTIAGO DE COMPOSTELA
    Por estes dias muito se tem falado da Jornada Mundial da Juventude. Evento para celebrar o encontro de jovens de todo o mundo com o representante máximo da fé católica romana, o Papa. Encontro que será entre os dias um de agosto a seis do mesmo mês. O que tem estado em causa é o custo do Altar/palco para o erário público. Os primeiros números apontavam que o Altar/palco teria um custo de 4,2 milhões de euros, acrescidos de mais 450 mil referentes ao Altar do Parque Eduardo VII. A contestação por parte da oposição política foi imediata. Os números foram revistos e quem adjudicou a obra é uma entidade honesta e amiga. Espanto-me pelo desconto de 30% do custo inicial, nada mais, nada menos do que 1,7 milhões, passa assim para um Altar/palco e sua envolvência a módica quantia de 2,9 milhões de euros. Há a ressalvar que o Altar fica mais baixo, de nove metros para quatro e o número de pessoas no palco de 2.000 para 1.240 com assento garantido.

    Os jovens e menos jovens irão ouvir a palavra do Papa. O evento apresenta-se como um convite à geração, para uma construção de um Mundo de Paz, mais Justo e Solidário.

    Toda esta polémica levou-me para o século passado, nos anos idos de sessenta, em terras do fim do mundo, em Angola, numa pitoresca cidade de nome Serpa Pinto, hoje denominada de Menongue. Não me lembro de como me tornei sacristão. Talvez devido a frequentar a catequese, nessa altura eu e outros dois teríamos a idade de oito anos. O Pároco era uma pessoa entusiasmada e envolvente nos sermões. Desde essa altura que nunca mais ouvi nada igual. Hoje em dia, não passam de uns resumos resumidos de uma passagem Bíblica. Na homilia, pedia aos fiéis que se notassem que se estava a alongar em demasia que levantassem uma mão. Nunca reparei que alguém o fizesse. Ensaiávamos todos os passos da missa até à exaustão. Tinha um missal marcado com réguas de papel, para se ler, se um dia ele estivesse doente. No batismo era branca, no dia a dia era azul e na despedida desta vida era negra. Também nos ensinou e talvez a mais importante, era que para falar com Ele, todo o local era bom, independentemente de onde estivéssemos. Em certa altura teve que se ausentar. Informou-nos que durante umas semanas não haveria missa. “Se acontecer algo inevitável, já sabeis”, indicando o missal repousado na mesa da sacristia. O inevitável aconteceu passado uns dias. Uma criança da escola faleceu. O pároco ausente. O capelão do exército também. Ouvi falar “só nos resta o Governador Civil que é a mais alta autoridade”. Mas esse, esse roeu a corda. Alguém bateu à porta de casa e esteve a falar com os meus pais. Lá me foi perguntado se conseguia fazer as exéquias fúnebres. Acenei. Estava tudo anotado no missal. Depois da igreja alguém me atirou para dentro das traseiras da caixa aberta de um Land Rover. Eu e a caldeirinha e o aspersório. No cemitério, no meio do nada, naquela imensidão de terra ocre, fui levado para junto da tumba. Alguém abriu a urna. O que ela estava ainda ali a fazer? pensei eu. Ela era uma criança e ainda não tinha ido para o céu? Os olhos ficaram inundados de lágrimas. A mão trémula segurou no aspersório. A voz, a voz não se fez ouvir. Um adulto fez-se ouvir - “Em Nome do Pai e do Espírito ……. . Logo após ouvi: “Vai andando para o Jeep que já vamos ter contigo”. Lá fui andando e com aquela dúvida … “porque ela ainda estava ali”. …

    Uns dias mais tarde o pároco regressou. Soube das boas e más notícias. No primeiro domingo subimos todos para os

    (...)

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    Por: Manuel Fernandes

     

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