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    Arquivo: Edição de 28-02-2023

    SECÇÃO: Património


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    ACONTECEU N’A VOZ DE ERMESINDE (12)

    Uma nova igreja para Ermesinde

    Retomamos este novo ano a recordar uma notícia bastante precoce sobre a renovação da Igreja Matriz de Ermesinde, que decorreu nas páginas d’A Voz de Ermesinde. Concretizam-se, no próximo mês de março, 60 anos desde a publicação da notícia, inserida na rúbrica “Progresso e Renovação”, intitulada “A Igreja Paroquial de Ermesinde”, assinada por Manuel Correia Simões.

    Manuel Correia Simões (1921-2001), natural de Barcelos, mudou-se para Ermesinde aos 13 anos de idade. É reconhecido como uma das figuras que mais trabalhou por Ermesinde, manifestando-se um grande bairrista e defensor da sua terra adotiva. Foi promotor de várias iniciativas na terra, dirigente do Clube Propaganda da Natação (CPN) e do Centro Social de Ermesinde, fundador do Grupo de Escutas de Águas Santas (n.º 28), Bombeiro de 1.ª classe, elemento da Junta de Freguesia de Ermesinde e assistente eletrotécnico das telecomunicações nos CTT. Colaborou, também, n’A Voz de Ermesinde, onde publicou vários artigos em que mencionava as necessidades mais prementes de Ermesinde (DIAS, PEREIRA, 2001, 209).

    É na edição n.º 63, de março de 1963, que encontramos uma das primeiras notícias que nos dá conta da necessidade da construção de um novo templo em Ermesinde. Recordamos que a Igreja Matriz de Ermesinde foi demolida na mesma década, em 1968, mas apenas cinco anos depois. Poderemos, por isso, situar este artigo como um dos primeiros sobre a necessidade de um novo templo.

    Ermesinde - Igreja de S. Lourenço de Asmes (Fonte: https://digitarq.cpf.arquivos.pt/details?id=1280810)
    Ermesinde - Igreja de S. Lourenço de Asmes (Fonte: https://digitarq.cpf.arquivos.pt/details?id=1280810)
    No seu artigo, Manuel Correia Simões considera a igreja como “quase centenária” e diz-nos que havia sido construída em 1870. Uma questão sobre a qual se têm debatido as monografias da cidade, que situam a antiga matriz como sendo de data anterior, podendo esta data que constava sobre o portal da torre sineira datar uma renovação, da construção da referida torre ou de uma outra alteração que mereceu destaque, não significando, na maioria dos casos, que a construção foi nesse ano, mas sim, bastante anterior. Contudo, aquilo de que nos pretendia dar conta no seu artigo é de que esta construção se encontrava “num estado de desatualização no que diz respeito à conservação geral, e em relação às suas dimensões para poder abrigar tão elevado número de fiéis” (AVE, 1963, n.º 63, p. 4).

    A sua principal motivação, ao pedir a criação de um novo templo para Ermesinde, é a sua reduzida dimensão, dizendo-nos que a matriz se tinha tornado demasiado pequena. Passando a enumerar as restantes construções religiosas que encontramos, na atual cidade: A Igreja da Formiga (Santuário de Santa Rita ou Igreja de Santa Rita da Mão Poderosa), apesar de ser maior do que a matriz, também se enchia aos domingos; A Capela do Senhor dos Aflitos também ficava repleta de fiéis quando lá se celebrava a missa. Mas estas, em conjunto com a Capela de S. Silvestre, e segundo o autor, encontravam-se em perfeito estado de conservação. Principalmente a Capela do Senhor dos Aflitos, que tinha sido recentemente construída e ampliada.

    Carecia, por isso, de manutenção e atualização a igreja matriz, mas esta renovação era levada mais longe, no seu artigo e tal como aconteceu na realidade, defendendo o autor que esta necessitava de uma “renovação total, isto é, da substituição por outra mais ampla e moderna” (AVE, 1963, n.º 63, p. 4). Estabelece, ainda, que a localização da igreja era a ideal e que para a sua renovação se deveria fazer uma nova construção sobre o mesmo local em que se encontrava a existente.

    Começa, assim, a enumerar as condições que considera indispensáveis para levar a cabo o empreendimento, que se viria a iniciar alguns anos depois, em primeiro lugar indica que é do interesse de todos os ermesindenses ter um novo templo e que todos lamentavam certamente que este, ainda, não estivesse a ser construído. Menciona, em segundo lugar, a grande e necessária questão para levar a cabo tão grande empreitada, as necessidades monetárias. Diz-nos que o capital existente por parte da administração da igreja é pouco e que o rendimento da freguesia também não era o suficiente para que se construa um templo de grandes dimensões como era ambicionado. Surge, neste terceiro momento, a solução que considera mais acertada, que seria a colaboração entre as duas grandes igrejas de Ermesinde, ou seja, o envio de capital por parte da Igreja da Formiga ou que pelo menos, não se fizessem mais peditórios em qualquer missa, sem que estes tivessem como propósito a construção de uma nova igreja matriz para Ermesinde. Considera, que pesa a favor deste argumento, o facto de todos os ermesindenses pretenderem, em primeiro lugar, a construção de uma casa digna para receber o Padroeiro, S. Lourenço.

    É também considerado o facto de a Igreja da Formiga ter “um rendimento razoável e bom seria que da mesma viesse uma ajuda para a construção da nova Igreja” (AVE, 1963, n.º 63, p. 4). Defende em seguida este argumento, com o facto de estar certo que todos os ermesindenses estariam prontos a sacrificar-se e a dar um pouco do que possuem para garantir a construção de um grandioso templo. Garante que, mesmo com todas estas ajudas, serão necessários mais apoios, uma vez que o número de crianças a realizarem a comunhão solene, anualmente, era já de 500 e que mal podiam, as próprias entrar no templo que estava erguido. Por isso, endereça também o seu pedido às entidades oficiais, dizendo-nos que está ciente dos pesados encargos que o Governo possui com o desenvolvimento e defesa das províncias ultramarinas, mas que sabia que não deixariam Ermesinde pendente das suas ajudas.

    Manuel Correia Simões conclui que a “Igreja Paroquial deve ser

    (...)

    leia este artigo na íntegra na edição impressa.

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    Por: Mariana Filipa Lemos

     

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