A origem da Ficção Científica II
N este mês de novembro trazemos a continuação do artigo sobre as origens da ficção científica. Na primeira parte do artigo, um dos nomes mais focados e em destaque neste género literário foi Jonathan Swift (1667-1745). O autor irlandês que publicou o seu livro “As Viagens de Gulliver” em 1726, quase com três séculos de existência, continua, atualmente, a fazer parte do imaginário de qualquer leitor.
Swift foi um dos mais importantes escritores, poetas e críticos literários irlandeses. Até à data de publicação de “As Viagens de Gulliver” escreveu outras obras, mas foi esta a mais famosa sendo considerada uma obra prima da literatura do século XVII, misturando os géneros de ficção científica e aventura. Nasceu na cidade de Dublin, capital da Republica da Irlanda, no dia 30 de novembro de 1667, sendo filho de pais protestantes anglo-irlandeses nunca tendo, no entanto, conhecido o pai, uma vez que este faleceu poucos meses antes do seu nascimento.
Era ainda muito novo quando a sua mãe foi viver para Inglaterra deixando Swift aos cuidados de um tio, facto que o marcou profundamente e do qual guardou sempre algum rancor. Com a morte do tio, em 1688, foi viver para a cidade inglesa de Leicester voltando a morar com a mãe. Enquanto jovem adulto foi-lhe diagnosticada a doença de Mémière, um distúrbio no ouvido interno que lhe provocava tonturas e náuseas.
Sendo bastante religioso concluiu em 1693, na Universidade de Oxford, o doutoramento em Teologia tendo sido, em 1695, ordenado sacerdote na Igreja da Irlanda, o ramo irlandês da Igreja Anglicana. De volta à sua pátria natal tornou-se capelão e secretário do Conde de Berkeley.
Inicia a escrita em 1696 com o seu primeiro livro “O Conto do Tonel”, uma sátira em prosa onde critica os extremos religiosos do catolicismo da época. Interessa-se por política, escrevendo sobre o tema e, em 1720, com cinquenta e três anos, começou a trabalhar na sua obra-prima “As Viagens de Gulliver”, uma sátira que mistura a literatura de viagem com aventura e ficção científica. O livro é publicado em 1726 tornando-se um dos clássicos da literatura universal que todos conhecemos.
Com uma personalidade polémica, em 1729 publica de forma anónima “Uma modesta proposta para impedir que as crianças pobres se tornem um peso para seus pais e o país”, uma sátira trágica, com um humor destrutivo que propunha que as crianças pobres da Irlanda servissem como abastecimento de comida o mercado inglês. Acaba por falecer na sua cidade natal, Dublin, no dia 19 de outubro de 1745, tendo sido sepultado na famosa Catedral de St. Patrick.
Jonathan Swift continua, ainda hoje, a ser uma das maiores referências e a servir de inspiração para diversos autores.
“Façamos um ponto da situação
Estamos no século XVIII, o século das luzes, com a razão a transitar para o industrializado século XIX. O Homem já não habita mais o centro do Universo e os avanços e descobertas científicas começam a desvendar os contornos da sua natureza biológica e evolutiva. O Homem deixa de ser o centro da criação e tem lugar igual aos dos outros animais e plantas que com ele coabitam um mesmo planeta, com uma história geológica até então inimaginável e insuspeita. Como anteriormente, e sob uma base de conhecimento científico, os medos e os sonhos catárticos desaguam em novos e fantasiosos romances.
Em 1818, Mary Shelley (1797-1851) publica “Frankenstein”. Este outro best-seller da literatura mundial é por alguns autores considerado a obra que define o início do género literário de cuja pré-história temos vindo a perscrutar. Conjuntamente com outro livro de Mary Shelley, “O Último Homem”, publicado em 1826, o figurino do romance científico começa a florestar os territórios da literatura e a ganhar estatuto de género literário próprio.
É de referir ainda uma outra obra, incontornável na integração romanceada do novo conhecimento científico sobre a evolução das espécies e da natureza química e biológica do homem: “O Médico e o Monstro”, escrito em 1886 por Robert Louis Stevenson (1850-1894). Este é outro exemplo excelente do novo romance científico do século XIX, em que as pulsões animalescas e humanas compaginam numa natureza humana una, num conflito imemorial sobre a natureza e lugar do homem na sociedade à luz do conhecimento científico da época.
Recorde-se que Charles Darwin (1809-1882) tinha publicado em 1859 um dos principais livros da história da ciência: “A Origem das Espécies”. Com ele revolucionou o panorama científico e religioso da época, o entendimento sobre a evolução do próprio homem, numa sociedade já por si transformada pela revolução industrial fruto da ciência e da tecnologia.
A ficção científica borbulhava a todo o vapor num espaço que a física e a química modernas estavam então a atomizar e relativizar e em que a telefonia sem fios permitia a comunicação à distância, através do ar, na concretização tecnológica do que antes teria sido pura magia (e bruxaria).
(...)
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António Piedade
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Por:
Luís Dias
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