A forma como observamos o céu
Neste mês de abril voltamos a observar o céu tentado descobrir as figuras do passado. Recorrendo aos avanços da ciência, hoje em dia contamos como aliados nesta matéria os potentes telescópios instalados na Terra ou nos vários satélites artificiais que temos espalhados pelo espaço. Como já focámos a invenção do telescópio noutras edições, este mês iremos dar destaque aos satélites artificiais que têm sido essenciais para explorar o vasto universo.
Os satélites artificiais são equipamentos desenvolvidos pelo homem com o intuito de explorar o Universo. São corpos mecânicos, lançados para o espaço através de foguetões e que passam a orbitar corpos celestes como planetas e outros satélites, sendo utilizados para o aprofundamento dos estudos sobre o universo. O termo satélite tem proveniência do latim “satelles” ou “satellitis”, que significa corpo que gravita em torno de um astro de massa maior ou dominante. Surge, desta forma, a necessidade de distinguir os satélites artificiais dos naturais. Os satélites naturais são corpos celestes sólidos que orbitam os planetas, popularmente chamados de Luas. Na Terra temos o nosso satélite natural, a Lua, mas não somos os únicos do sistema solar a contar com este tipo de corpos. No nosso sistema solar existem vários satélites naturais, sendo que os planetas que apresentam maiores números de luas são Júpiter que reúne 67, Saturno com 62, Urano com 27 e Neptuno com 14. Por sua vez, Marte possui 2 luas e Mercúrio e Vénus não apresentam satélites naturais.
Para falarmos do surgimento dos satélites feitos pelo homem, temos que ir até aos períodos da Guerra Fria, quando existiu uma grande disputa espacial pela União Soviética e pelos Estados Unidos. Esta corrida espacial teve como grande marco o envio do Sputnik 1, o primeiro satélite artificial a orbitar na Terra, enviado pelos soviéticos em outubro de 1957. Esse acontecimento foi o resultado de anos de estudos realizados por cientistas do país e um marco histórico, porque é considerado o evento que iniciou a corrida espacial. O lançamento deste satélite pioneiro foi marcado para o dia 6 de outubro de 1957, mas, como os soviéticos estavam temerosos de que os norte-americanos lançassem primeiro o seu satélite, optaram por antecipar o lançamento para o dia 4. O Sputnik 1 foi, assim, lançado dois dias antes da base localizada em Tyuratam, no Cazaquistão, às 22h28m no horário de Moscovo.
O lançamento do Sputnik 1 foi um grande feito científico e surtiu grande repercussão no mundo e na própria União Soviética. Uma das maiores repercussões deu-se nos Estados Unidos, com a opinião pública a voltar-se contra o presidente dos Estados Unidos, Dwight Eisenhower, acusando-o de permitir que os EUA fossem tecnologicamente ultrapassados. Com estes desenvolvimentos os norte-americanos pretendiam responder ao feito soviético com o lançamento de um satélite do projeto Vanguard. O primeiro teste feito pelos americanos aconteceu em 6 de dezembro de 1957 e foi um desastre, tendo o foguete que transportava o satélite explodido. Só em janeiro de 1958 é que os Estados Unidos conseguiram, finalmente, lançar o seu primeiro satélite: o Explorer 1. Foi apenas depois do lançamento do Explorer 1, que o governo dos Estados Unidos ordenou a criação da National Aeronautics Space Administration, mais conhecida atualmente como NASA. É essa agência que coordena todas as atividades norte americanas relacionadas com o espaço desde 1958. Antes disso, em 4 de novembro de 1957, os soviéticos lançaram o Sputnik 2, e com este alcançaram um novo feito: enviaram o primeiro ser vivo para o espaço. O Sputnik 2 pesava cerca de 508 kg e levou a cadela Laika até ao espaço.
Atualmente, os satélites artificiais continuam a ser uma grande ajuda para a descoberta do espaço e permitem a descoberta de inúmeros novos corpos celestes todos os anos.
“Com novas íris te universo
A íris é uma estrutura circular e fina que existe nos olhos, e que lhes dá a cor que nos maravilha. É responsável pelo controlo do diâmetro e tamanho da pupila, no seu centro, e logo pela quantidade de luz que se adentra no olho e atinge a retina.
Irradiada por estrelas e, outros corpos e eventos cósmicos, de forma característica ao longo do tempo, a radiação electromagnética inunda o espaço, pelo menos desde 380 mil anos após o “Big Bang” que originou o nosso Universo.
Como é que sabemos disto? Entre outros dados, através da radiação cósmica de fundo captada através de outras íris, estas radioteslescópicas, que fomos tecnologicamente construindo e colocando em altas montanhas (onde o ar é mais rarefeito e seco, e longe da poluição luminosa dos grandes centros urbanos), ou em telescópios espaciais colocados em órbitas determinadas (onde não há ar, nem muitas poeiras).
Existem várias “íris telescópicas” a olhar o céu por nós, humildes míopes cósmicos. As ciências astronómicas e astrofísicas usufruem hoje de satélites que, com instrumentação precisa e apropriadamente muito sensível, perscrutam zonas específicas de quase todo o espectro electromagnético.
Em 2013 o telescópio Planck registou, por todo o espaço em seu redor e durante 15 meses, o registo fóssil dos primeiros fotões (partículas de luz) que surgiram no nosso Universo, depois de uma viagem de mais de 13 mil milhões de anos até chegarem até nós. Esses fotões chegam-nos em radiação electromagnética com a frequência das micro-ondas e correspondem ao que se designa por radiação cósmica de fundo. Através dos dados obtidos pelo telescópio satélite Planck conseguimos “ver” a primeira luz que irradiou depois do “Big Bang”.
Ao longo destas últimas décadas outros telescópios incorporados em satélites “veem” o Universo em outras frequências. Alguns exemplos são: o Herschel no infra-vermelho longínquo; o JWST no infra-vermelho; o Telescópio Espacial Hubble no vísivel; o Gaia no infra-vermelho próximo, visível e ultravioleta; o XMM-Newton no raios-x; o nos raios gama; et cetera.
Cada uma destas “íris telescópicas” têm missões científicas precisas e têm contribuído decisivamente para a concepção que temos do Universo, desde as galáxias mais distantes aos buracos negros no centro da nossa galáxia, desde as espantosas nebulosas remanescentes de explosões de supernovas, aos pulsares das estrelas de neutrões, autênticos faróis na noite cósmica.
Outras íris avançam em direcção às estrelas: as sondas Voyager e Pioneer que são os objectos humanos actualmente mais longe da Terra (a Voyager 1 encontra-se na fronteira mais distante conhecida do nosso Sistema Solar, a mais de 120 vezes a distância da Terra ao Sol).
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António Piedade
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– Ciência Viva”
Por:
Luís Dias
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