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Edição de 29-02-2024
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    Arquivo: Edição de 31-07-2020

    SECÇÃO: Ciência


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    Os desafios das migrações

    Todos já ouvimos falar em migrações. Sejam elas humanas ou de animais, representam uma transição para, muitas vezes, o desconhecido. Mas então, porque ocorrem as migrações? Em todo o caso, será que os benefícios superam os riscos?

    Podemos definir uma migração animal como um movimento direcional em massa pelo qual os animais se dirigem de um local para o outro. As migrações podem ser temporárias, quando uma determinada população regressa ao seu habitat de origem, ou permanentes, quando uma população se instala indefinidamente num novo local. Os movimentos migratórios são conhecidos em muitas espécies de animais e podem ter periodicidades diferentes, indo desde migrações diárias, anuais ou plurianuais. Este comportamento animal é um fenómeno registado pelo homem desde os tempos bíblicos, onde se encontra mencionada, por exemplo, a migração periódica dos gafanhotos.

    Esta movimentação pode desenvolver-se em percursos na água, na terra ou no ar e envolver diversos motivos. Assim, podem ser várias as razões que levam os animais a migrar sendo que muitos fazem-no com fins de procriar ou para encontrar alimento. Há animais que migram para lugares onde possam hibernar, ou repousar durante o inverno. Outros, ainda, mudam de região devido ao excesso de calor ou de frio, ou por causa da chuva ou da seca de certos períodos anuais.

    A forma como alguns animais se orientam, durante as migrações, ainda continua a ser uma incógnita para os cientistas. Alguns usam a posição do Sol e das estrelas para se orientarem, outros, como o salmão, por exemplo, usam o sentido do olfato. Já as aves possuem uma espécie de bússola interna, que possibilita a orientação. Na execução destes estudos, os cientistas utilizam técnicas recorrendo à mais recente tecnologia, como a perceção do movimento de bandos de aves através de um radar ou monitorizando as deslocações de uma manada através de dispositivos eletrónicos presos aos animais.

    Há, no entanto, migrações que continuam a surpreender-nos de cada vez que ocorrem como a dos gnus através do Parque Nacional do Serengeti, em África. A migração deste grande mamífero, da família dos bovídeos, conta com cerca de dois milhões de indivíduos que migram do Serengeti, na Tanzânia, para os pastos verdes da Reserva Nacional de Masai Mara, no Quénia, entre julho e outubro. As zebras, embora em menor número, fazem exatamente a mesma migração.

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    “MÃES E CRIAS EM MIGRAÇÕES POUCO PACÍFICAS

    Uma mãe e a sua cria nadam, lado a lado, ao longo da costa numa zona de águas baixas. Depois do nascimento e de ser amamentada pela mãe durante alguns meses, a cria está pronta para uma das mais longas migrações feitas por qualquer mamífero. São baleias cinzentas (Eschrichtius robustus) e deslocam-se cerca de 9.000 km entre a zona de reprodução de inverno no Golfo da Califórnia e a zona de alimentação de verão no Mar de Bering. Atualmente já só existem no Oceano Pacífico depois de, no Atlântico, terem sucumbido a séculos de caça. A captura perpetuada pelo homem visava esta baleia que, apesar de dar luta e de ter grandes dimensões, desloca-se quase sempre junto à costa. Apesar de tudo, encontravam poucos predadores à sua altura. O homem era um deles e a captura foi tão intensa que no século XVIII já não restava nenhum destes grandes migradores no Atlântico. Uma situação que se mantém até aos dias de hoje.

    Inexplicavelmente, e quase por acaso, foi avistado no verão de 2010 um indivíduo no Mar Mediterrâneo. Um errante do Pacífico ou um remanescente da população do Atlântico perguntaram-se os cientistas? De onde vem e para onde irá? Perguntava-se ainda quem fotografou a sua barbatana caudal e assim identificou o animal em duas ocasiões, em dois locais distintos. Mas não voltou a ser visto, nem este animal, nem nenhum outro desde então.

    Resta-nos virar a nossa atenção para os cerca de 20.000 indivíduos que resistem no Pacífico. Mas não pacificamente. Continuam a enfrentar um predador igualmente temível: a orca! Sendo este o maior dos golfinhos, é um dos mais ativos predadores marinhos e alimenta-se de peixes, mas também de aves e de outros mamíferos marinhos. E no Pacífico, existem orcas que caçam crias de baleias cinzentas!

    Ainda que o par de baleias cinzentas se aproxime da costa em busca de proteção, um grupo de orcas detetam-nas e cercam-nas. Depois, afastam a mãe da cria e mantêm esta abaixo da superfície até que deixe de respirar. As orcas atacam à vez, mostrando às suas próprias crias como se processa a captura. Comem-lhes a língua… Deixam o resto do corpo.

    A baleia cinzenta, depois de investir toda a sua energia no parto, na amamentação e na viagem, permanece ao lado da sua cria morta. Terá agora que esperar mais um ano para encontrar um parceiro e acasalar, e ainda outro ano de gestação para que nasça uma nova cria. E depois, serão novamente apenas mãe e cria esperando não se cruzar, na próxima rota de migração para o pacífico norte, com o seu único predador.

    Na proximidade das baleias, mantém-se o grupo matriarcal de orcas, dominado por uma fêmea e onde as crias ficam com as suas mães durante tempo suficiente para aprender técnicas de caça e de comunicação. Depois disso, os machos juvenis afastam-se do grupo, as fêmeas juvenis permanecem.

    Uma mãe e a sua cria nadam, lado a lado, ao longo da costa numa zona de águas baixas. São orcas e fortalecem com mais uma captura, bem-sucedida, a sua ligação para a vida.

    Cristina Brito

    Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva”

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    Por: Luís Dias

     

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