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    Arquivo: Edição de 31-07-2020

    SECÇÃO: Desporto


    Ermesindense Rui Faria percorre de bicicleta em apenas quatro dias os 738 Km da Estrada Nacional 2

    Um feito digno de ser registado e perpetuado que envolveu um misto de superação, sacrifício e ambição. Assim podemos classificar a aventura de Rui Paulo Ribeiro Faria, um ermesindense de 49 anos, apaixonado pela arte de pedalar, o mesmo será dizer pelo ciclismo, que entre os dias 10 e 13 de junho passados alcançou aquele que é para si um «feito histórico», e que passou por percorrer o país de norte a sul em cima de uma bicicleta em apenas quatro dias! De Chaves a Faro pela Estrada Nacional 2, a maior estrada da Europa, assim se fez o feito de Rui Faria, com quem o nosso jornal esteve neste mês à conversa no sentido de descortinar os contornos desta longa pedalada. Passemos pois a palavra a Rui Faria, que nas próximas linhas, e em discurso direto, nos fala desta aventura vivida em duas rodas.

    Fotos ARQUIVO RUI FARIA
    Fotos ARQUIVO RUI FARIA
    A Voz de Ermesinde (AVE): Em primeiro lugar começamos por lhe perguntar como surgiu a ideia de fazer este percurso de bicicleta do norte ao sul de Portugal num período tão curto de tempo?

    Rui Faria (RF): A ideia já vinha do ano passado, mas contudo não consegui convencer nenhum amigo que me acompanhasse, sendo que este ano preparei-me novamente para a fazer. Porém, com a vinda da Covid-19 infelizmente não arranjei outra vez amigos para me acompanharem, mas como me preparei desde o inicio do ano, e mesmo em março fiz “rolos” em casa, estava focado em realizar a aventura e resolvi fazê-la sozinho.

    AVE: Escusado será dizer que o Rui Faria é um apaixonado pelas bicicletas e pelo ciclismo...

    RF: ... A minha aproximação ao ciclismo começou em 2000, quando uns amigos me convidaram para dar a volta ao Salto (Recarei), num percurso de 65 Kms. Fiquei todo partido nesse dia (risos). Atualmente, faço parte da equipa de cicloturismo do Grupo Desportivo Ferroviários de Campanhã, uma coletividade que é filiada na Associação de Cicloturismo do Norte, entidade esta que organiza anualmente várias provas amadoras. Semanalmente faço entre quatro a cinco treinos, e recentemente também com a companhia do meu filho que é atleta da Academia de Ciclismo de Paredes NRV. Por norma, faço por semana 200 Kms de bicicleta.

    AVE: Com esta ideia de fazer o trajeto norte-sul (Chaves-Faro) em tão poucos dias tentou estabelecer ou bater algum recorde que estivesse na posse de outra pessoa, ou simplesmente tentou desafiar-se a si próprio?

    RF: Não tentei bater nenhum recorde, simplesmente desafiar-me e sair pela aventura e conhecer o nosso país pela maior estrada da Europa, a Estrada Nacional 2.

    AVE: No seu percurso, digamos, de ciclista, ou de simples apaixonado pela arte de pedalar, já tinha vivenciado alguma situação semelhante? Ou este foi o primeiro grande desafio em duas rodas que se propôs fazer?

    RF: A minha paixão de andar de bicicleta é tão grande que já fiz 106 Kms em plena Serra da Estrela sozinho; o ano passado fiz o trajeto Porto-Lisboa (340 Kms) num só dia; pelo Gerês já andei 170 Kms; todos os anos vou a Fátima (212 Kms); já fui a Santiago de Compostela (250 Kms) e agora fiz estes 738 Kms em quatro dias pela Estrada Nacional 2.

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    AVE: Porque escolheu a Estrada Nacional 2, a mais longa do país para levar por diante esta viagem?

    RF: A Estrada Nacional 2 é de facto a estrada mais longa que existe em Portugal e isso fez-me pensar: “e se um dia eu atravessar Portugal desde Trás dos Montes até ao Algarve?”. E para o conseguir não é fácil, pois temos de estar focados no objetivo e treinar muito para o alcançar. Além disso, esta travessia leva-nos a conhecer várias tradições culturais, várias localidades, vários sítios que pelas auto-estradas nunca iríamos conhecer.

    AVE: Inicialmente tinha programado fazer este percurso em cinco dias, mas acabou por fazê-lo em quatro. O que o fez mudar de planos e tornar esta “aventura”, digamos assim, numa façanha com contornos ainda mais impressionantes?

    RF: Eu faço por ano muitos quilómetros de bicicleta, mas fazer 738 Kms seguidos em cinco dias não sabia como o meu corpo iria reagir, pois nunca tinha pedalado tantos dias seguidos, e foi por isso que planeei a aventura a contar com cinco dias de “viagem”. Mas no primeiro dia (de viagem) encontrei uns colegas pelo caminho que também iam fazer a Nacional 2 e eles falaram-me que já a tinham feito em quatro dias e que eu também conseguiria fazê-lo. Mas como era a primeira vez que fazia o percurso disse-lhes que “a ver vamos como se portam as pernas”. No decorrer dos dias fui sentindo que as minhas pernas estavam a portar-se bem e resolvi assim encurtar um dia a esta aventura.

    AVE: Sabemos que teve o apoio de um amigo, que lhe levou o carro para transportar roupa, alimentação e alguns materiais em caso de avaria, esse foi o seu único apoio? Já agora, onde passava as noites entre as etapas?

    RF: Felizmente tive o meu amigo Francisco José que me levou o carro no sentido de me servir de apoio logístico. As noites eram passadas em pensões, hostels, pois quanto mais barato melhor, já que o que eu queria era descansar bem, visto que no dia a seguir tinha pela frente mais quilómetros para fazer. As despesas desta aventura foram todas suportadas por mim.

    AVE: Nas quatro etapas que fez qual era a média de horas que fazia por dia em “cima da bicicleta”?

    RF: Na primeira etapa, entre Chaves e Viseu, fiz 168 Kms em 7h52m. Na segunda etapa, que ligou Viseu à Sertã, fiz 169 Kms em 8h16m. Na terceira etapa, realizada entre a Sertã e Alcáçovas fiz 196 Kms em 9h00m. Por fim, na quarta etapa, entre Alcáçovas e Faro, fiz 185 Kms em 8h19m.

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    AVE: Existiram momentos em que parava para descansar ou fazia o trajeto seguido, sem paragens?

    RF: As etapas começavam sempre cedo, por volta das 6h30m da manhã. Depois, parava para almoçar, quando tinha mais ao menos percorrido 110 Kms, sendo que também aproveitava essas paragens para fotografar quando via algo de interessante. A alimentação também era feita em andamento.

    AVE: E quanto a dificuldades, por certo que uma aventura destas traz consigo algumas dificuldades. Neste aspeto, perguntamos-lhe quais foram as principais dificuldades sentidas ao longo das várias etapas?

    RF: As maiores dificuldades que senti nesta aventura foram só por si os 738 Kms que tive pela frente. Mas todas a etapas tinham sempre algo de difícil. Por exemplo, na primeira etapa recordo-me da subida desde a Régua até Bigorne (30 Kms). Na segunda etapa foi duro fazer a subida da Serra da Lousã (20 Kms). Na etapa seguinte a saída da Sertã até Vila de Rei foi de igual modo muito dura. E na quarta etapa a subida da Serra do Caldeirão (15 Kms) também foi muito difícil de fazer. Felizmente não apanhei calor, pelo contrário, pois fiz duas etapas com tempo de chuva. De resto correu tudo bem.

    AVE: Quando sentiu essas dificuldades alguma vez pensou desistir desta viagem, ou pelo contrário, as dificuldades deram-lhe ainda mais força para continuar?

    RF: É nas dificuldades que nós, os ciclistas, ficamos mais fortes e como as subidas tinham que ser ultrapassadas não havia outro remédio senão fazê-las. Para mim o ciclismo é um misto de superação, sacrifício e ambição.

    AVE: Voltando um pouco atrás, a viagem foi feita pela Estrada Nacional 2, uma estrada que como é sabido tem vários problemas, de piso, por exemplo. Em que condições encontrou a estrada e já agora perguntamos-lhe se essas condições lhe foram ou não favoráveis?

    RF: Na Estrada Nacional 2 a nível de piso não encontrei grandes dificuldades, pois o alcatrão era bom na maior parte dos quilómetros. O mais difícil que encontrei, e que seria fácil de resolver, foi a sinalização, pois há autarquias que não sinalizam bem o trajeto e penso que a Nacional 2 merece uma sinalização mais vistosa e digna da estrada mais longa da Europa.

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    AVE: Aliás, esta estrada atravessa uma das zonas mais fustigadas pelos incêndios de 2017 que aconteceram no país, na região Castanheira de Pêra-Sertã, mais concretamente. Como estava essa zona quando lá passou?

    RF: Relativamente a vestígios dos fogos de 2017 nem vi rasto deles. A vegetação já cresceu e isso (vestígios dos incêndios) já nem se nota.

    AVE: Nesta sua viagem procurou conhecer as terras por onde passou, ou focou-se apenas na bicicleta e no caminho que tinha pela frente?

    RF: Conforme já comentei, o meu foco era sem duvida fazer os 738 Kms, mas como é óbvio por onde passei, quando a paisagem assim o exigia, parava e tirava umas fotografias.

    Com respeito às localidades por onde passei deixo aqui o meu contentamento à Sertã, terra muito bonita, nunca tinha lá estado e gostei imenso, o centro bem decorado e muito aprazível.

    (...)

    leia esta entrevista na íntegra na edição impressa.

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