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    Arquivo: Edição de 31-01-2020

    SECÇÃO: Editorial


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    Tolerância

    Não deixa de ser sintomático que, quando se evoca o centenário da Paz sobre a Primeira Guerra Mundial (foi em 1920 que entraram em vigor os Tratados de Versalhes e de Saint-Germain-en-Laye e se fundou, na mesma conjuntura, a Sociedade das Nações), no Médio Oriente, e noutras partes do mundo, se radicalizem opiniões e se manifestem intolerâncias contra aqueles que são diferentes.

    O mundo atual está profundamente marcado por intolerâncias de toda a espécie, vindas de todos os lados, às vezes até de onde menos se esperam. É a intolerância contra aqueles que pensam de maneira diferente, que agem de forma diversa, que não são iguais a nós.

    Mas a diferença entre os seres humanos em vez de ser “condenada” deveria ser, antes, louvada e enaltecida. A riqueza do Homem está precisamente na sua heterogeneidade e não na sua homogeneidade. Por isso mesmo se tem condenado tanto e proibido a clonagem humana.

    No fundo, quase tudo se resume à palavra “tolerância”.

    Tolerância para com aqueles que são diferentes de nós, na religião, na paixão clubística, na convicção política, no grau de cultura, na nacionalidade, no sexo ou na raça.

    Claro que ser “tolerante” nem sempre é fácil, bem pelo contrário, às vezes é mesmo muito difícil, conseguir ser tolerante, de forma regular e continuada com todos aqueles que nos rodeiam.

    A tolerância plena assenta em valores que deveriam ser considerados fundamentais e estruturantes da forma de ser e de estar, na vida em comunidade.

    Nunca é demais lembrar aqui aqueles princípios do iluminismo de setecentos que inspiraram os movimentos revolucionários desse século e do seguinte, contribuindo para uma profunda mudança das mentalidades daqueles tempos e que sintetizaríamos assim: o Homem é um ser com direitos e deveres; as autoridades só podem ser respeitadas quando agem em função do bem comum e têm legitimidade para desempenhar os seus cargos (e essa legitimidade assenta, normalmente, num ato eleitoral); os poderes políticos (legislativo, executivo e judicial) são divididos – quase sempre tripartidos – e independentes entre si; todos têm de contribuir com os seus impostos para a comunidade; dá-se importância ao Homem e à sua cultura, apostando-se, como nunca, nas aprendizagens escolares.

    E, a propósito, destas revoluções inspiradas nos iluministas, recordo que a Revolução Liberal Portuguesa ocorreu precisamente na cidade do Porto, faz no próximo verão duzentos anos.

    Em matéria de direitos humanos e de tolerância, permitam-me já agora que recorde as quase duas dezenas de milhares de refugiados que afogaram os seus sonhos no Mar Mediterrâneo nos últimos anos sem que os políticos europeus, tão ciosos dos valores democráticos, tenham feito tudo o que podem para dar uma nova vida a estas pessoas que fogem de perseguições e torturas, da guerra e da miséria.

    Por: Manuel Augusto Dias

     

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