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    Arquivo: Edição de 31-10-2019

    SECÇÃO: História


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    ACONTECEU HÁ UM SÉCULO (8)

    António José de Almeida, Presidente da República

    No dia 5 de Outubro de 1919, nono aniversário da proclamação da República Portuguesa, tomou posse aquele que seria o único Presidente da Primeira República a cumprir o mandato na íntegra, António José de Almeida. Eleito pelo Congresso da República no dia 6 de agosto de 1919, tomaria posse no hemiciclo de S. Bento, que ao tempo integrava o então denominado Palácio do Congresso, para exercer a mais alta magistratura do Estado, entre 5 de Outubro de 1919 e 5 de Outubro de 1923.

    ANTÓNIO JOSÉ DE ALMEIDA QUANDO FOI ELEITO (IN ILUSTRAÇÃO PORTUGUESA DE 18 DE AGOSTO DE 1919)
    ANTÓNIO JOSÉ DE ALMEIDA QUANDO FOI ELEITO (IN ILUSTRAÇÃO PORTUGUESA DE 18 DE AGOSTO DE 1919)
    António José de Almeida foi um importante ativista do movimento republicano português e maçon como muitos outros republicanos do seu tempo.

    Nasceu no dia 27 de julho de 1866 em Vale da Vinha (Penacova) e faleceu em Lisboa, no dia 31 de outubro de 1929, completam-se ainda este mês 90 anos.

    Revelar-se-ia extremamente popular pelos seus dotes oratórios. De grande empenhamento político, seria muito relevante a sua participação na preparação das intentonas revolucionárias de 1891 (1.ª Revolta Republicana do Porto) e de 1908. Esteve igualmente envolvido na Revolução triunfante no dia 5 de Outubro de 1910, que instauraria a República.

    O seu combate contra o regime monárquico, em acentuada corrupção e decrepitude, acentuou-se tanto no Parlamento (tendo sido eleito para as duas últimas legislaturas da Monarquia), como na imprensa (fundou e dirigiu vários jornais, o mais importante e prestigiado foi, sem dúvida, o “República”, em janeiro de 1911; e escreveu artigos bastante incisivos contra o regime político vigente, como o “Bragança, o Último”, em que atacava o monarca e o regime). Era ainda aluno da Faculdade de Medicina, em Coimbra, quando publicou esse artigo no jornal académico “Ultimatum”. Foi considerado insultuoso para o rei D. Carlos, que o processou. Defendido pelo Dr. Manuel de Arriaga, apanharia três meses de prisão.

    Terminado o seu curso em 1895, seguiu para Angola e, depois, para S. Tomé e Príncipe, onde exerceu a sua profissão de médico, até 1903. Nesta data regressou a Lisboa, tendo, pouco depois, partido para França para estagiar em várias clínicas, donde regressou no ano seguinte. Em Lisboa de novo, teve consultório, primeiro na Rua do Ouro, depois no Largo de Camões, entrando, ao mesmo tempo, na vida política ativa. Nesta condição, foi candidato pelo Partido Republicano, em 1905 e 1906, tendo sido eleito deputado nas segundas eleições, em agosto de 1905. No ano seguinte, em plena Câmara dos Deputados, sobe acima da mesa, e apela aos soldados, que haviam sido chamados para expulsar os deputados republicanos do Parlamento, para que proclamem de imediato a República.

    Estabelecida a República, coube-lhe em 1910 assumir o Ministério do Interior, do Governo Provisório Republicano, o que provocou um grande desgaste da sua figura, pois teve de enfrentar graves problemas de ordem social.

    TOMADA DE POSSE DE ANTÓNIO JOSÉ DE ALMEIDA (IN ILUSTRAÇÃO PORTUGUESA DE 13 DE OUTUBRO DE 1919)
    TOMADA DE POSSE DE ANTÓNIO JOSÉ DE ALMEIDA (IN ILUSTRAÇÃO PORTUGUESA DE 13 DE OUTUBRO DE 1919)
    Revelaram-se tão profundas as divergências, pessoais e políticas, com outro importante republicano, Afonso Costa, e outros democráticos, que António José de Almeida protagonizou uma importante e definitiva cisão no Partido Republicano Português, vindo a criar o seu próprio partido: Partido Republicano Evolucionista, bastante mais conservador. Apesar desta cisão no panorama político-partidário republicano, acederá a chefiar o Governo da União Sagrada, no período da Primeira Guerra Mundial, acumulando o desempenho dessas funções com as de Ministro das Colónias, no momento em que Portugal decide entrar também neste conflito na Frente Ocidental depois da Declaração de Guerra feita pela Alemanha a Portugal, no dia 9 de março de 1916.

    Em 1918 surge o interregno sidonista, em que António José de Almeida é perseguido. Findo o domínio político de Sidónio Pais, com a sua eliminação física, é eleito Presidente da República, em 1919.

    No período da Primeira República a eleição presidencial fazia-se em moldes completamente diferentes dos que ocorrem atualmente. Era um sufrágio indireto, feito no Congresso (Câmara de Deputados e Senado) e requeria uma maioria de dois terços. Esta eleição teve lugar no dia 6 de agosto de 1919, concorreram vários candidatos mas os mais votados, na 1.ª volta, foram António José de Almeida e Manuel Teixeira Gomes. O 1.º era do Partido Evolucionista e teve 87 votos, o 2.º era do Partido Democrático e teve 82 votos. Houve uma 2.ª volta que também não teve uma maioria de dois terços, até que à 3.ª foi de vez, com a eleição de António José de Almeida que obteve 123 votos (73,65%) contra 31 (18,56%) de Manuel Teixeira Gomes, que só teria de esperar 4 anos, para então se tornar o 7.º Presidente da República.

    A Ilustração portuguesa, de 18 de agosto de 1919, noticiando a eleição tem palavras de grande elogio para o candidato vencedor: «O dr.Antonio José de Almeida, que em 5 de outubro proximo assumirá a presidencia da Republica, é dos republicanos portuguezes um dos que gosam de mais merecida popularidade e de maior prestigio, pela nobreza do seu caracter Impoluto, pelo fulgor da sua eloquencia arrebatadora e pela dedicação incomparavel que a causa republicana, que é a da patria, lhe tem merecido desde verdes anos. / A biografia do dr.Antonio José de Almeida, que a partir de Coimbra logo se impoz aos seus contemporaneos, é por demais conhecida. Medico, tribuno, panfletario, jornalista, parlamentar, homem de governo, - afirmou sempre qualidades e talentos hoje em plena maturação. Todos esperam que ele, na magistratura suprema, esteja á altura do seu passado e que o seu periodo presidencial seja fecundo de felicidades para o paiz».

    Na qualidade de Presidente da República visitará o Brasil, em 1922, na altura das comemorações do 1.º centenário da sua independência,quando naquele país se registava uma forte corrente nativista que se exprimia por atos xenófobos contra os portugueses. António José de Almeida, com os seus invulgares talentos oratórios, consegue minimizar os efeitos desta onda contestatária.

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    Por: Manuel Augusto Dias

     

     

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