PASSEIOS DE BICICLETA À DESCOBERTA DO PORTUGAL REAL...
“Faz é uns pregos no pão, que fiambre não puxa bicicletas!”
Bati à porta da residencial “Sol Rio”no Sabugal.
Ainda o sol não tinha despertado. Tinha ficado assim combinado no dia anterior com o proprietário.
Atravessei a ponte sobre o rio Côa e entrei na EN 233. Adoro viajar pelas nacionais. Estradas bem cuidadas sem grande trânsito, podendo parar sem causar transtorno a quem nelas circula.
Embora com as pálpebras pesadas de sono e com o sol a encadear, lá fui admirando o Vale da Sr.ª da Póvoa, Meimoa, e toda aquela paisagem até Penamacor. Nesta parei para tomar o pequeno-almoço, e visitar o seu castelo e o centro histórico. Consultando o mapa, decidi ir visitar as termas de Monfortinho, com a curiosidade de ver um dos locais de lazer do ex Dono-Disto-Tudo.
Indo por uma estrada secundária, passando pela Aldeia do Bispo e de João Pires, e encontrando, finalmente, na EN 239. Nesta vi duas aldeias espetaculares em termos de conservação e de beleza. Terei que lá voltar. O motivo é que não tenho nenhuma foto por o meu telemóvel na altura já não ter capacidade de memória. Aldeias de Monsanto e de Penha Garcia.
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VISTA DA CIDADE DE CASTELO BRANCO DE UMA AMEIA DO CASTELO |
Por fim lá cheguei a Monfortinho. Depois de ter admirado as aldeias anteriores, esta foi uma desilusão. Por ali fiz um Piquenique à sombra de um eucalipto. Segui pela EN 240 debaixo de um calor abrasador.
Estrada bastante movimentada por camiões Tir que, na sua maioria, eram de nacionalidade Espanhola. Queixamo-nos dos nossos? Deviam ver estes. Camiões no meio da via, sem ligarem aos limites de velocidade ou de com quem cruzavam. Com a deslocação do ar mais parecia uma abelha a voar em tarde ventosa. Quando os vislumbrava ao longe, logo pensava. “Devagar, devagar …. Filhos …”.
Com isto lembrei-me de quando fiz a EN 2, de Castro Verde a Faro. Fui para a estrada ainda o galo não tinha cantado. Depois de passar por Almodôvar e entrando na subida da serra do Caldeirão, pressentindo a aproximação de um camião, encostei-me bem junto do limite da estrada, admirado pelas contínuas reduções de marcha. O camionista faz-me sinais de luzes, ficando com os máximos a iluminar a estrada. Depois de me acompanhar mais de quinze a vinte minutos, já com a presença dos primeiros raios de sol a iluminarem o dia, ultrapassa-me ligando os piscas e orquestrando uma melodia com as buzinas. Esta não esquecerei. Educação ou Civismo?!!.
Parei em Ladoeiro para comer e bebericar algo fresco. Ao meu pedido, alguém presente diz em som alto e audível “Fatinha, faz é uns pregos no pão, que fiambre não puxa bicicletas!” Era um jovem que nunca tinha visto. Agradeci a ideia e por ali fiquei um pouco a cavaquear.
Já a Lua ia alta, quando cheguei a Castelo Branco. O parque de campismo fica fora da cidade a uns quatro kms, na estrada para Alcains. Quando lá cheguei encontrei os portões fechados. Preocupado aproximei-me dos mesmos e li numa folha pendurada “Portão aberto. Empurre. A entrada é registada amanhã de manhã.”
“Por norma somos gente boa…”.
Por:
Manuel Fernandes
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