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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 30-11-2018

    SECÇÃO: Património


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    Acontecimento Insólito em S. Lourenço de Asmes (3.ª parte)

    Como vimos na parte anterior, este Guilherme Pereira (Figura 2), pai no nosso protagonista, teve uma juventude desafogada, tanto em Portugal com os pais, como no Brasil(1) com o tio. Pelo ano de 1852, com cerca de trinta anos rumou à Europa(2), reinava no Brasil o imperador Pedro II (filho do nosso rei D. Pedro IV, e irmão da rainha D. Maria II, reinante em Portugal),cruzou fronteiras pela Europa durante algum tempo, inteirando-se da situação política dos vários países que visitou. Na França era implantado por Napoleão III (sobrinho de Napoleão Bonaparte) por meio de um golpe de estado palaciano, pois já era presidente, e por sinal o 1.º presidente eleito por voto directo, o segundo império. A Itália estava num processo de unificação, que tinha iniciado em 1848. A Alemanha, repartida em vários estados e reinos, sendo o mais poderoso, o reino da Prússia. Grassava pela Europa uma onda liberal e revolucionária, era o tempo de Marx, Engels, etc.. Era esta a imagem da Europa onde Guilherme Pereira deambulou durante algum tempo. Por fim voltou à sua cidade natal, é integrado no meio ambiente burguês da cidade onde conhece a sua futura esposa.

    REPRESENTAÇÃO DO IMPERADOR PEDRO II EM MOEDA DE 1852
    REPRESENTAÇÃO DO IMPERADOR PEDRO II EM MOEDA DE 1852
    Casou a 30 de março do ano de 1853, no mesmo dia do nascimento de Vincent van Gogh(3), quase a fazer 32 anos, com D. Cândida Guilhermina dos Santos Vieira Rodrigues Fartura, de 21 anos, a qual era natural da freguesia da Sé, nascida a 12 de setembro de 1831, filha legítima de António José Rodrigues Vieira Fartura, fidalgo-cavaleiro da Casa Real(5) e comendador das Ordens de Cristo e de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa(5), sobre este encontrei, uma referência que diz “em 1843, um comerciante de origem portuense, o Comendador Vieira Fartura, se estabeleceu em Angra do Heroísmo, Açores, por motivos políticos(6), e foi um grande negociante da praça de Angra nos Açores(7)”, e de sua mulher, D. Margarida Eugénia dos Santos Nogueira Vieira, neta paterna de Francisco Vieira Rodrigues e de Anastácia Cardoso, ambos da freguesia de São João Baptista do Mosteiro, de Vieira do Minho, Arcebispado de Braga, e neta materna de António José dos Santos Nogueira, Cavaleiro da Ordem de Cristo e de D. Ana Rosa de Jesus.

    Neste casamento celebrado na igreja paroquial da freguesia de Victória(8), nesta cidade do Porto, receberam-se como marido e mulher, segundo o Concílio Tridentino, e a Constituição do Bispado, celebrado três dias após o domingo de Páscoa. A cerimónia foi celebrada pelo Cónego Pároco Manuel Francisco Gregoire, da Santa Igreja Insigne Colegiada de São Martinho de Cedofeita(9) da Invicta Cidade do Porto. E foram testemunhas presentes, o Padre António Dias de Pinho, morador na Rua de Vinte e Cinco de Julho, e João Ribeiro Alves e D. Ana Augusta Machado Pereira, estes moradores na Rua do Almada.

    GUILHERME AUGUSTO MACHADO PEREIRA
    GUILHERME AUGUSTO MACHADO PEREIRA

    1 A independência do Brasil é do dia 7 de setembro de 1822, com o “grito do Ipiranga”.

    2 Aos emigrantes que debandaram ao Brasil por esta época e depois voltaram como capitalistas às suas terras de origem chama-se de “Os Brasileiros de Torna-Viagem”.

    3 Pintor holandês, considerado um dos mais famosos e influentes da história da arte ocidental. https://pt.wikipedia.org/wiki/Vincent_van_Gogh, consultado a 8 de novembro de 2018.

    4 Fidalgos da Casa Real (FCR) eram os que estavam assentados nos “Livros d’el-Rei”, e que tinham deveres de prestação de serviços.

    D. CÂNDIDA GUILHERMINA DOS SANTOS VIEIRA RODRIGUES FARTURA
    D. CÂNDIDA GUILHERMINA DOS SANTOS VIEIRA RODRIGUES FARTURA
    5 A Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, de seu nome completo Real Ordem Militar de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, é uma ordem dinástica portuguesa. “Mercês Honoríficas do Século XX (1900-1910)”, Jorge Eduardo de Abreu Pamplona Forjaz, Guarda-Mor, 1.ª Edição, Lisboa, 2012

    6 “Meios Burgueses e Negócios em Territórios Periféricos: O Distrito de Angra do Heroísmo, 1860-1910” de Paulo Silveira e Sousa.

    7 “As elites o quotidiano e a construção da distinção no distrito de Angra do Heroísmo durante a segunda metade do século XX.” de Paulo Silveira e Sousa.

    8 Edificada em 1755, por iniciativa do bispo D. Frei António de Sousa, para substituir o antigo templo, as obras terminaram em 1769. Esta igreja foi bastante afetada durante o Cerco do Porto e por um incêndio que deflagrou em 1874 e que destruiu o altar-mor. Destacam-se no seu interior as talhas dos altares, dos púlpitos e da sanefa do arco cruzeiro, desenhada e executada pelos mais notáveis artistas do rococó portuense - Francisco Pereira Campanhã e José Teixeira Guimarães. A escultura da Virgem do altar-mor é da autoria do escultor Soares dos Reis, exceto o rosto encomendado a um santeiro local.

    CERTIDÃO DE CASAMENTO
    CERTIDÃO DE CASAMENTO
    9 A Colegiada teve origem depois de se ter introduzido nas igrejas catedrais o sistema da vida em comum, passou a ser tão grande o número de clérigos que procuravam servi-la, que em muitas igrejas paroquiais se estabeleceram Colégios clericais com organização semelhante à dos Cabidos. Certos mosteiros também se transformaram em colégios de cónegos por ser permitido aos monges que se apartavam da sua regra seguir o instituído por que se regiam os cabidos. Esta foi a origem das colegiadas, que dos cabidos se distinguiam por serem presididas pelo pároco, com o título de Prior, ao passo que os cabidos eram presididos pelos bispos. Desconhece-se a data da fundação da Colegiada de S. Martinho de Cedofeita. De 1221 existe um documento que a ela se refere. Mas é muito provável que a sua criação seja anterior àquela data.

    Fim da 3.ª parte,

    (continua)

    Por: Carlos Marques

     

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