SECÇÃO: Editorial

35 anos de cidade!

No próximo dia 13 de julho, Ermesinde assinala 35 anos da sua elevação à categoria de cidade – um momento simbólico que transcende a mera formalidade legal e que representa, antes de mais, o reconhecimento da vitalidade de uma comunidade com identidade própria, com história, com memória, mas também com futuro. A data não pode nem deve ser apenas evocativa: é, sobretudo, uma oportunidade para reafirmar a centralidade de Ermesinde no contexto do concelho de Valongo e para projetar os desafios de desenvolvimento que continuam por cumprir.

Foi a 13 de julho de 1990 que a então vila foi elevada a cidade, por deliberação da Assembleia da República, e por via da Lei n.º 40/90, promulgada a 10 de agosto pelo Presidente Mário Soares – coincidentemente, o dia de São Lourenço, padroeiro da cidade. Por detrás desta conquista esteve um forte movimento político e cívico, protagonizado por deputados de várias bancadas, entre os quais se destacou o ermesindense José Puig, cuja memória continua ligada à luta por uma Ermesinde com mais voz e maior autonomia.

Desde então, Ermesinde tem sido, ano após ano, a freguesia que mais cresceu no concelho de Valongo, quer em população, quer em peso urbano e económico. Tornou-se num espaço que acolhe milhares de habitantes vindos de várias origens, mantendo, ao mesmo tempo, a marca do seu passado industrial, ferroviário e associativo. Esta dinâmica tem alimentado um sentimento de pertença que vai além da simples ligação geográfica: Ermesinde quer ser reconhecida não apenas como cidade, mas como território com capacidade de decisão e de afirmação.

A verdade é que, desde há décadas, a cidade se distingue pela forma como os seus cidadãos sentem o quotidiano como próprio e, por isso mesmo, reivindicam melhores serviços e maior proximidade administrativa. A criação da Loja do Cidadão, inaugurada em maio de 2016, respondeu parcialmente a essa aspiração, ao permitir que os ermesindenses possam tratar, na sua cidade, assuntos antes concentrados na sede do concelho.

As comemorações do Dia da Cidade, ao longo destes 35 anos, têm assumido múltiplas expressões, refletindo o pulsar da comunidade: da atribuição de Medalhas da Cidade, em 2007, à celebração do 25.º aniversário em 2015 com distinções a instituições de referência como a ADICE ou a Associação Académica e Cultural de Ermesinde; da Noite Branca e dos Bombos de 2019, ou ainda à criação, em 2024, do Dia da Paróquia, pela mão do Padre Domingos Areais, num gesto que reforça os laços entre comunidade religiosa e cidade.

A celebração dos 35 anos, marcada por um programa diversificado, não deve ser apenas mais um número redondo num calendário. Deve ser entendida como um tempo de balanço e de projeção. Um momento para reconhecer o muito que foi feito, mas também para exigir o que falta fazer: resolver os problemas de mobilidade, melhorar os equipamentos públicos, ordenar o crescimento urbano e reforçar a identidade cultural da cidade.

Ermesinde não se afirma apenas pelo número de habitantes ou pelas infraestruturas. Afirma-se pela capacidade de imaginar e construir um futuro coletivo com base na memória, na coesão e na participação ativa da sua população. A cidade que nasceu do esforço de muitos, que cresceu com determinação e que se transformou ao longo de 35 anos, continua a ser um projeto em aberto.

Cabe-nos a todos – cidadãos, autarcas, coletividades, agentes educativos, culturais e sociais – contribuir para que Ermesinde, nos próximos 35 anos, seja ainda mais cidade, mais próxima, mais solidária, mais justa. Que este 13 de julho seja, pois, mais do que uma comemoração, um compromisso renovado com o sonho de sempre. Porque Ermesinde continua a merecer uma vida coletiva com mais qualidade e justiça. E o sonho, esse, não pode morrer.

Por: Manuel Augusto Dias