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Edição de 31-05-2025
Jornal Online

SECÇÃO: Ciência


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O Passado Gravado: A Importância dos Fósseis para Compreender a Vida na Terra

Ao longo de milhões de anos, a Terra foi palco de transformações extraordinárias. Espécies surgiram, evoluíram e desapareceram, oceanos abriram-se, montanhas ergueram-se, climas alternaram-se entre eras glaciais e tropicais. Mas como sabemos tudo isto, se nenhum ser humano testemunhou esses acontecimentos? A resposta está gravada na própria Terra, em testemunhos silenciosos que resistiram ao tempo: os fósseis. Estudar fósseis é abrir uma janela única para o passado profundo do nosso planeta. São mais do que simples vestígios de criaturas extintas; são documentos naturais que contam a história da vida, da evolução e da transformação dos ecossistemas.

Os fósseis formam-se quando restos de seres vivos são preservados em condições muito específicas, geralmente após serem rapidamente cobertos por sedimentos que os protegem da decomposição. A fossilização pode conservar ossos, dentes, conchas, folhas, pegadas ou até excrementos. A maioria dos organismos que viveu na Terra nunca fossilizou, por isso cada fóssil encontrado é uma peça rara num gigantesco puzzle natural. Ao estudá-los, os paleontólogos conseguem reconstruir as formas de vida do passado, identificar espécies extintas, compreender como se relacionam com os seres vivos atuais e perceber como foram afetadas por mudanças ambientais, catástrofes ou adaptações evolutivas.

Ao longo da história da ciência, alguns fósseis revelaram-se particularmente importantes. Em 1974, na Etiópia, foi descoberto o esqueleto parcial de uma hominídea com cerca de 3,2 milhões de anos. Foi batizada de Lucy e pertence à espécie Australopithecus afarensis. Esta descoberta mudou a nossa compreensão da evolução humana, mostrando que a locomoção bípede surgiu muito antes do cérebro atingir o volume que caracteriza os humanos modernos. Outro exemplo marcante é o Archaeopteryx, um fóssil com penas como as aves, mas também com dentes e garras como os répteis. Encontrado na Alemanha em 1861, tornou-se um símbolo da transição entre dinossauros e aves e surgiu pouco depois da publicação de “A Origem das Espécies” de Darwin, reforçando a teoria da evolução por seleção natural.

Mas nem todos os fósseis famosos pertencem a criaturas espetaculares. Os trilobites, pequenos artrópodes marinhos que viveram durante centenas de milhões de anos, são igualmente importantes. Os seus fósseis surgem em muitas partes do mundo e são usados como fósseis-guia, permitindo datar com precisão camadas de rocha do período Paleozoico. Também os dinossauros, talvez os fósseis mais populares do mundo, fascinam não só o público, mas também os cientistas, ao revelarem como a vida terrestre se diversificou e evoluiu durante o Mesozoico. Descobertas como o Tyrannosaurus rex, o Triceratops ou o Velociraptor têm alimentado não só a investigação científica, mas também o imaginário coletivo através do cinema, da literatura e da educação.

Portugal tem dado um contributo relevante para este campo científico. Na região da Lourinhã, foram descobertos ninhos, ovos e esqueletos de dinossauros, incluindo o Lourinhanosaurus, um predador do Jurássico. Em localidades como a Batalha ou Pombal, é possível ver pegadas fossilizadas de dinossauros, muitas vezes em trilhos bem definidos, que contam histórias de deslocações em grupo, perseguições ou simples rotinas do dia a dia desses gigantes extintos. Estas descobertas não só reforçam o valor geológico e paleontológico do nosso país, como também motivam a curiosidade científica de alunos, investigadores e visitantes.

Os fósseis são testemunhos silenciosos da evolução da vida, marcadores do tempo geológico e mensageiros de um mundo que existiu muito antes de nós. Estudá-los é um exercício de humildade e de deslumbre. Cada fóssil é uma história por contar, uma memória da Terra gravada na rocha. E ao escutarmos essas histórias, compreendemos melhor quem somos, de onde viemos e como podemos cuidar do planeta que partilhamos.

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“ÂMBAR

Âmbar ou resina fóssil, é também um produto de oxidação de substâncias de origem orgânica. Tem cor amarela-acastanhada ou avermelhada, é transparente e parte com fractura conchoidal, lembrando o pês. O mais antigo âmbar foi encontrado em formações do Triásico, mas conhecem-se resinas fósseis no Carbonífero e no Pérmico. As mais divulgadas são as da região do Báltico e resultaram de acumulação de resina de coníferas no Eocénico.

O âmbar do Báltico, ou succinito (do latim succinum, com idêntico significado), foi alvo do interesse dos homens do Neolítico. Temos provas da sua procura e utilização intensiva nos séculos XVI e XVII. Do seu estudo, na região da Península de Sambia, por geólogos alemães, no século XIX, quando se iniciou a sua exploração industrial, ficámos a conhecer tratar-se de um tipo particular de depósito sedimentar com cerca de 40 Ma, associado a uma vasta estrutura deltaica oriunda da Escandinávia, espalhada em leque, na parte sul do actual mar Báltico. O âmbar aqui contido nas “argilas azuis” (blue earth) encontra-se também disperso, por desmantelamento desta unidade, nos depósitos do litoral da Alemanha, Polónia, Lituânia e outros países do sul do Báltico, para onde foi transportado por acção fluvio-glaciária durante o Pleistocénico, sendo hoje também aí explorado.

A transformação diagenética da ou das resinas originais no produto fóssil envolve a perda de substâncias voláteis e processos químicos de polimerização, oxidação e outros, com participação activa e reconhecida de bactérias. Na sua composição elementar participam carbono, hidrogénio, oxigénio e enxofre em muito pequena percentagem (0,5 a 1%), elementos que, sabe-se hoje, fazem parte da

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