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 Coisas que acontecem Confesso que nunca tinha pensado ser diretor d' A Voz de Ermesinde. Mas aconteceu. Quando menos esperamos, somos surpreendidos com um encontro que não estava marcado. A vida é isso mesmo: imprevisto, novidade. Exige que, em todos os dias, haja uma linha em branco na nossa agenda. Quando me foi lançado o repto, a minha preocupação imediata foi saber se estava preparado para isso. A Voz de Ermesinde teve, ao longo da sua história com mais de meio século de publicação ininterrupta, diretores que souberam dar-lhe dimensão, rigor e qualidade. Daí a minha dúvida: serei eu a pessoa certa para o lugar que outros tão distintamente ocuparam? Disseram-me que sim. Espero corresponder às expectativas. Alguém dizia que a vida é um caminho longo, onde se é mestre e aluno: algumas vezes ensinamos e todos os dias aprendemos. "Nunca sabemos tudo, nunca estamos seguros de saber o suficiente ou de não ignorar o mais importante". É com este espírito de abertura e humildade que estou determinado a fazer o que sei e posso, para levar o mais longe possível a voz e a letra d' A Voz de Ermesinde. Acredito que esse objetivo vai ser conseguido, paulatinamente, sem roturas com o passado, com a inestimável ajuda dos atuais colaboradores e de outros que venham a aderir ao projeto. Conto, ainda, com a generosa contribuição da população de Ermesinde. A todos agradeço, já, o empenho e dedicação. Tudo farei com isenção e sem paixões. De alguma coisa me hão-de valer as cicatrizes deixadas pelo apego à verdade e à liberdade, valores que me são muito caros. Seguirei as sábias recomendações de Miguel Torga: 
 Recomeça… Se puderes, Sem angústia e sem pressa. E os passos que deres, Nesse caminho duro Do futuro, Dá-os em liberdade. Enquanto não alcances Não descanses. De nenhum fruto queiras só metade. 
 E, nunca saciado, Vai colhendo Ilusões sucessivas no pomar. Sempre a sonhar E vendo, Acordado, O logro da aventura. És homem, não te esqueças! Só é tua a loucura Onde, com lucidez te reconheças. 
 
 Miguel Torga, Diário XIII, p. 20 Por: 
			Casimiro Sousa
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