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    Arquivo: Edição de 15-09-2006

    SECÇÃO: Destaque


    Marcha pelo Emprego do BE circulou no concelho de Valongo

    Depois dos concelhos de Braga, Guimarães e de Famalicão foi a vez de Valongo receber, a 4 de Setembro último, a Marcha pelo Emprego, uma iniciativa organizada pelo Bloco de Esquerda que tem vindo a percorrer grande parte do país desde o dia 1 do presente mês e que irá terminar depois de amanhã em Lisboa (17 de Setembro).

    A “deslocalização” foi o tema central deste quarto dia de marcha, tendo por isso a caravana bloquista aproveitado a ocasião para fazer uma visita à Lear de Valongo, uma multinacional onde paira precisamente esse “fantasma”. Tendo percorrido várias artérias de Valongo e de Ermesinde a marcha integrou alguns notáveis do Bloco, entre os quais Francisco Louçã, que em declarações ao nosso jornal teceu um breve comentário em relação ao verdadeiro “massacre” - como o próprio fez questão de dizer - que dá pelo nome de desemprego.

    E ao “seu” quarto dia a marcha passou pelo concelho de Valongo. A partida deu-se junto à feira de Valongo, local onde cerca de duas centenas de pessoas, na sua grande maioria militantes ou simpatizantes do Bloco de Esquerda (BE), iniciariam a longa caminhada por algumas ruas do concelho. De salientar, ou relembrar, que a Marcha pelo Emprego é uma iniciativa popular do BE que tem como objectivo a abordagem profunda de uma das actuais grandes problemáticas nacionais, o desemprego. Nesta marcha os bloquistas “trazem”, por isso, um vasto leque de soluções, ou propostas, com vista ao combate de um problema que tem alastrado de uma forma assustadora no nosso país.

    Fotos MANUEL VALDREZ
    Fotos MANUEL VALDREZ
    Em cada dia a marcha tem abordado uma temática diferente em volta da dolorosa situação do desemprego.

    Em Valongo o tema do dia girou em torno da “deslocalização”, que em Portugal vai estando cada vez mais em voga nos tempos mais recentes. Assim, o ponto alto da marcha bloquista no nosso concelho ocorreu junto às instalações da Lear de Valongo, uma multinacional que ainda há pouco tempo andou nas “bocas do Mundo” por ter dispensado 285 funcionários e onde paira a ameaça de no final do presente ano se vir a deslocalizar para o leste europeu.

    Nesta visita, a caravana do BE, encabeçada por Francisco Louçã, dialogou com alguns dos cerca de 500 operários que continuam a laborar na multinacional americana de cablagens para automóveis. Homens e mulheres cujo futuro profissional continua longe de ser risonho, já que no final do ano, e como já referimos, tudo parece indicar que a empresa sairá definitivamente do concelho de Valongo, prevendo-se assim que mais trabalhadores engrossem as fileiras do desemprego. Depois da paragem na Lear a marcha rumou até Ermesinde, onde as forças foram retemperadas (os quilómetros nas pernas eram já bastantes) com um almoço num restaurante do centro da Cidade. Uma oportunidade aproveitada pel’ “A Voz de Ermesinde” para trocar umas breves palavras com o líder do BE, Francisco Louçã, que começou por se referir ao tema central do quarto dia da marcha como uma situação vergonhosa. «Hoje estivemos na Lear de Valongo, uma fábrica que já despediu 285 trabalhadores e ameaça despedir os restantes 500 no final do ano. A história é sempre a mesma, ou seja, encontramos empresas viáveis e com trabalhadores qualificados, empresas que são das melhores da Europa mas que vão ser fechadas porque na China não há direito à greve e os trabalhadores ganham 75 euros por mês. É uma vergonha. Na Lear de Valongo encontramos diversos casais (marido e mulher) que lá trabalham e não sabem o que o futuro lhes reserva depois do mais do que certo fecho da empresa no fim do ano. Esta situação é um abuso, e é por isso que queremos obrigar há que hajam contratualizações para que sejam proibidos os despedimentos ou rescisões voluntárias quando existam empresas com lucros, de forma a que se possam evitar mais situações como esta. Nos últimos cinco anos 58 multinacionais desapareceram do país, ou reduziram a sua actividade como é o caso da Lear. É demais, temos de parar com isto», sublinhou Louçã.

    «SEMPRE O MESMO MASSACRE»

    Para o dirigente bloquista o cenário do emprego, ou do desemprego melhor dizendo, no concelho de Valongo não é em nada diferente do que se verifica no resto do país. No diálogo que os bloquistas foram criando com os munícipes valonguenses ao longo dos locais por onde passou a marcha, as queixas e as preocupações para com a actual crise de emprego que o país atravessa não foram novidade. Trabalhadores qualificados e não qualificados inseguros quanto ao seu futuro profissional, jovens licenciados sem perspectivas profissionais a curto prazo, pais preocupados com o futuro dos seus filhos, indivíduos na “casa” dos 50 anos para quem já não existe uma segunda oportunidade de emprego, «sempre a mesma coisa, sempre o mesmo massacre. Sim, porque o desemprego é um verdadeiro massacre, é uma violência sobre as pessoas. Somos o país da União Europeia onde o desemprego mais cresceu nos últimos quatro anos. Parece que esta pouca vergonha nunca mais acaba. E é por isso que a Marcha pelo Emprego apresenta todos os dias propostas para combater este problema. Fazemos um combate pela alteração das leis, pela relação de forças, por criar forças nos trabalhadores», frisou Louçã.

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    Após o almoço a caravana do BE seguiu para a feira de Ermesinde, onde continuou a ouvir os desabafos da população e a apresentar alternativas para contornar esta grave situação. O quarto dia de marcha terminaria no concelho da Maia. De referir ainda que para além de Francisco Louçã a caravana bloquista contou com a presença de outros notáveis desta força política de esquerda, entre os quais João Teixeira Lopes, João Semedo, Alda Macedo, ou Ana Drago. Integrados na marcha estiveram igualmente diversos elementos da concelhia do BE Valongo, como seria de prever, como por exemplo Eduardo Valdrez (presidente da concelhia do partido), o deputado municipal Fernando Monteiro, ou ainda o deputado da Assembleia de Freguesia de Ermesinde Luís Santos.

    Por: Miguel Barros

     

     

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