O limpo, o sujo e o lixo
Gosto muito do Outono e dos tapetes formados pelas folhas das árvores, como da Primavera e das flores que caem das árvores, tapetes floridos, quantas vezes de extrema beleza! Mas este meu encanto pelas pétalas das flores e dos tapetes de folhas onde apetece rebolar, escorregar nas carumas deixadas pelos pinheiros, não é nada consensual...
Para muitos, o que para mim é beleza, incomoda imenso algumas pessoas que o consideram lixo, sujidade.
Muitas pessoas não gostam de árvores exactamente por acharem que elas sujam muito.
Realmente este conceito de limpo e sujo não é linear e direi mesmo que tem evoluído ao longo dos tempos.
Todos sabemos que um belo jardim coberto de folhas pode ser um perigo, não por estar sujo mas porque torna o piso escorregadio. Se vier uma boa chuvada as folhas estragam-se, perdem a beleza, mas podem ser recuperadas como alimento das plantas.
Continuo a ter dúvidas sobre se uma rua ou um largo coberto de folhas secas é um local sujo.
Mas esta questão do limpo e do sujo, dos lugares de higiene pessoal de cada um, tem uma história mais longa e variada em termos de conceitos e de moral.
Não é preciso recuar muito no tempo para entendermos os conceitos de higiene, as condições das casas, da água canalizada, a relação das pessoas com o seu corpo, as chamadas lavagens a seco.
A generalização do banho higiénico é ainda muito recente. Tão recente que é muitas vezes citado como uma virtude ou uma vaidade de quem o pratica.
«Balzac mandou construir uma casa de banho revestida de estuque branco, no prolongamento directo do quarto». A existência de um local específico para o banho era realmente uma novidade.
Hoje já não nos contentamos apenas com um quarto de banho por casa e tomamos mais que um banho por dia…
Por:
Fernanda Lage
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