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    Arquivo: Edição de 15-03-2006

    SECÇÃO: Arte Nona


    A geo-estratégia inter-imperialista e a chegada dos nazis ao poder

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    Com cenário de Tarek e desenhos de Stéphane Perger, as Edições Emmanuel Proust (Paris) deram à estampa, em Janeiro de 2005, “Sir Arthur Benton” – Opération Marmara”, o primeiro de uma série de três livros abordando peripécias da ascensão ao poder na Alemanha do Partido Nacional Socialista Alemão e a ascensão e queda do seu poder sobre a Europa.

    O primeiro da trilogia – Operação Marmara – tem como pano de fundo a disputa entre potências imperiais supostamente aliadas (França e Grã-Bretanha) pelo domínio do mundo, num cenário em que, por um lado, temem o ascenso visível de Hitler na Alemanha mas, por outro, se opõem, da forma mais frontal, à ameaça representada pela União Soviética.

    O livro tem início com o interrogatório do traidor inglês Sir Arthur Benton pelas forças aliadas, após a guerra (e a derrota alemã), passando então este a narrar – recusa-se a fazê-lo a mais alguém – ao seu rival, o agente secreto francês Émile Marchand a história, com início em 1929, em que este, como agente de ligação, tentava fazer chegar ao Partido Nazi um importante carregamento de armas, supostamente fazendo assim parar o maior perigo representado pelos soviéticos. Para os franceses a situação será outra, conscientes do perigo de rapidamente a Alemanha poder entrar numa via expansionista, e logo num momento em que as defesas francesas se encontram com debilidades.

    Trata-se pois da época precedente aos acordos de Munique, em que os governantes francês Daladier e britânico Chamberlain, procuravam empurrar Hitler contra Moscovo.

    Mais tarde, depois da eclosão da guerra, também Staline, com o Pacto Germano-Soviético, pensou livrar-se duma ofensiva alemã a leste, defendendo internacionalmente uma política de muita passividade face ao que representava a proposta nazi.

    É este – o delinear de um cenário histórico não muito conhecido –, quanto a nós, o interesse maior do livro de Tarek e Perger. O cenário tem aqui um papel determinante, se bem que o carácter um tanto esquemático da evolução das personagens e das suas diferentes motivações (o expansionismo otomano, o nacionalismo sírio, o nazismo, a resistência alemã a este, os interesses imperiais franceses e ingleses) possa diminuir um pouco o seu interesse, com várias situações não muito verosímeis, como aquela, por exemplo, em que o espião inglês aliado do nazismo Benton ocupa uma casa mesmo em fente da de Goebbels, em Berlim, ou aquelas, várias, em que diferentes personagens evoluem à vez para jogar uma cartada .

    A técnica de Perget assenta sobretudo na aguarela, com largo predomínio dos castanhos, pontuados a preto e amarelo, mas em que através de um jogo muito dinâmico de enquadramentos, se faz fluir a estória com muita desenvoltura. Isso é logo introduzido na primeira página, com alguns efeitos de raccord, e passa logo depois – ainda na cena do interrogatório – a vários planos distintos, de conjunto, de pormenor, picado, etc..

    A passagem do cenário da sala de interrogatórios para a de uma sala de um clube de Londres (a acção que começa em 1928) é também marcada pelo aparecimento inesperado e brutal da cor vermelha, como que anunciando o ascenso do nazismo. Tal como um efeito interessante é dado pelo mesmo vermelho presente na bandeira do Partido Nazi e da manifestação do KPD (Partido Comunista Alemão) que entretanto se realiza na rua, e dará origem a um confronto.

    De outra cena com o KPD vem-nos, mais uma vez, a sensação de inverosimelhança de que já falámos. É quando na sede deste partido se debate a solução para a questão judia – deixar desde já sair as crianças ou não – em que o Bureau Político vota de braço no ar na presença do francês, a luta contra o ascenso do nazismo. Mas no cômputo geral, a obra merece absolutamente o aplauso.

    Por: LC

     

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