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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 30-10-2005

    SECÇÃO: Arte Nona


    Em Biapolis nem sempre se mata como deve ser...

    Imagine-se uma sociedade onde matar é perfeitamente legal, desde que devidamente contratualizado. É Biapololis, uma metrópole tecnológica desenvolvida, mas da idade do ferro, com uma arquitectura de arte nova flamejante, com veículos movidos a vapor e suspeita-se... a energia nuclear.

    O herói, Aristide Nyx, é um “regulador”, isto é um dos eleitos, de alto estatuto, a quem é concedida a licença para, digamos assim, «regular» alguns assuntos pendentes, só resolúveis pelo homicídio.

    Vinhetas MARC MORENO
    Vinhetas MARC MORENO
    Várias academias de regulação disputam entre si os contratos para estes nobres missões.

    Nesta anti-utopia, a história, cujo cenário é também ele um excesso barroco, tem como herói um homem que, antes de se tornar regulador, sofreu a pontos de a morte ou a dor já não o importunarem. Ele é o sobrevivente de um par de gémeos siameses, unidos pelo tórax, que viveram juntos anos até serem separados (para a vida e para a morte), por uma cirurgia. O coração estava do lado de Aristide.

    A obra, da autoria de Corbeyran (o cenário) e de Marc Moreno (desenho e cor), mas que conta ainda com a colaboração de Eric Moreno a partir do segundo volume da saga (“Hestia”, também para o desenho e cor), é graficamente sumptuosa.

    A arquitectura do ferro abre-se ante os nossos olhos em panorâmicas deslumbrantes, com o estilo arte nova a imperar, e toda uma panóplia de maquinetas cujo design e inspiração repousa directa e flagrantemente no século XIX, princípios do século XX da nossa civilização, embora ressuscitados em tecnologias de ponta que permitem assombrosas máquinas voadoras, mais leves e mais pesadas que o ar.

    Picados e contra-picados vertiginosos, uma cor soberba, uma arquitectura e design levados até ao paroxismo do barroco, fazem da obra uma proposta gráfica absolutamente fascinante.

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    Por sua vez, o cenário de Corbeyran é, ao mesmo tempo, monstruosamente bem arquitectado e coerente, e uma narração extremamente bem urdida para manter o interesse da história sempre viva e ir, gota a gota, desvendando os seus meandros. O leitor vai então compreendendo cada vez melhor a sociedade de Biapolis e a trama à volta de um tão incrível herói.

    Em Portugal, a obra foi editada pela Vitamina BD Edições, tendo sido originalmente publicada na Bélgica pelas edições Delcourt (em 2003), o primeiro volume da saga (“Ambrosia”).

    O segundo volume (“Hestia”, também o nome de uma mulher), foi publicado em Maio de 2004.

    Por: LC

     

     

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