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Fotos Ursula Zangger |
A "VOZ DE ERMESINDE" NA FEIRA DO LIVRO DO CONCELHO DE VALONGO
«A Literatura Popular é como um tesouro ao sol»
Maria Emília Traça voltou à Feira do Livro do Concelho de Valongo para, na noite da passada quinta-feira, dia 14 de Julho, proferir a segunda palestra sua agendada no programa da feira, desta vez sob o tema “À Roda da Literatura Popular”. A investigadora e pedagoga fez uma dissertação breve sobre várias das formas de expressão da Literatura Popular, Tradicional ou Oral, algumas das quais foram ali exemplificadas, na voz da própria conferencista ou com a ajuda de duas vozes emprestadas.
No final da palestra procedeu-se à cerimónia da entrega dos prémios do Concurso de Quadras Sanjoaninas promovido pelo nosso jornal.
Maria Emília Traça deu início à sua palestra procurando mais ou menos definir o conceito de Literatura Popular, entre outros citando os estudos de Viegas Guerreiro, que na linha do grande mestre Leite de Vasconcelos – de quem foi próximo colaborador –, buscou estudar com rigor académico as matérias ligadas à literatura de transmissão oral, à cultura tradicional e à criatividade popular, realizando vários estudos de campo e sendo um dos responsáveis pela criação do actual Centro de Tradições Populares Portuguesas.
A conferencista referiu a tradição popular como fonte inesgotável para a literatura, e deu o exemplo de Aquilino e Shakespeare entre outros autores imortais que muito lhe devem.
Citou depois o grande escritor Carlos de Oliveira, que terá comentado, em frase que dá o título a esta peça: «A Literatura Popular é como um tesouro ao sol».
Referências ainda aos interditos e às formas de os contornar, como o sexo na poesia popular galega. Referência ao “Cancioneiro” de Garrett – uma recolha fundamental da cultura portuguesa, às lenga-lengas, a jogos e rimas infantis, aos contos, provérbios, ditos, lendas, adivinhas, orações e tantas tantas formas em que se cristalizou a Literatura Popular.
UMA CRIATIVIDADE
PROLÍFICA
Falou dos “Contos Populares Portugueses” de Adolfo Coelho.
Falou de Luísa Ducla Soares e António Mota.
Falou de Alves Redol, e mesmo da iniciação de Sophia à literatura, através das histórias de uma criada sua. Das folhas volantes que eram vendidas no comboio.
E até cantou o “Ró-ró, uma cantiga de embalar, que maliciosamente, além da função evidente, constituía também um sinal secreto de uma amante ao seu namorado, a sinalizar-lhe que o marido estaria fora de casa.
Das rimas e jogos infantis lembrou a “Condessa” e a “Babona”. E na literatura popular, a célebre “Nau Catrineta”.
Foi uma cavalgada heróica pela noite adentro (ah pois, quando falou de Redol falou de Fernando Lopes Graça). E pronto.
Por:
LC
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