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Edição de 31-10-2025
Jornal Online

SECÇÃO: Local


Museu da Magia fecha as suas portas em Ermesinde

Fotos MUSEU DA MAGIA
Fotos MUSEU DA MAGIA
O Museu da Magia vai encerrar as suas portas em Ermesinde. A viagem mágica que teve início a 31 de janeiro de 2023 chega agora ao fim, tendo o nosso jornal a oportunidade, e acima de tudo a honra, de fazer uma derradeira visita a este espaço encantador localizado no Edifício Faria Sampaio antes do “cenário” começar a ser desmontado e voltar a ser erguido noutras paragens.

Fomos guiados neste último tour pelo presidente (e grande mentor deste projeto) da Associação Museu da Magia Portugal, Miguel Ângelo, a quem começámos inevitavelmente por questionar sobre o porquê desta decisão. «A primeira das razões tem a ver com o espaço, o qual começou a ser pequeno para conseguirmos alcançar aquela visão que desde início tínhamos, ou seja, em crescer um bocadinho mais. Dou-lhe este exemplo. O nosso auditório que tem uma capacidade para 35 pessoas, ou no máximo 40 com um bocadinho de boa vontade, tinha um volume de visitas que rondava sempre as 90 a 100 pessoas. Curiosamente, muitas delas vindo de fora do concelho. De modo que começava a ser difícil gerir o curto espaço com a nossa história a crescer. Sentimos que aqui não conseguimos crescer mais e mostrar realmente aquilo que o museu tem», começou por explicar Miguel Ângelo. No entanto, as razões deste fecho não se resumem à falta de espaço físico para crescer, mas de igual modo devido ao final de um “casamento” entre o Museu e a Câmara de Valongo. Por outras palavras, faltou mais do que manter a mera paixão pelo espaço em si, mas manter a paixão por parte do Município pelo projeto, nas palavras do nosso interlocutor. «Nós notámos que não havia mais esse casamento perfeito e optámos por muito simpaticamente pôr um ponto final nesta história de amor. Mas amigos na mesma».

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Questionado se sai deste “casamento” com mágoa, Miguel Ângelo é perentório em dizer que não. «Nunca se pode ter mágoa da história», diz o presidente do Museu da Magia, fazendo de seguida um elogio público ao agora ex-presidente da Câmara de Valongo, José Manuel Ribeiro, «por quem tenho um carinho e uma admiração e pelo trabalho notável que fez». Ainda no seguimento da pergunta que fizemos, Miguel Ângelo frisa que não guarda mágoa porque «não posso deixar de me lembrar da história, de quem esteve e quem está, mas também tenho de cuidar do que é meu, do crescimento do museu. E eu tive o cuidado de avisar a Câmara Municipal de Valongo que tínhamos a necessidade de crescer, de que queríamos crescer. Disse-lhes para virem ao terreno e verem o modo como poderíamos crescer calma e lentamente. Mas deixou de haver paixão, e nós sentimos isto como um casamento, em que o melhor é separarmo-nos enquanto não se cria um caos pessoal. Vamos continuar amigos na mesma, e agora ficam as lembranças e a gratidão, que é algo que nunca poderá faltar. Gratidão à Câmara de Valongo pela cedência deste espaço e por inicialmente ter acreditado no projeto». Miguel Ângelo lamenta, no entanto, que após a «uma inauguração fantástica» do Museu há pouco mais de dois anos e meio tenha havido esta quebra na ligação entre Município e o Museu da Magia. Não da parte de quem gere a Câmara, como faz questão de sublinhar, mas de «quem está sentado nos gabinetes e vai continuar sentado a trabalhar. Acho que era importante as pessoas virem ao terreno e vir conhecer o que era esta mais-valia chamada Museu da Magia. Para terem uma ideia do que quero dizer com isto, nós, Museu, trabalhámos com muitas IPSS’s, que à sua guarda têm crianças com necessidades especiais, e nós tivemos de ir ao terreno para sentir essas necessidades para construirmos este e outros projetos para que elas pudessem usufruir».

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Miguel Ângelo fala igualmente em algumas debilidades do próprio edifício onde foi instalado o Museu da Magia, as quais foram sendo comunicadas com frequência à autarquia, como por exemplo o facto de o exterior do edifício ser extremamente escuro à noite, do facto de durante o dia não existir um rececionista nem um segurança no interior do mesmo, em que qualquer pessoa pode entrar, o que torna complicada a tarefa de quem tem à sua guarda crianças, por exemplo, que em grupos visitavam aquele espaço museológico. Miguel Ângelo explicou ainda que o Museu da Magia sempre teve o cuidado de criar um relatório mensal do que ali se fazia, no sentido de mostrar que «éramos pró-ativos e ao mesmo tempo dizer à Câmara de Valongo que o investimento deles de espaço e de tempo fazia sentido. Nós não estávamos a pedir muito, só estávamos a pedir que nos dessem um bocadinho de amor, porque havia esta necessidade de sentir que nós pertencíamos ao município, algo que nunca sentimos», lamenta. E quanto ao futuro do Museu? Bom, apesar de se preparar para sair de Ermesinde o Museu da Magia não vai fechar definitivamente as suas portas, longe disso. Há toda uma história, há toda uma riqueza que urge ser exibida, mesmo que noutras paragens. «O museu obviamente não vai acabar, isso não faria sentido. A história vai ter de continuar, pois há um património, não só o que está aqui à vista, mas tudo aquilo que guardo em vários armazéns meus. Não vou é destapar o que vai acontecer a seguir. Aqui, em Ermesinde, acabou, mas temos um novo capítulo que vamos escrever. Mas repito, não o vamos desvendar por agora».

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Restam, pois, as memórias destes mais de dois anos e meio de vivências na nossa cidade, e nesse sentido Miguel Ângelo faz um balanço positivo deste período, em que não só houve crescimento por parte do Museu como também houve aprendizagens que servem de suporte para o futuro. O nosso interlocutor recorda que desde janeiro de 2023 o Museu da Magia recebeu não só pessoas de vários pontos do país, como também figuras ligadas às artes mágicas de vários pontos do globo. «Isso faz parte das boas memórias que levo daqui». Gratidão é uma palavra que Miguel Ângelo deixa também ao público de Ermesinde, com quem partilhou momentos de paixão e emoção em torno da história da magia. «Agradeço a Ermesinde porque sempre nos tratou com um carinho muito grande. Muito obrigado aos ermesindenses que aderiram ao projeto. Ermesinde fica-me no coração. Endereço um obrigado também à Câmara de Valongo, pois embora não correndo como o esperado, este é um espaço que nunca vamos deixar de agradecer, porque foi a âncora para uma viagem muito interessante», concluí Miguel Ângelo.

Por: MB

 

 

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