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Edição de 31-10-2025
Jornal Online

SECÇÃO: Destaque


ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS 2025

Mapa autárquico nacional ficou mais alaranjado e menos rosa

A 12 de outubro passado os portugueses escolheram 308 presidentes de câmara, 2058 mandatos de vereação, 6463 lugares em assembleias municipais e 3259 presidentes de junta para os próximos quatro anos. Fazendo uma leitura deste ato eleitoral sob o ponto de vista nacional, comece-se por dizer que o PSD saiu vencedor, desde logo pelo simples facto de ter conquistado mais votos, mais mandatos, mais câmaras municipais e mais juntas de freguesia. Sozinhos, ou em coligação (e foram muitas), os social-democratas conquistaram 136 câmaras (mais 22 do que em 2021, sendo que dessas 136 agora conquistadas 78 foram sem coligação e 58 em coligação), algumas delas de peso, desde logo as autarquias das duas maiores cidades do país, Lisboa e Porto. O PSD ganhou também noutros centros urbanos mais populosos, casos de Vila Nova de Gaia, Cascais e Sintra. «Foi uma vitória histórica nos cinco maiores concelhos do país», sublinhou Luís Montenegro na hora de cantar vitória, acrescentando que o PSD é agora «o maior partido português no poder local, no poder regional e na Assembleia da República (AR)», e que com estes resultados os social-democratas estão em condições de liderar a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) e a Associação Nacional de Freguesias (ANAFRE).

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Por sua vez, o PS teve aquilo que podemos classificar como uma derrota com sinais de melhorias. Os socialistas perderam 20 câmaras municipais face ao que aconteceu há quatro anos (nestas eleições venceram 128 câmaras, 126 concorrendo sozinhos, e duas em coligação), foram destronados da presidência da ANMP pelo PSD, algo que já não acontecia desde 2013; mas deram sinais de recuperação da hecatombe ocorrida nas recentes Eleições Legislativas, em que ficaram atrás do Chega. Nas Autárquicas, o PS foi o segundo partido mais votado, mas acima de tudo recuperou algum fôlego face ao que aconteceu a 18 de maio último, levando José Luís Carneiro a frisar que os socialistas haviam voltado «como grande partido de alternativa política ao Governo da Aliança Democrática» e que estas eleições confirmaram «um cenário de recuperação» do partido.

A encerrar o pódio destas Eleições Autárquicas ficou o Chega, que embora tenha conseguido pela primeira vez conquistar a presidência de câmaras municipais, de aumentar e muito, a sua presença em executivos municipais, em assembleias municipais e assembleias de freguesia (conquistou 13 juntas); ficou aquém da meta traçada pelo seu líder na partida da corrida autárquica. André Ventura apontou inicialmente à conquista de 30 câmaras municipais, mas somente venceu três (Albufeira, Entroncamento e São Vicente). «Esta foi uma noite boa», em que o Chega «conseguiu implantar-se a nível autárquico», mas «não era a vitória e a amplitude de vitória que queríamos. O Chega não atingiu todos os objetivos a que se propôs», admitiu André Ventura no rescaldo destas eleições. O que é certo, é que olhando a números o Chega triplicou o número de votos obtidos nestas eleições em relação a 2021, e nesse sentido foi claramente o partido que mais cresceu.

O CDS-PP manteve-se como a quarta força política nacional com mais presidências de câmaras. Os populares mantiveram as seis câmaras que lideram desde 2017 e ademais somaram mais uma em coligação com o PSD, para além de terem eleito autarcas em várias regiões do país. Nuno Melo destacou que o partido viveu uma noite feliz, lançando ainda uma provocação aos críticos que davam os centristas como politicamente irrelevantes: «Para aqueles que dizem que o CDS-PP já acabou, desenganem-se, o CDS-PP está aqui», acrescentando que tinha acabado «um ciclo muito importante. Foi um ciclo de resistência e começa o ciclo de crescimento do nosso partido».

Foto MIGUEL BARROS
Foto MIGUEL BARROS
Um dos grandes derrotados da noite foi a CDU. Apesar de se terem mantido como a terceira força política nacional em termos de presidências de câmara, os comunistas passam de 19 para 12 câmaras, e viram fugir-lhes dois bastiões, casos de Setúbal e de Évora, as duas últimas capitais de distrito que lideravam na entrada para estas eleições. Aliás, esta é a primeira vez que a CDU não conquista uma capital de distrito em Eleições Autárquicas. No quadro geral nacional, os comunistas viram ainda ser-lhes subtraídos eleitos quer nas assembleias municipais, quer nas assembleias de freguesia. Paulo Raimundo assumiu o mau resultado, apontando, contudo, «elementos de resistência», mais concretamente a conquista de novas câmaras, como foram os casos de Mora, Sines, Montemor-o-Novo e Aljustrel.

Noite catastrófica teve o Bloco de Esquerda. Sozinhos. Isto é, sem coligações, os bloquistas perderam os quatro vereadores que tinham nas câmaras, passaram de 94 para apenas seis deputados em assembleias municipais, e passam de 162 eleitos nas freguesias para somente dois. Mariana Mortágua admitiu que o seu partido obteve um resultado «modesto», fazendo, no entanto, um «balanço positivo», nas várias coligações que o BE integrou. Não fossem as coligações e o eclipse bloquista do mapa autárquico nacional seria quase total.

Vinte foram as autarquias conquistadas pelos movimentos independentes, oito delas com maioria absoluta, mais uma câmara arrecadada face a 2021. Em termos de vitórias em câmaras municipais os independentes só foram ultrapassados por PSD e PS.

Nota positiva nestas eleições para a taxa de abstenção, a qual baixou para os 40,7%, sendo esta a taxa mais baixa desde as Autárquicas de 2005.

Olhando agora para aquilo que se passou no nosso distrito, o PS continua a ser o partido com mais câmaras municipais, pese embora tenha visto ser encurtado esse domínio. Ou seja, os socialistas conquistaram agora 10 câmaras, menos duas que há quatro anos. Perderam Baião e Vila Nova de Gaia para um PSD em coligação, isto é, no primeiro município os social democratas aparecem coligados com o CDS-PP, e no segundo com os populares e com a IL. Em Felgueiras, o Livre continua na liderança daquela autarquia de mãos dadas com o PS. Este, foi, aliás, um dos destaques do partido liderado por Rui Tavares, que além de ter mantido Felgueiras passou de oito para mais de 50 autarcas, embora todos eles em coligação, já que a solo o Livre tarda a conseguir conquistar a mesma projeção que tem a nível nacional.

Novidade face ao 2021 é o facto de o Chega passar a ter representação em executivos municipais do Distrito do Porto, tendo conquistado 11 mandatos. No que concerne à taxa de abstenção, ela ficou abaixo da nacional, isto é, fixou-se nos 38,95%.

Por: MB

 

 

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