SECÇÃO: Crónicas

Do Mar Andaluz à Serra de Santa Justa

Março… Março era o mês ideal. Analisaram se as temperaturas e a pluviosidade de anos anteriores, e concluiu se que era a época mais indicada – nem frio, nem calor. A 4 de março eu estava em Cádiz, numa terça feira de Carnaval. A cidade velha, erguida numa península, é muito bonita. O seu porto acolhia vários paquetes e turistas – e eu fazia parte deles. Estava ali por um único propósito: percorrer a Via Augusta até Sevilha e depois seguir a Via da Plata até Santiago de Compostela.

Na manhã de dia 5 parti, deixando a cidade para sempre. O caminho, junto à orla marítima, era plano e o céu mantinha-se nublado. De repente, cruzou-se comigo um regimento de infantaria em treino de marcha militar: trocámos sorrisos, cumprimentos e incentivos de “força, tu consegues!”. Minutos depois, contudo, tudo mudou. São Pedro resolveu abrir as torneiras, o trilho enlameou-se, o corpo encharcou se e os tombos multiplicaram-se – as sapatilhas perderam tração. Ao chegar a cada hotel ou hostel – já que albergues não havia – avisavam-me: “Não entres, não entres, estás todo enlameado!”. Ofereciam-me sacos de plástico para proteger as pernas. A chuva não deu tréguas e a lama só me largou em Sevilha. Nessa bela cidade, decidi adiar a peregrinação e regressei a casa. O sedentarismo voltou a instalar-se.

Numa esplanada, o vento trouxe me a referência “Cuca Macuca”. Descobri que ficava ali mesmo, no nosso concelho. Trata-se de uma escadaria que sobe desde o sopé da Serra de Santa Justa até ao cume, num percurso de 2 km. Os passadiços levam-nos de

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Por: Manuel Fernandes