Procissões Marianas unem Ermesinde em torno da fé
Ao início da noite de 12 de maio, Ermesinde viveu um dos momentos mais intensos e simbólicos do seu calendário religioso com a realização das tradicionais procissões marianas, que partiram de diversos pontos da cidade e convergiram todas em direção à Igreja Matriz, num ambiente de vigília marcado pela luz das velas e pela oração comunitária.
As imagens de Nossa Senhora de Fátima saíram de locais emblemáticos como Bela, Montes da Costa, Bom Pastor, Saibreiras, Gandra, Sampaio, Formiga (Santa Rita) e Sonhos. Cada procissão percorreu dezenas de ruas, acompanhada por centenas de crentes que, com velas acesas, rezaram o terço e entoaram cânticos marianos, testemunhando a sua devoção ao longo do caminho. Alguns trajetos foram mais extensos, como os de Montes da Costa e Saibreiras, enquanto outros se desenvolveram por percursos mais diretos, como os de Formiga e Bom Pastor.
A fé, o espírito de comunidade e a tradição estiveram fortemente presentes, culminando numa expressiva concentração de milhares de fiéis no Largo da Igreja Matriz, onde, envoltos num mar de luz, oração e emoção, se celebrou a chegada das imagens e o momento solene de consagração.
Maria, sinal de paz e esperança num mundo em conflito
A cerimónia de consagração da cidade de Ermesinde a Nossa Senhora de Fátima reuniu numerosas figuras religiosas e civis. Estiveram presentes o pároco, Padre Domingos Areais, o Padre João, da Consolata, todos os diáconos da paróquia, o coro alargado da Igreja Matriz, o vice-presidente da Câmara Municipal de Valongo, Paulo Ferreira, e, entre outros, o presidente da Junta de Freguesia de Ermesinde, Miguel de Oliveira.
Inspirando-se no cântico do Magnificat – “Todas as gerações me chamarão feliz, porque o Todo-Poderoso fez em mim maravilhas” – o Padre Domingos Areais evocou o papel de Maria como figura central da fé e da esperança cristã. Após uma breve contextualização das Aparições de Fátima em 1917, o sacerdote sublinhou como Maria, descendente de Abraão na fé, se tornou Mãe do Filho de Deus e, por isso, Mãe dos crentes e primeira discípula de Jesus.
Lembrando a sua presença espiritual não só em Fátima, mas nos quatro cantos do mundo, o celebrante destacou a veneração de Maria como Mãe da Paz em contextos culturais e religiosos tão diversos como a Turquia, Vietname, Paquistão e Japão. Sobre este último, afirmou: «Maria é invocada com o título de Senhora de Fátima (em japonês: FatimanoMariaSama), Rainha da Paz; recordo, por exemplo em Osaka, no Japão, onde fui missionário, era o título com que era invocada, na gruta à entrada da Catedral. Mais ainda: em qualquer parte do mundo, Maria é invocada como Mãe de Deus e nossa mãe».
A mensagem central da cerimónia foi um apelo vibrante à Paz e à renovação da Fé em Cristo ressuscitado, em clara oposição à violência e à corrida aos armamentos que continuam a marcar a atualidade. Numa referência à mensagem inaugural do Papa Leão XIV – “A Paz esteja convosco!”, dirigida “a todos os povos, a toda a terra” – reafirmou-se a urgência de proclamar com coragem, como Maria, a necessidade de paz num mundo que parece ter esquecido o preço das guerras do passado.
Em pleno Ano Jubilar de 2025, os participantes fizeram eco do grito de esperança e compromisso: “Nunca mais a guerra!”, confiando à proteção maternal de Maria, Mãe do Príncipe da Paz, o futuro da humanidade. A cerimónia encerrou-se com este apelo à reconciliação e à fé, numa atmosfera de comunhão, oração e luz.
Por:
Manuel Augusto Dias
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