ASSEMBLEIA GERAL DA ASSOCIAÇÃO HUMANITÁRIA DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE ERMESINDE
É o Estado que subsidia os bombeiros, ou são estes que subsidiam o Estado?
 |
Fotos MIGUEL BARROS |
A pergunta que serve de título a esta peça esteve em cima da mesa no decorrer da última Assembleia Geral (AG) da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Ermesinde (AHBVE), realizada no dia 15 de março. Questão que foi levantada pelo presidente da direção da associação, Arnaldo Soares, no sentido de desmistificar através dos números e/ou contas a ideia que muita gente no exterior tem de que os bombeiros vivem de subsídios do Estado. Mas já lá vamos à resposta a esta pergunta que surgiu no ponto alusivo à discussão e votação do Relatório e Contas da Direção e Parecer do Conselho Fiscal (CF) referente ao ano de 2024. Ponto este onde há boas notícias para os nossos bombeiros, já que pelo segundo ano consecutivo o exercício terminou com resultados líquidos positivos. Ou seja, de acordo com a explicação do presidente do CF, Carlos Oliveira, os resultados apurados no exercício do ano passado triplicaram face a 2023, sendo que em números precisos passaram de 17.296,43 euros para 58.335,99 euros. «Isto reflete a continuidade de resultados positivos que não existiam nos últimos 20 anos», sublinharia Carlos Oliveira, que na sua intervenção disse que face a esta sequência de resultados positivos o CF acredita que os próximos anos irão seguir a linha destes últimos, o que a ser irá permitir não só que a AHBVE honre os compromissos feitos no passado no que concerne a financiamentos, mas também vai possibilitar à associação investir quer em equipamentos quer nos seus bombeiros. «As contas devem ser aprovadas e devemos dar o mérito a quem as conseguiu, porque os resultados satisfazem. Esperamos que se mantenham, e desde já lançamos o desafio ao presidente da direção a dar continuidade a isto», disse ainda o presidente do CF.
 |
Antes desta intervenção, usou da palavra o recém-empossado presidente da direção da AHBVE, Arnaldo Soares, para também ele enaltecer os resultados positivos obtidos no exercício anterior. «O mérito destas contas muito positivas para a associação é da direção anterior. Se há que atribuir mérito é ao Jorge Videira e à sua equipa. Por isso, dou os parabéns pelo excelente trabalho que o Jorge Videira e a todos os que com ele estiveram na direção fizeram em conjunto com o comando e com todos os bombeiros», começou por sublinhar Arnaldo Soares. Mais adiante, e pegando nos números expressos no relatório que ali era apresentado aos associados, disse que as contas ali expressas não refletiam o que era aquela «casa» e como tal não estava de acordo com elas. E seguidamente passou a explicar. A AHBVE recebe do Estado cerca de 1 milhão de euros/ano, valor que é contabilizado neste relatório como subsídios e apoios estatais, mas… «vamos refletir em conjunto para efetivamente percebermos se estamos dependentes de subsídios, ou se estamos a subsidiar. Porque, às tantas em vez de estarmos dependentes de subsídios do Estado estamos é a subsidiar o Estado». E de seguida apresentou alguns números e dados que sustentaram a sua visão. Do INEM, por exemplo, referiu que a associação recebe pelo serviço prestado cerca de 400.000 euros/ano em subsídios, mas… quem compra as ambulâncias que têm de prestar o serviço de emergência médica hospitalar é a AHBVE – sendo que neste ponto em particular o dirigente da associação sublinharia que no ano transato os bombeiros realizaram 7382 serviços de emergências médicas hospitalares, mais de 600 por mês –, quem paga o combustível dessas ambulâncias é a AHBVE, quem paga ao pessoal é a AHBVE, quem repara as ambulâncias é a AHBVE, quem compra o material pré-hospitalar é a AHBVE. «Acham que se o Ministério da Saúde tivesse de ter recursos próprios para fazer estas emergências gastava só 400.000 euros? Quanto é que o Estado não gastaria para fazer estas 7382 emergências? Então, é o INEM que nos está a subsidiar ou somos nós que estamos a fazer um trabalho barato para o INEM?», questionou o presidente da direção. O mesmo se passa, nas suas palavras, com a Autoridade Nacional de Proteção civil, de quem os bombeiros ermesindenses recebem um subsídio anual na ordem dos 300.000 euros para prestar socorro, essencialmente no combate a incêndios. Arnaldo Soares utilizou os mesmos argumentos prestados no caso do INEM, ou seja, os vários custos que são pagos do bolso da AHBVE para prestar este serviço. «Será que se o Estado tivesse elementos próprios gastava só 300.000 euros em todo este socorro no combate essencialmente a incêndios, a acidentes, ou a atropelamentos? Será que também aqui nos estão a subsidiar, ou somos nós que estamos a subsidiar a Proteção Civil?», voltou a perguntar o dirigente.
 |
E nem a Câmara de Valongo ficou de fora desta análise, digamos, de Arnaldo Soares. Autarquia que também atribui um subsídio anual aos bombeiros na ordem dos 300.000 euros. Ressalvando neste aspeto que a câmara teve uma evolução tremenda no que ao apoio aos bombeiros concerne, e como tal a AHBVE está imensamente grata por isso, porque aquilo que recebia antes era muito menor do que o valor atual, Arnaldo Soares questionaria, no entanto, se a câmara tivesse de criar uma estrutura municipal para realizar as funções que competem aos bombeiros se só gastaria cerca de 300.000 euros com a corporação de Ermesinde e outro tanto com a de Valongo. «Com certeza que gastaria uns 4 ou 5 milhões. Então, nós estamos a ser subsidiados pela câmara ou estamos a subsidiar a câmara? Gostava que refletissem sobre isto porque eu estou farto de ouvir dizer que esta instituição vive de subsídios. Eu acho que nós estamos é a subsidiar», voltou a sublinhar o presidente da AHBVE antes de dar mais alguns números – estes no que diz respeito às horas gratuitas que os bombeiros dão à sociedade – que atestam esta sua ideia. «Se dizem que temos de ser tratados como uma empresa, muito bem, vamos então ver porque é que esta “empresa” ainda não foi à falência. Isto porque os serviços que nós prestamos não são pagos, não tenham dúvidas disso, porque se qualquer organismo público, quer o Ministério da Saúde, quer a Autoridade Nacional de Proteção Civil, quer o município prestassem este serviço gastavam milhões. Então se esta “empresa” ainda não foi à falência há de haver uma razão. E é simples, porque
(...)
leia este artigo na íntegra na edição impressa.
Nota: Desde há algum tempo que o jornal "A Voz de Ermesinde" permite aos seus leitores a opção pela edição digital do jornal. Trata-se de uma opção bastante mais acessível, 6,50 euros por ano, o que dá direito a receber, pontualmente, via e-mail a edição completa (igual à edição impressa, página a página, e diferente do jornal online) em formato PDF. Se esta for a sua escolha, efetue o pagamento (de acordo com as mesmas orientações existentes na assinatura do jornal impresso) e envie para o nosso endereço eletrónico ([email protected]) o nome, o NIF e o seu endereço eletrónico para lhe serem enviadas ao longo do ano, por e-mail, as 12 edições do jornal em PDF.
Mas se preferir a edição em papel receba comodamente o Jornal em sua casa pelo período de 1 ano (12 números) pela quantia de 13,00 euros.
Em ambos os casos o NIB para a transferência é o seguinte: 0036 0090 99100069476 62
Posteriormente deverá enviar para o nosso endereço eletrónico ([email protected]) o comprovativo de pagamento, o seu nome, a sua morada e o NIF.
Por:
Miguel Barros
|