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    Arquivo: Edição de 30-04-2022

    SECÇÃO: Destaque


    COMEMORAÇÕES DO 48.º ANIVERSÁRIO DO 25 DE ABRIL

    Intervenção do Chega*

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    Permitam-me que dirija as minhas primeiras palavras ao senhor presidente da Assembleia de Freguesia de Ermesinde.

    V. Exa. permitiu-me estar aqui em representação do partido Chega, apesar de eu não ser membro eleito, nem candidato a esta Assembleia. E fê-lo em ordem ao cumprimento de uma exceção que já se terá verificado no passado, em relação a outras pessoas e forças partidárias. Ao tratar de forma igual, situações iguais, demonstrou v. Exa. uma cultura democrática que deveria ser seguida por muitos órgãos políticos nacionais, sem ditaduras ideológicas ou imposição de um pensamento único, tão frequentes na nossa política nacional e que tem envergonhado instituições que deveriam ser o garante da liberdade e da democracia que Abril sonhou. Devo dizer, em nome da verdade, que o Chega tem encontrado no exercício dos cargos autárquicos, uma postura democrática e de respeito exemplares dignas de Abril. Por isso, muito obrigado senhor presidente.

    Exmos. Senhores:

    Até Abril de 1974 dominava em Portugal um regime que limitava o exercício de elementares liberdades, impunha o princípio do partido único e perseguia quem o desafiasse.

    Inicialmente assente no objetivo de lutar contra uma ideologia responsável pelas maiores atrocidades a que o Mundo assistiu e genocídios brutais, rapidamente se transformou ele próprio num regime autoritário inaceitável e que urgia pôr fim.

    O golpe militar de 25 de Abril, cumpriu de forma exemplar o seu objetivo de depor o regime autoritário, para além disso prometeu-nos um futuro de liberdade e Democracia, mas também de crescimento e desenvolvimento económico e social, capaz de contrariar a permanente tendência para nos situarmos nos últimos lugares da Europa.

    Sobretudo após o 25 de novembro de 1975, em que foram controlados os desvarios ideológicos que nos conduziriam a uma velha fórmula de autoritarismo, os portugueses ganharam a esperança de poder viver num pais de verdadeira Democracia, onde, como a própria palavra indica, o povo manda.

    Em vez disso, a grande instituição política nunca soube interpretar o sentimento dos cidadãos e limitou-se a seguir, cega e surda, a sua própria agenda, pincelada aqui e ali por uma certa auto-proclamada elite, assente na retórica e numa suposta superioridade moral que, estranhamente, nos habituamos a ignorar e passivamente aceitamos.

    Infelizmente, a nossa passividade para com aqueles que se julgam donos da Democracia e dela falam como se lhes pertencesse, conduziu Portugal, ao longo dos últimos 48 anos, a casos diários de corrupção , clientelismo, despesismo, falta de oportunidades para os jovens que chegam ao mercado de trabalho e sobretudo a uma gritante ausência de valores.

    Conceitos como portugalidade e amor á pátria foram completamente esbatidos.

    Instituições ancestrais, como a família, muito anteriores ao próprio conceito de estado, cidade ou mesmo tribo, sofreram ataques que estrategicamente pretenderam desestruturar a sociedade, levando-a ao caos. Esse caos que anseia pelo dominador político que tudo por nós pensa e tudo determina, e em relação ao qual, portanto, deveremos permanecer vigilantes.

    Exmos. senhores: é preciso reconhecer as falhas do sistema que criamos e trabalhar para a construção de um novo paradigma político, que aproxime as instituições dos cidadãos, não apenas de forma física ou eletrónica, mas sobretudo nos valores que deverão partilhar: a seriedade, o rigor, a competência, o mérito e a responsabilidade.

    O que afasta os cidadãos da política e conduz aos níveis de abstenção que nos deveriam envergonhar, pensemos nisto, é sobretudo o facto de não partilharem os mesmos valores. Sem isto, dificilmente poderemos dizer que se cumpriu Abril.

    Obrigado.

    *Intervenção realizada por Rui Marques da Silva.

     

     

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