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    Arquivo: Edição de 30-06-2021

    SECÇÃO: Crónicas


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    EU SOU O MAR! O MAR SOU EU!

    “Vontades! Quem as não tem?”

    O inverno foi rigoroso. A paragem quase forçada da atividade física leva-me a ter mais atividade intelectual.

    A leitura é constante. Há que manter os neurónios despertos. Há livros com jogos de palavras. Mas criei o meu. Vamos ver se me saio bem. Recorto vinte e seis papéis e em cada um escrevo uma vogal ou consoante, do nosso alfabeto. Retiro um papel por cada dia da semana, tento fazer uma palavra e depois falar dela.

    Comecemos então. O que tenho? Três vogais e quatro consoantes: O, o, a, e, E, o, n, d, t, v. Dá a palavra “Vontade”. Substantivo feminino. Ato de nos sentirmos impelidos a algo, desejo.

    Já estais com “vontade” de me mandarem à... . Pois!.

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    Palavra aborrecida. Todos um dia pensamos: “Tenho vontade de mandar tudo isto às malvas”. Palavra política. É uma que se enquadra no “Nim”. Nem é sim, nem não. O pensamento é precedente ao verbo. Falta-lhe o verbo antes ou depois, para lhe dar carácter, força e poder. Raro, mas não impossível, é ter uma vontade que encontre outra vontade com o mesmo querer. O mais provável é encontrar uma que anule a minha vontade. Até preferimos só ter vontade. Ou negamos à vontade de ser vontade para nos enganarmos a nós próprios. Se tenho vontade de mandar tudo às malvas, porque não mando? Por cobardia? Ou a vontade de ir para o desconhecido é inibidora. Se quando contemplamos o mar e temos vontade de o percorrer para além do infinito, porque continuamos sentados na praia? Não sabemos nadar? Não temos um barco? Tiremos então o curso de marinheiro e podemos partir em qualquer navio. Vontade de ir ali ou acolá? Porque não? Não temos carro, não temos disponibilidade financeira para ir de comboio ou de avião. Fazemos então a mochila e vamos a pé. A comida? Tanto comes aqui quieto como no ir. Pois ficamos só com a louca vontade de... Conheço alguém que não tem vontade. À minha pergunta de: - Não tem vontade de mudar de vida? Responde-me: Dr. o que é isso de vontade? Só sinto fome, quando tenho a comida à minha frente. Sem a ver, não tenho fome. Não me serve de nada tê-la se nada tiver para mastigar. Invariavelmente saímos os dois de prédios diferentes à mesma hora. Tem o ritual de inserir os dedos por entre a cabeleira desalinhada para a descompor ainda mais. Acompanho-o num pequeno percurso. Em sentido inverso vem uma mulher a dar um ralhete ao seu petiz. Ao cruzarem-se ele ajoelha-se e diz: Bom dia à bela das mais belas. A mulher pára. Surpresa. Olha para ele. Ele abre os braços e mimifica um abraço do tamanho do mundo e desata a correr estrada fora. Ela segue com o petiz, já sem o semblante carregado, mas deixa transparecer a emoção daquele carinho dado por um desconhecido através de um luminoso sorriso estampado no rosto. Mas alguém estando à janela lhe diz: - Não ligue minha senhora, ele é tolo mas não faz mal a ninguém. Será tolo?? Ou teve vontade de alegrar aquele coração? Lembro-me de um professor de história que nos perguntou certo dia: - Vocês acham que todos os marinheiros tinham vontade de ir nas caravelas? Ou a vontade deles lhes foi dada e manipulada pela vontade dos capitães? Na viagem de circum-navegação de Fernão de Magalhães entre capitães e marinheiros seguiram 265 homens. Todos teriam a mesma vontade? Ou a vontade de uns foi incutida para ser a vontade de todos? E se soubessem que só sobreviveriam 18, teriam sequer até vontade de partir? Se eu tenho vontade? Claro que sim. Vontade de ir por aí fora. Libertar o espírito e cansar o corpo. Mas terei alguém com a mesma vontade? Tenho vontade de dar-lhe a mão, de ceder o meu ombro para ela repousar, ou até o meu corpo para ela se deitar. Mas se ela não tiver vontade quando eu a tenho? Ou quando estou a dar anuência à minha vontade de andar por aí e ela tiver vontade nessas alturas de me acariciar e de me querer ao seu lado? Vontades! Quem as não tem? Por mais estranhas que sejam.

    (...)

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    Por: Manuel Fernandes

     

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