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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 30-04-2021

    SECÇÃO: História


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    MEMÓRIAS DA NOSSA GENTE (22)

    As Vassouras e a Limpeza

    Já vimos, na edição anterior, diversos tipos de vassouras que eram usadas nos vários espaços da casa agrícola. Hoje, a concluirmos esta série de artigos, vamos falar de diferentes vassouras que eram usadas numa das divisões mais importantes da casa agrícola – a cozinha.

    Vassouras de Cozinha

    Antes de falarmos das vassouras e até de outros aspectos que lhe estão ligados vamos, embora sumariamente, descrever alguns dos mais vulgares tipos de cozinha e do seu funcionamento, para melhor percebermos o trabalho e as necessidades da lavradeira, de tempos idos.

    As cozinhas das casas agrícolas começaram por ser em terra batida, mais tarde aparece um chão em tijolo, coberto por uma fina camada de saibro, acabando, finalmente, por serem cimentadas. Por natureza, eram zonas sujeitas a todo o tipo de sujidades, pois aí tinham entrada os criados e, na maioria das vezes, elas comunicavam directamente com o quinteiro. Estas divisões eram grandes e aí se situava, numa das paredes, ao centro, a chamada pedra do lar , onde ardia a lareira, com um pequeno entablamento cravado na parede, «pedra detrás do lume(3)» , onde se dispunham alguns objectos, como as candeias. Ao lado, o forno, e sobre este conjunto, a grande boca da chaminé, com uma grande prateleira à volta, onde se colocavam os utensílios de cozinha, de ferro ou cobre.

    COZINHA ANTIGA DE LAVOURA QUE MANTÉM ALGUMAS DAS CARACTERÍSTICAS INICIAIS
    COZINHA ANTIGA DE LAVOURA QUE MANTÉM ALGUMAS DAS CARACTERÍSTICAS INICIAIS
    Este suporte que abraçava toda a chaminé, por fora, tinha de largura não mais que trinta centímetros e era feito ou forrado a madeira, com um pequeno rebordo, decorado pela dona da casa, com uma espécie de folha de papel, cortada em bico. A grande mesa que, geralmente, servia para as refeições e, simultaneamente, funcionava como masseira para a cozedura do pão, tinha perto o prateleiro grande, com divisões preparadas para os pratos, infusas, malgas e onde se colocavam as facas, colheres e garfos(4). Os rebordos destas separatórias, à semelhança da chaminé, também eram forrados a papel cortado em bico.

    Nas grandes casas de lavoura, a loja, onde estavam as pipas e a salgadeira e até as caixas do milho, comunicava por uma pequena porta com esta larga divisão. Na outra parede, geralmente perto da porta, via-se a banca côncava em lousa grossa, ou simplesmente a pedra – lousa, sem qualquer tratamento, ou a banca em mármore. Na cozinha aparece também um típico e pequeno fogão revestido a madeira, mas de barro por dentro, alguns com forno, geralmente pousado em duas pedras ou numa estrutura de tijolos, denominado simplesmente «forno da sarrisca», ou «fogão do domingo».

    Estas designações estão ligadas, no primeiro caso, ao combustível utilizado, que era a «sarrisca» feita em casa(5) e na segunda pelo facto de só funcionar ao domingo, ou em ocasiões especiais, quando se fazia «comida melhorada»(6). Num dos seus cantos denominado «alhal», onde se guardava alguma lenha e caruma, sobretudo restos das podas da vinha, pois o grosso destes materiais, ou estavam nas lojas ou em arrecadação própria.

    (...)

    leia este artigo na íntegra na edição impressa.

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    1Este artigo (texto e foto) baseia-se na publicação do autor, “Ermesinde: Memórias da Nossa Gente”. O autor não segue o atual Acordo Ortográfico.

    2A pedra do lar era o centro de toda a cozinha. Aí se colocavam as trempes de ferro, com quatro, ou três pernas, que serviam de suporte a tachos e panelas. Os tijolos que, aí existiam, serviam de encosto aos potes de barro, onde se fervia a água, se fazia chá ou café.

    3A esta «pedra detrás do lume», sobre o lar também se chamou poial, termo que, há muito, caiu em desuso, entre nós.

    4Os talheres usados na cozinha eram em ferro e a sua limpeza era feita com água e cinza. Mais tarde o ferro foi substituído pelo alumínio.

    5Sarrisca era o nome que se dava em Ermesinde a uma espécie de bolo, feito manualmente, com pó de carvão e água que, posteriormente, secava nas eiras.

    6Na maior parte das nossas casas agrícolas a alimentação, à semana, era baseada na carne de porco e na sardinha de barrica. O «sardinheiro», uma figura que nos aparece mais tarde, traz o chicharro, a bica, o biqueirão e a sardinha fresca. Ao sábado, por vezes, apareciam as «carniceiras» com a carne de vaca, ou vitela, para a ementa de domingo.

    Por: Jacinto Soares

     

     

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