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Edição de 29-02-2024
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    Arquivo: Edição de 28-02-2021

    SECÇÃO: História


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    MEMÓRIAS DA NOSSA GENTE (20)

    Os materiais e a variedade de apetrechos

    Continuando a recordar uma ou outra passagem de “Memórias da Nossa Gente”, e depois de uma abordagem às artes e ofícios tradicionais, que tinham expressão em Ermesinde de outros tempos, comecei por falar nos jugos e cangas que adornavam as juntas de bois. Hoje vou tratar dos materiais em que eram feitos e da variedade de apetrechos.

    Vários são os modelos e as variedades existentes no nosso país, no que concerne aos jugos e cangas, já para não falarmos da decoração e dos motivos característicos de cada região.

    UM BONITO E BEM ADORNADO JUGO DE FESTA
    UM BONITO E BEM ADORNADO JUGO DE FESTA
    Neste capítulo vamos ater-nos, somente, aos principais tipos de artefactos de madeira que eram usados na atrelagem do gado, dos fins a que se destinavam e da sua construção, tendo sempre por horizonte a zona em que nos inserimos. Assim, e no que concerne aos jugos, podemos distinguir, no caso da junta, os seguintes tipos: o jugo grande, de forma rectangular, decorado por pequenos penachos de pêlos, «do cavalo tirados do rabo, ou das crinas»; o jugo pequeno, também rectangular, com decoração pobre, praticamente só com os buracos para a entrada das brochas e peaças(2), andando por metade a sua altura em relação ao primeiro(3).

    Nos jugos e cangas estava preso o temoeiro, em couro grosso, onde pousava e prendia a cabeçalha do carro, através da chavelha(4). As brochas que saíam de um e do outro lado do jugo, no caso das juntas, depois de passarem pelo cachaço do animal, prendiam numa peça de madeira em forma de gancho, que é conhecida, aqui, por canzil. A soga(5) era a tira de couro que, presa aos chifres dos animais, permitia à pessoa que ia à frente conduzir os dois animais.

    UM CONJUNTO DE JUGOS DE TRABALHO, ONDE A SIMPLICIDADE IMPERA
    UM CONJUNTO DE JUGOS DE TRABALHO, ONDE A SIMPLICIDADE IMPERA
    Para tracção, com apenas um animal isolado, usava-se ou uma pequena canga, de forma rectangular que, por sua vez, prendia numa simples peça em madeira inteiriça que envolvia o cachaço do animal e que aqui se chamava genericamente coleira. Este tipo de atrelagem destinava-se sobretudo a trabalhos leves, como por exemplo, para puxar um pequeno semeador, destinado a um só rego, como os que se usam para meter à terra o feijão, o sachador, etc.

    Antes de falarmos dos materiais utilizados na construção destas peças de madeira, convém dizer que havia uma relação de conveniência entre o tipo de jugo usado, o carro e mesmo alguns apetrechos.

    Assim, o jugo grande e bonito, também chamado de festa, não se usava, praticamente, nos trabalhos do campo e era reservado mais para as saídas às terras vizinhas, às feiras e até cortejos. O carro de madeira que com ele combinava era o carro com rodas de raios, com «tramelas»(6) que trabalhavam em ferro e daí o som metálico característico desta peça dentada. O eixo em ferro era fixo. Além do tipo de rodas, diferente dos carros vulgares, era construído com mais perfeição e tinha, para melhor segurança, ferragens. A «chavelha» usada era, em ferro, com um tipo de desenho mais funcional e no extremo tinha um pequeno aro de adorno que, com os solavancos, também tilintava. O travão de mão, com um dispositivo em madeira que actuava sobre o aro de ferro, pressionado por uma manivela, era outro requisito importante.

    (...)

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    (continua)

    1 Este artigo (texto e fotos) baseia-se na publicação do autor, “Ermesinde: Memórias da Nossa Gente”. O autor não segue o atual Acordo Ortográfico.

    2 Peaças - correia de couro que liga os chifres dos bois, ao jugo.

    3 Em muitas zonas, a estes jugos mais pequenos chamam-se simplesmente cangalhas. Em Viana do Castelo, ainda se estabelece diferença entre cangas e cangalhos, sendo estes últimos mais baixos, com decoração diferente.

    4 Chavelha – peça de madeira, ou ferro que liga, através da temoeira, o jugo à cabeçalha do carro.

    5 Era vulgar ver-se a «chamar os bois», como se dizia, jovens que, orgulhosamente, viam nisso uma afirmação, como adultos. O autor deste trabalho passou, enquanto jovem, por essa experiência.

    6 Tramela, ou taramela é o nome dado à peça a funcionar, numa roda dentada, aplicada no eixo do carro de bois e que tem por fim evitar, que o carro recue, pois elas só deslizam para a frente e bloqueiam a roda, quando ela faz o sentido inverso.

    Por: Jacinto Soares

     

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