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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 28-02-2021

    SECÇÃO: Local


    O Centro Social de Ermesinde já vai no 66.º ano de existência

    O Centro Social de Ermesinde foi fundado a 15 de fevereiro de 1955 e desempenha um importante papel de apoio social junto das populações carenciadas da freguesia. Alguns dos seus fundadores saíram da antiga “Conferência Masculina de São Lourenço de Ermesinde”. No mesmo ano, como damos conta noutra notícia, nesta mesma edição, surgiu também a atual Conferência de S. Vicente de Paulo, com fins igualmente altruístas.

    O Centro Social de Ermesinde, de cariz eminentemente social, dedica-se à prestação de serviços à comunidade, em áreas tão importantes e sensíveis como a guarda, educação e ocupação dos tempos livres de crianças (creche, jardim de infância e A.T.L.); o apoio domiciliário e residencial a idosos e a promoção social, cultural e económica de pessoas em situação de exclusão, concorrendo, assim, para a melhoria da qualidade da vida da comunidade local.

    Procurando sempre acompanhar as necessidades das populações locais, em particular das mais desfavorecidas, o Centro Social de Ermesinde é a única instituição da freguesia que abrange, simultânea e diretamente, todos os grupos etários, num universo de mais de 500 pessoas.

    O Centro Social de Ermesinde tem, atualmente, ao seu serviço mais de uma centena de trabalhadores e dispõe de cerca de mil sócios contribuintes.

    RECRODANDO A SUA FUNDAÇÃO E OS SEUS PRINCIPAIS FUNDADORES

    Na década de 1940, viviam-se os tempos difíceis da 2.ª Guerra Mundial. Para apoiar os mais desfavorecidos surgiram instituições públicas e privadas como a Casa do Povo e a Conferência de S. Vicente de Paulo.

    Nos finais dessa década, um punhado de boas vontades individuais da sociedade civil, fundou a Obra, notável pelos seus fins altruístas, que se chamou “Sopa dos Pobres”.

    Mesmo não tendo instalações próprias, a “Sopa dos Pobres de Ermesinde” começou a trabalhar intensamente ao serviço dos pobres, conforme se comprova nos jornais e nas atas da instituição.

    A “Sopa dos Pobres de Ermesinde”, antepassada do Centro de Assistência Social de Ermesinde (mais tarde só Centro Social de Ermesinde), nascia no dia 3 de outubro de 1949 (quase a fazer 72 anos), por vontade e iniciativa do Professor Sebastião Pereira. Acompanharam o Professor Sebastião Pereira, na fundação e direção da “Sopa dos Pobres de Ermesinde”, António Moreira da Silva, António Ferreira do Vale, José Ferreira do Vale e Joaquim Seabra. Curiosamente, todos eles serviriam a instituição que fundaram, como seus Presidentes de Direção.

    A “Sopa dos Pobres de Ermesinde” ficaria legalizada meia dúzia de anos mais tarde, por Despacho Ministerial, datado de 15 de fevereiro de 1955. Mas o nome manteve-se o mesmo – “Sopa dos Pobres de Ermesinde”, até à década de 1960. Nessa altura, a “Sopa dos Pobres de Ermesinde” mudou a sua denominação, passando a designar-se “Centro de Assistência Social de Ermesinde”.

    Terminamos este curto registo sobre o aniversário do Centro Social de Ermesinde relembrando, numa breve síntese biográfica, os cinco nomes que acima evocámos.

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    SEBASTIÃO PEREIRA

    O Professor Sebastião Pereira foi uma das figuras de maior relevo e bondade, que consagrou toda a sua vida à prática do apostolado e do bem – sem dúvida, um Homem de grande dimensão humana.

    Na 1.ª página do 1.º número (janeiro de 1958) da “Sopa dos Pobres de Ermesinde”, o editor, António Reis Júnior, recorda, assim, o fundador desta Obra, Professor Sebastião Pereira que, ao tempo, já contava mais de 80 anos:

    «(…) Simples, de uma simplicidade que nos toca profundamente, passa os tempos repartindo pelos desprotegidos os tesouros da sua bondade e das suas virtudes, amparando o pobre, aconselhando o rico, a todos dirigindo palavras de fé – que são incentivo para os trabalhos e canseiras da vida».

    O Professor Sebastião Pereira foi Secretário da Junta da Freguesia de Ermesinde em quase toda a década de 1930, e foi o correspondente em Ermesinde do prestigiado diário portuense “O Comércio do Porto”.

    Faleceu no dia 6 de novembro de 1962, com a idade de 85 anos, tendo sido agraciado, no tempo em que desenvolvia ainda a sua atividade profissional, com o grau de Cavaleiro da Ordem de Instrução Pública.

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    ANTÓNIO MOREIRA DA SILVA

    Nascido em Ermesinde, a 2 de abril de 1918, António Moreira da Silva foi um dos homens mais corajosos e dinâmicos que se devotou, empenhadamente, aos problemas de Ermesinde, especialmente no campo social e da assistência.

    Conhecido como “António Sacristão” calcorreava as ruas de Ermesinde, de dia ou de noite, preocupado em minorar o mal de quem sofria ou para matar a fome daqueles a quem o pão escasseava.

    Foi fundador e diretor da “Sopa dos Pobres de Ermesinde”; Presidente da Casa do Povo de Ermesinde durante 21 anos; Chefe do Corpo Nacional de Escutas de Ermesinde durante 18 anos; várias vezes Presidente da Comissão de Festas ao Deus Menino e Festas de S. Lourenço, da Associação dos Sacristães da Diocese do Porto; e Fundador e Presidente da Juventude Operária Católica, em Ermesinde.

    António Moreira da Silva foi ainda um dinâmico dirigente no campo da cultura e do desporto. Fundou um Rancho Folclórico e empenhou-se na criação de um jornal que, além de propagandear a obra, pudesse também canalizar verbas para a “Sopa dos Pobres”. Foi este precisamente o 1.º título do seu jornal, que teve como Diretor, Manuel Ribeiro; mais tarde passaria a titular-se A Voz de Ermesinde. Faleceu aos 71 anos de idade.

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    ANTÓNIO FERREIRA DO VALE

    Homem íntegro, generoso, dedicado e bom são as palavras que melhor caracterizam as qualidades de António Ferreira do Vale.

    Pessoa humilde, de uma simplicidade cativante, era na verdade um cidadão prestável e dedicado, sobretudo à obra que ajudou a fundar, a “Sopa dos Pobres”.

    Trata-se de mais um filantropo, que conjuntamente com outros homens de boa vontade, foi um dos autores desta importantíssima obra social, como também esteve na fundação dos Bombeiros Voluntários de Ermesinde, que este ano vão completar o seu 1.º centenário.

    Disse alguém, com responsabilidades governativas, que a “proteção que Ermesinde dá aos seus pobres, ímpar no País, desvanece todos quantos a conhecem e que ficam maravilhados quando visitam o Centro de Assistência”.

    Para tal muito contribuiu o esforço e dedicação deste fundador e antigo Presidente da Direção da “Sopa dos Pobres de Ermesinde” que a morte ceifou, em julho de 1966.

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    JOSÉ FERREIRA DO VALE

    José Ferreira do Vale foi também um dos fundadores da “Sopa dos Pobres” empenhando-se em repetidos gestos filantrópicos de grande amizade e dedicação pelos mais deserdados da sorte.

    Também o jornal “Sopa dos Pobres”, órgão da instituição com o mesmo nome, conseguiu vingar, mercê da sua ação, pois muitas vezes, estando vazio o cofre da Instituição, era o generoso e incansável José Vale que adiantava do seu bolso, para pagar a fatura da tipografia.

    O seu amor e dedicação aos protegidos pela Obra era enorme e sempre que havia problemas lá estava o José Vale para procurar resolvê-los, perante os quais nunca mostrava cansaço nem má vontade.

    José Ferreira do Vale foi o último Presidente da Junta da Freguesia de Ermesinde, no período da Primeira República, sendo o seu elenco constituído ainda por António de Sousa Castro (Vice-Presidente), Henrique Moreira Bessa, Joaquim Correia de Oliveira e Delfim Pereira dos Santos.

    José Ferreira do Vale era, pode dizer-se, um homem de grande envergadura moral que se deve recordar, quanto mais não seja para servir de exemplo aos homens de hoje. Este bom ermesindense viria a falecer no dia 1 de maio de 1974.

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    JOAQUIM SEABRA

    Joaquim da Silva Seabra foi outro dos homens bons de Ermesinde que se entregou, afincadamente, à causa humanitária e assistencial, numa altura em que, aqui, havia muitos casos de extrema pobreza e de muito infortúnio.

    Estamos a recordá-lo, quando há várias dezenas de anos, na Creche do Centro, ao lado dos saudosos amigos António do Vale, Luís António, José Vale, juntamente com António Moreira da Silva, José Reis e Conceição Pereira, em certa noite de Natal, comovido, com os olhos marejados de lágrimas (de felicidade!) por ver que aos “seus” pobres, não faltava o bacalhauzinho e as batatas, além do calor humano e dos mimos que mãos generosas confecionaram para aquelas bocas famintas, protegidas pelo Centro.

    Já se tinha aposentado há anos, da Firma Araújo & Sobrinho, onde exerceu com brio e competência o cargo de Chefe da Tipografia, quando a morte o veio surpreender, no dia 13 de abril de 1978.

    Hoje os dirigentes são outros, a atividade do Centro Social é bastante mais vasta, mas a vontade de entrega ao próximo continua a fazer parte da forma de ser e de estar dos seus atuais dirigentes.

     

     

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