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    Arquivo: Edição de 31-03-2020

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    ENTREVISTA

    O impacto da Covid-19 nas empresas do concelho analisado pela Associação Industrial e Empresarial de Valongo

    Um pouco por todo o planeta a Covid-19 está já a causar efeitos alarmantes na economia, sendo natural que o nosso concelho não seja exceção.

    No sentido de conhecer a realidade (em termos económicos) do nosso concelho em consequência da pandemia, A Voz de Ermesinde esteve à conversa com a presidente da Direção da Associação Industrial e Empresarial do Concelho de Valongo (AIEV), Armanda Raposo, que abordou então os efeitos/danos que as empresas do concelho estão a ter/sentir face à Covid-19, bem como conhecer a posição/opinião da AIEV sobre outros aspetos desta crise.

    A Voz de Ermesinde (AVE): Face à situação pandémica de Covid-19 a economia internacional, nacional e certamente também a local está a sofrer um profundo abanão, no sentido mais negativo da palavra. O mesmo será dizer que a pandemia está a gerar uma crise económica sem precedentes num curto espaço de tempo. Que impacto é que esta crise já está a ter junto do tecido empresarial do nosso concelho, junto da economia local (?)

    Armanda Raposo (AR): O impacto é enorme em todo o país, o nosso concelho não é exceção. Fazendo um ponto da situação do que temos conhecimento podemos dizer que na área da indústria, a maioria das empresas está a funcionar com redução de horários e/ou de pessoal e com equipas administrativas em teletrabalho. No comércio e serviços, as empresas de comércio a retalho de bens ou fecharam portas, ou estão a optar pelo comércio eletrónico, mas com atividade reduzida. Nos serviços muitas optaram por atender por marcação, em regime de teletrabalho. Na Restauração/Panificação, a maioria está a trabalhar em take away. No entanto temos um elevado número de empresas que optou pelo lay off.

    AVE: Pela comunicação social vamos lendo e ouvindo relatos de muitas empresas que, face a crise que já está instalada como consequência da pandemia, ponderam seriamente encerrar portas no futuro imediato, outras tentam reduzir o número de trabalhadores. E, no nosso concelho, como está a situação de um modo geral? Há empresas que ponderam fechar, ou já fecharam...

    AR: Ainda é um pouco precoce fazer um ponto da situação, até porque os empresários ainda estão a tentar perceber a melhor forma de se encaixarem nas medidas lançadas pelo Governo. A procurar encontrar soluções e alternativas para conseguirem manter alguma atividade.

    Temos efetivamente algumas empresas que ponderam seriamente fechar, sobretudo porque não têm nenhuma medida de apoio adequada e o receio no futuro é enorme por causa do endividamento que esta situação inevitavelmente acarreta. Os mais afetados poderemos dizer que serão os da área do turismo e os pequenos comerciantes pois ficaram de fora destes apoios e a sua estrutura nem sequer lhes permite recorrer ao crédito na maior parte dos casos.

    AVE: A paragem de grande parte do país após a imposição de medidas rígidas de quarentena para travar a propagação do vírus está a provocar, como já vimos, um duro golpe em várias empresas e setores a nível mundial. O nosso concelho não é exceção. Isto está a ter igualmente como consequência o anúncio de cortes de postos de trabalho, antevendo-se uma nova e profunda crise ao nível do emprego (ou desemprego, neste caso), no futuro próximo. Naturalmente, que este cenário de desemprego ao fundo do túnel preocupa igualmente a AIEV…

    AR: Claro que nos preocupa e muito. Daí o grande esforço por acompanhar as empresas e tentar arranjar soluções para que não tenham de fechar portas nem despedir. Temos feito um trabalho de proximidade e articulação entre os nossos associados e empresas que nos têm procurado, seja para clarificar as medidas lançadas, seja para dar a conhecer as empresas que estão a produzir materiais essenciais para esta fase, nomeadamente o alimentar e a proteção. Continuamos empenhados nos nossos projetos AEP e IAPMEI, nas formações modulares e a nossa EPAT continua a ajudar, ainda que em teletrabalho, todos os que nos procuram.

    ARMANDA RAPOSO, A PRESIDENTE DA DIREÇÃO DA AIEV
    ARMANDA RAPOSO, A PRESIDENTE DA DIREÇÃO DA AIEV

    AVE: Há ideia de quantos postos de trabalho se poderão perder a nível do nosso concelho com esta crise?

    AR: Não temos dados que nos permitam aferir destes números para já. Como já referi os setores mais afetados são sobretudo o turismo, a restauração. E ainda o pequeno comércio que foi obrigado a fechar ao público e se viu sem apoio algum até ao momento.

    AVE: A AIEV já tem dados, números, que até à data atestem as consequências da Covid-19 na economia local, isto é, consequência da paragem de atividades em muitos setores, ou abrandamento de atividade noutros?

    AR: O que sabemos foi o que já referi, a maioria das indústrias estão a laborar ou menos horas ou com menos pessoas. Temos também algumas empresas em teletrabalho. Cerca de 50% optaram mesmo por lay-off. O comércio está a tentar fazer vendas on-line. Na restauração, a maior parte inicialmente fechou sendo que numa fase posterior optou por trabalhar em regime take away.

    AVE: Quando a crise pandémica teve início, o Governo lançou algumas medidas de apoio às empresas, que entretanto foi reforçando, para evitar catástrofes a curto/médio prazo. Na ótica da AIEV, as medidas que têm sido anunciadas pelo Estado são suficientes para evitar o cenário catastrófico que se augura em termos económicos?

    AR: As medidas anunciadas e ainda não operacionalizadas pelo Governo são insuficientes e as empresas continuam com as suas tesourarias cada vez mais depauperadas. Medidas como o lay-off ou moratória só vão criar endividamento. Cerca de 80% das empresas prevê uma faturação de zero nos próximos dois meses e muitas não sabem “quando e se vão abrir”. As medidas avançadas pelo Governo vão “custar caro no futuro”, na nossa opinião. Esta estratégia de endividamento agora para pagar mais tarde não vai salvar as empresas, muitas já estavam estranguladas. Faltam medidas que verdadeiramente ajudem os micro e pequenos empresários que ficaram de fora nas medidas lançadas e são uma percentagem elevada do nosso tecido empresarial. O Governo aprovou um apoio extraordinário para sócios-gerentes, em condições muito específicas, e que infelizmente não cobre a totalidade dos Sócios-Gerentes. Falta a implementação de um fundo de tesouraria para garantir a liquidez imediata das empresas. Pensamos que sem medidas de apoio a fundo perdido não vai ser possível evitar fechos e despedimentos, agora ou mais tarde.

    AVE: Segundo dados lançados no dia 4 de abril, há já 425.287 trabalhadores que foram enviados para casa pelas respetivas empresas ao abrigo do regime do lay-off simplificado, criado pelo Governo no âmbito das medidas para fazer face à situação de pandemia e de estado de emergência que o país atravessa. E no concelho de Valongo, a AIEV tem dados no âmbito deste regime que nos possa dizer/informar?

    AR: Cerca de 50% dos nossos associados ou já aderiu ou está a pensar aderir.

    AVE: Certamente que desde que a pandemia começou a provocar estragos no plano económico, que a AIEV tomou desde logo algumas medidas para apoiar as empresas suas associadas. Quer falar-nos um pouco disto, deste apoio, e que tipo de apoio têm ou estão a prestar?

    AR: A AIEV, desde a primeira hora que está a fazer contacto direto, por telefone, com os nossos associados, a deixar uma mensagem de apoio e a disponibilizar a nossa ajuda no esclarecimento das medidas que vão sendo avançadas pelo Governo. Temos associados na área do direito e da contabilidade a apoiarem-nos. Estamos a enviar informações e esclarecimentos diariamente para o email, no facebook e no site. Disponibilizamo-nos a colaborar com a Câmara Municipal e com as Juntas de Freguesia para apoiar as empresas. Estamos em articulação com outras Associações Empresariais a estudar alternativas e a enviar propostas para o Governo. Estamos a estudar formas de fazer formações on line e de criar uma plataforma onde todas as empresas possam divulgar os seus produtos e serviços nesta fase.

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    AVE: Como é que a economia local, o tecido empresarial local, mas também a nível global, poderá ultrapassar a tempestade global que se avizinha?

    AR: Tem de haver uma enorme cooperação entre todos, famílias, empresas, autarquias locais, governo, Europa. É um problema mundial e, portanto, todos têm uma palavra a dizer e uma ajuda a dar! Temos de mudar de paradigma, isso é certo. A palavra de ordem é cooperação!

    AVE: Por fim, que mensagem a AIEV gostaria de deixar aos seus associados nesta fase tão complicada em que vivemos?

    AR: Portugal está numa nova fase, com novas regras e grandes desafios, em que a nossa perseverança e resiliência é uma vez mais posta à prova. Nesta fase, que sabemos complicada para todos, sem exceção, apelamos à máxima cooperação, pois só assim seremos capazes de ultrapassar toda esta situação. Queremos que todos e cada um dos nossos associados saibam que a AIEV prestará todo o apoio possível mantendo-se ao seu lado em todos os momentos, mas muito especialmente nos momentos menos bons, como os tempos que vivemos e os que se avizinham. Queremos que saibam que tudo temos feito, e assim continuaremos, para que os negócios possam prosseguir e sobreviver. Estamos disponíveis para estar em permanente contacto e diálogo convosco, por forma a minorar o impacto negativo desta pandemia.

    Deixamos uma palavra de esperança e de melhoras a todos os que estão neste momento doentes. É em fases como esta que o associativismo e a união assumem uma importância ainda maior, porque só juntos poderemos vencer os inúmeros desafios com que nos deparamos e nos vamos deparar num futuro próximo. A “união faz a força” nunca fez tanto sentido como agora, por isso apelamos a todos os empresários que se unam à AIEV para termos mais força para lutar. Sabemos que nada será como dantes, exceto a nossa missão, que se manterá sempre na defesa dos direitos e interesses de quem representamos. Somos realistas, mas otimistas. Não só iremos resistir como iremos vencer, juntos!

    Alguns dados da AIEV:

    - Empresas associadas: Cerca de 200

    - Quais os setores de atividade mais representados na AEIV, isto é, qual os setor industrial predominante dos associados: Cerca de 30%, comércio e serviços, temos também indústria, construção, restauração e turismo.

     

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